terça-feira, agosto 04, 2020

Perícia descarta possibilidade de marmitas que mataram sem-teto terem sido envenenadas em igreja da Grande SP; polícia apura crimes

A perícia descartou nesta terça-feira (4) a possibilidade de que as marmitas que intoxicaram e possivelmente mataram dois sem-teto que as comeram, há mais de duas semanas, tenham sido envenenadas na cozinha de uma igreja evangélica em Itapevi, na Grande São Paulo.

Perícia descarta possibilidade de marmitas que mataram sem-teto ...

O Instituto Médico Legal (IML) já havia encontrado veneno de rato no alimento, na semana passada. A Polícia Civil apura a possibilidade de que a comida tenha sido envenenada por vingança após uma das vítimas ter se envolvido numa briga com um homem ainda não identificado. Ele é suspeito dos crimes. O caso é investigado como homicídio e tentativa de assassinato.

O crime ocorreu no último dia 21 de julho. José Luiz de Araújo Conceição, de 61 anos, e Vagner Aparecido Gouveia de Oliveira, de 37, que dormiam num posto de combustíveis abandonado da cidade, morreram após comer marmitas doadas por voluntários.

O cachorro das vítimas também morreu após ingerir a mistura com arroz, feijão, salada e salsicha.

Dois adolescentes que ganharam as mesmas marmitas de um parente também a comeram, passaram mal e foram internadas. Uma garota de 17 anos teve alta e um garoto de 11 anos continuava internado na UTI de um hospital até esta terça-feira (4).

Veneno

Segundo a perícia da Polícia Técnico-Científica, o laudo feito na cozinha da igreja não encontrou vestígios de imprudência, imperícia ou negligência no lugar, que pudessem estar relacionados a produção das marmitas.

O IML já havia encontrado o produto químico terbufos nas comidas e no estômago do animal. Ele é um componente tóxico usado em lavouras. Mas é desviado para ser usado irregularmente como veneno contra roedores, recebendo o nome popular de “chumbinho”.

Os resultados dos laudos necroscópicos feitos nos corpos de José e Vagner não foram divulgados pela polícia. Os exames deverão concluir que os sem-teto foram realmente mortos por envenenamento após comer as marmitas.

A polícia de Itapevi apura como os alimentos foram envenenados e tentam identificar quem colocou terbufos neles. Essa pessoa, ou essas pessoas, poderão ser responsabilizadas criminalmente por homicídio e tentativa de assassinato.

Voluntários foram ouvidos pela investigação. Eles disseram que as marmitas foram feitas numa igreja evangélica, numa cidade vizinha, não divulgada. E que também as comeram, mas não passaram mal.

"Ouvimos aproximadamente 7 ou 8 pessoas que participaram não só da entrega como também da manipulação, do cozimento, preparação da marmita”, disse o delegado Aloysio Mendonça Neto.

Vídeo

Uma das linhas da investigação é de que algum desafeto de um dos moradores envenenou a comida. Testemunhas relataram uma briga dias antes da distribuição das marmitas. Vagner teria discutido com outro homem não identificado dias antes, após desentendimento.

"Ele era muito briguento. O Wagner. O envenenamento não era para a gente. Era para ele. Direcionado para ele. Eu creio que foi um rapaz, que veio aqui. Ele bateu, espancou o rapaz. O rapaz falou: 'isso aí não vai ficar por isso mesmo, não'.", disse nesta terça uma testemunha sob a condição de que sua identidade não fosse divulgada.
Vídeo gravado por câmeras de segurança mostram o momento que veículos e voluntários doam as marmitas para os sem-teto no posto próximo à Rodovia Engenheiro Renê Benedito da Silva, em Itapevi.

Os dois sem-teto tiveram dor de barriga e espumaram pela boca após comerem as marmitas, segundo duas testemunhas do caso.

Adolescentes

Um comerciante que passava por perto também recebeu as marmitas, mas não comeu na hora. Ele levou para casa e entregou para a mulher, uma adolescente 17 anos, e para o filho de 11 anos.

"Dá uma dor na barriga, dá tontura, ânsia de vômito, começa a se bater também", disse a moça.
"Fé em Deu que logo, logo ele estará aqui na rua, correndo. E tudo vai dar certo", disse Flávio de Araújo sobre o filho internado.

Fonte: G1

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