terça-feira, junho 09, 2020

Caso Backer: cinco meses após início das investigações, Polícia Civil conclui inquérito

A Polícia Civil informou, no início da noite desta segunda-feira (8), que concluiu hoje as investigações do caso da síndrome nefroneural, provocada por contaminação de cerveja da marca Backer por dietilenoglicol.

Cervejaria Backer, no bairro Olhos D'Água, em Belo Horizonte — Foto: Odilon Amaral/TV Globo
Cervejaria Backer, no bairro Olhos D'Água, em Belo Horizonte — Foto: Odilon Amaral/TV Globo

Pelo menos 42 pessoas foram intoxicadas pelo dietilenoglicol, substância encontrada nas cervejas da Backer. Nove morreram.

Os trabalhos foram coordenados pela 4ª Delegacia de Polícia Civil Barreiro. As informações completas serão repassadas à imprensa nesta terça-feira (9) pelo delegado Flávio Grossi, responsável pelas investigações, e pelo superintendente de Polícia Técnico-Científica, Médico-Legista Thales Bittencourt.

Segundo a Polícia Civil, o inquérito tem cerca de 4 mil páginas e mais de 70 pessoas prestaram depoimentos, dentre elas, vítimas sobreviventes, suspeitos e testemunhas.

Desde 5 de janeiro, quando se iniciaram os trabalhos investigativos, várias perícias foram realizadas. Conforme amplamente divulgado, desde meados de abril, a sabotagem está completamente descartada.

Sem assistência
Nenhuma das vítimas recebe assistência financeira da Backer para cobrir as despesas com os tratamentos médicos, que já foi determinado pela Justiça. A empresa alega que, após ter tido os bens bloqueados, não têm recursos para arcar com os custos.

Uma das vítimas, o taxista Josias Moreira, não tem plano de saúde e enfrenta dificuldades para conseguir todos os exames especializados na rede de saúde. Como era ele quem matinha a casa, a família está passando por dificuldades financeiras.

A Backer garante que não adquiriu a substância dietilenoglicol. Reforçou que a comercialização e produção estão suspensas até que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e outros órgãos de fiscalização autorizem a retomada das atividades.

Sobre o custeio de gastos médicos das vítimas, disse que iniciou as tratativas ainda em janeiro, com mediação do Ministério Público, mas que a judicialização do caso, com bloqueio dos bens da empresa e dos sócios, “inviabilizaram as iniciativas”.

A Backer afirmou que o Mapa identificou que 219 lotes de cerveja em estoque estão de acordo com padrões de qualidade. A empresa informou que aguarda manifestação da Justiça para venda do estoque para poder usar parte para pagar colaboradores, funcionários e fornecedores. Outra parte será para pagamento do auxílio emergencial a consumidores com sintomas de intoxicação.

Alta após seis meses


Após quase 180 dias internado em um hospital de Belo Horizonte, sendo 65 em leito de terapia intensiva, o bancário Luciano Guilherme finalmente voltou para casa na semana passada. A alta hospitalar, para evitar possível contágio de Covid-19, foi em ritmo de comemoração, com direito a balões e até serenata cantada pela equipe do hospital que cuidou dele. “Agora estou devendo um churrasco para este pessoal todo”, brincou.

Com várias sequelas, ainda vai precisar de acompanhamento de fisioterapeuta, fonoaudiólogo e medicamentos. Mas os contatos telefônicos e e-mails enviados à Backer pela família dele nunca foram respondidos, para esclarecer sobre os valores de despesas não cobertas pelo plano de saúde e a perda de renda.

“Eu sento na mesa pra comer, eu como com dificuldade, mesmo assim, ainda fico procurando comida na boca, não consigo mastigar. Mas é uma felicidade, que você não imagina. Que delícia que é estar na minha cama, estar com a minha família. A recuperação maior vai ser aqui”, afirmou.

Fonte: G1

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