segunda-feira, julho 19, 2021

Em depoimento, Ronnie Lessa disse que quebra-chamas importados de Hong Kong eram, na verdade, para armas de airsoft e paintball

Em depoimento à Polícia Federal em 27 de maio, durante a investigação sobre tráfico internacional de armas, o PM reformado Ronnie Lessa disse que os 16 quebra-chamas importados por ele de Hong Kong seriam para uso em armas de airsoft e paintball - jogos em que os participantes utilizam arma de pressão.


O laudo da perícia afirma, no entanto, que as peças construídas em liga de alumínio eram destinadas à utilização em fuzis Colt AR-15 ou similares.


Ronnie Lessa — Foto: Reprodução/JN


A explicação de que peças de armas apreendidas eram de airsoft já tinha sido dada por Lessa em outra ocasião - quando ele foi ouvido em 2019 pela polícia do Rio sobre peças de 117 fuzis encontradas na casa de um amigo do PM reformado.



No depoimento de maio de 2021, Lessa afirmou que acreditava que o perito que fez o laudo tenha se confundido, pois não há peritos específicos para analisar armas de airsoft ou paintball, apenas armas de fogo. Segundo o PM reformado, como as armas de airsoft e paintball atualmente são parecidas com armas reais, é possível que o perito tenha considerado que os quebra-chamas seriam para armas de fogo.


O policial reformado também alegou que importou o material para revender depois pela internet.


Elaine Lessa, mulher do PM reformado, também foi ouvida pela PF e disse que não sabia do que se tratava a encomenda vinda de Hong Kong.


A versão de Ronnie e Elaine Lessa não convenceu o Ministério Público Federal, que denunciou o casal à Justiça por tráfico internacional de armas de uso restrito, e também pediu a prisão preventiva dos dois.


Elaine foi presa pela PF na manhã deste domingo (18) em casa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, seis dias depois de ter deixado a cadeia, acusada por outro crime. Já Ronnie Lessa está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, sob a acusação de ter efetuado os disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.


No pedido de prisão preventiva feito à Justiça por tráfico internacional de armas, o Ministério Público Federal destacou que “os quebra-chamas ilegalmente importados pelos denunciados são acessórios tipicamente utilizados em confrontos armados ou emboscadas”.


Os procuradores explicaram que a finalidade dessa peça é “ocultar as chamas normalmente decorrentes de disparos de arma de fogo, de modo a não revelar a posição do atirador”.


O pedido de prisão diz ainda que “se pode deduzir que tais acessórios seriam empregados em confrontos armados entre organizações criminosas que assolam o Rio de Janeiro, ou na eliminação sumária e velada de inimigos e desafetos”.



A investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apurou que Ronnie e Elaine Lessa importaram, em 2017, 16 peças de fuzil. A encomenda, vinda de Hong Kong, foi apreendida pela Receita Federal no Aeroporto Internacional do Rio.


Audiência de custódia

A Justiça Federal manteve a prisão preventiva de Elaine Lessa, depois da audiência de custódia, realizada na noite de domingo (18).


A defesa de Elaine entrou na manhã desta segunda-feira (19) com um habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 2ª Região.


Fonte: G1

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