quarta-feira, novembro 06, 2019

Prisão após 2ª instância: Fachin diz não ver 'efeito catastrófico' se STF mudar entendimento

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (6) que não vê "efeito catastrófico" sobre a operação caso o tribunal mude o entendimento sobre prisão em segunda instância.

O ministro Edson Fachin durante sessão do plenário do Supremo Tribunal Federal em fevereiro — Foto: Rosinei Coutinho/Supremo Tribunal Federal
O ministro Edson Fachin durante sessão do plenário do Supremo Tribunal Federal em fevereiro — Foto: Rosinei Coutinho/Supremo Tribunal Federal

Nas sessões anteriores, quatro ministros votaram a favor da tese de que condenados em segunda instância podem cumprir pena: Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux. Votaram contra a manutenção da segunda instância Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Faltam os votos de Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli.

O julgamento terá continuidade nesta quinta-feira (7). Os ministros analisam três ações que pedem que as prisões só sejam possíveis após o trânsito em julgado, isto é, quando não houver mais nenhum recurso disponível.


Conforme o ministro Fachin, mesmo se houver mudança do entendimento atual, que permite a prisão em segunda instância, ainda será possível determinar prisões preventivas nos casos em que o réu representar risco à sociedade e ao processo.

"A eventual alteração do marco temporal para a execução provisória da pena não significa que, em lugar da execução provisória, quando for o caso, [não] seja decretada a prisão preventiva, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal [quando o réu representa risco]. Então, não vejo esse efeito catastrófico que se indica", disse Fachin antes da sessão do STF desta quarta.

Na avaliação do ministro Fachin, autorizar recursos até o fim do processo não favorece a impunidade. Para ele, a causa da impunidade é a demora para julgamentos.

"Esse é o grande desafio que o Poder Judiciário tem: de iniciar e concluir os processos penais nos termos da Constituição num lapso de tempo razoável."

Fachin usou como exemplo positivo o julgamento da ação do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi aberta em maio do ano passado e julgada no mês passado.

"É um exemplo de tempo razoável, até porque um dos corréus estava exatamente preso e foi dada a celeridade, sem prejuízo da ampla defesa e do contraditório. Tanto que a defesa dele não arguiu nenhuma ofensa à ampla defesa e ao contraditório. A ação penal precisa ter início, meio e fim."


Voto médio
Perguntado se via "com simpatia" um voto médio, que permita recorrer até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a chamada terceira instância, o ministro Fachin disse que sim, embora considere o mais correto manter a segunda instância, uma vez que somente as duas primeiras instâncias avaliam provas.

Se o presidente do Supremo, Dias Toffoli, mantiver a posição dos últimos julgamentos, poderá propor a possibilidade de recursos até o STJ.

"A tese, que ao invés da segunda instância, transferiria para a terceira instância, se aproxima do ponto de das ideias, da tese que tenho sustentado. Ela admite que não é necessário o trânsito em julgado. Vejo [com simpatia]. Acho que o correto é aplicar-se o que temos aplicado hoje efetivamente."

O relator da Lava Jato enfatizou que o Supremo não vai discutir se os réus são culpados ou inocentes. Somente definirá sobre o início do cumprimento da pena.

"Independentemente do resultado do julgamento que se avizinha, ninguém sairá, ainda que se altere a jurisprudência, declarado inocente", afirmou o ministro.
Segundo Fachin, o governo está decidindo somente o marco inicial do cumprimento da pena após a confirmação da sentença em segundo grau.

"Portanto, nós estamos discutindo isto. Não estamos discutindo se alguém será declarado culpado ou inocente. Nós estamos tratando dos condenados", disse Fachin.

Fonte: G1

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