Em um ano, o exército de inadimplentes no Rio Grande do Norte recrutou 12 mil novos inscritos. O volume de negativados no estado, segundo dados da SerasaConsumidor, saltou dos 910 mil em março de 2017 para 922 mil em período igual deste ano. O número corresponde a 36,76% da população acima dos 18 anos no estado, inclusa ou não na economicamente ativa. Dívida com cartão de crédito é a principal motivação para a inscrição dos potiguares no cadastro negativo de proteção ao crédito.
“Tudo começou porque eu não consegui compensar quatro cheques de R$ 160 cada. Perdi o emprego e as dívidas foram se acumulando e eu fiquei com o nome sujo”, relembra o vigilante Francisco de Assis do Nascimento, de 38 anos. Com débitos junto às instituições financeiras que hoje ultrapassam os R$ 10 mil, ele não sabe como e se um dia quitará tais dívidas. “A negociação com as empresas é ruim. Muitas oferecem descontos, mas querem o pagamento da diferença à vista”, detalha. Sem crédito no mercado, o vigilante diz que tem dificuldades em realizar compras parceladas, incluindo o financiamento de uma motocicleta para trabalhar.
Caminhão da Serasa estacionou em Natal semana passada e realizou mais de 3.500 atendimentos
Ao longo da semana passada, em Natal, um caminhão da SerasaConsumidor se transformou no porto seguro de milhares de endividados. Com auxílio técnico, o cidadão poderia consultar a situação do CPF, conhecer a pontuação de crédito, com o SerasaScore, fazer alerta de documentos extraviados e receber orientações para regularização de pendências financeiras e renegociação de dívidas atrasadas. Havia, ainda, a possibilidade de adesão ao Cadastro Positivo. O projeto de lei que altera o atual sistema de controle de crédito deverá ser votado no Congresso Federal ainda este ano, mas que divide opiniões em decorrência da ampliação de informações sigilosas dos consumidores que poderão ser acessadas pelos serviços de proteção ao crédito autorizadas pelo Banco Central.
Entre as 3.547 pessoas que foram ao caminhão da SerasaConsumidor estacionado na Praça Pedro Velho, em Petrópolis, estava Taciane Cristina. Desempregada há um ano, ela acumula uma dívida de aproximadamente R$ 2 mil com a escola da filha de cinco anos. “Perdi o emprego, meu marido morreu e fiquei sem poder pagar a escola. Peguei o valor atualizado da dívida e vou tentar negociar na escola. Foi a orientação que obtive. A situação está difícil, não consigo encontrar emprego”, lamentou. No Nordeste, o Rio Grande do Norte foi um dos estados que mais fechou postos de trabalho entre 2015 e 2017, ampliando a crise financeira entre as famílias.
Entretanto, para o especialista em Marketing da SerasaConsumidor, Matheus Moura, o projeto itinerante da Serasa Experian em parceria com a Ativos S.A. tem o objetivo de conscientizar a população acerca da possibilidade de negociação das dívidas e regularização do crédito. Além disso, a instalação da estrutura nas principais cidades brasileiras visa mitigar o problema de acesso à informação pelos consumidores, principalmente os de baixa renda sem acesso à internet.
“A gente teve uma aceitação muito grande, pois demos a oportunidade para as pessoas olharem a vida financeira checando se há dívidas e como elas estão, de receber orientação para negociar, consultar a pontuação de crédito que as empresas usam”, detalha. Moura defende a adesão ao Cadastro Positivo, argumentando que é “um direito de todo brasileiro e, com ele, a Serasa consegue ver as contas que não são pagas em dia, mas também as que são” e, com isso, gerar uma “avaliação mais justa do perfil” do cliente. “Acaba ajudando a melhorar o score”, afirma. Para Moura, a segurança dos dados dos clientes será garantida e não há riscos para aqueles que aderirem ao Cadastro Positivo.
Serviço:
Consulte a situação do seu CPF no site:
www.serasaconsumidor.com.br
Câmara analisará projeto de lei do Cadastro Positivo
O deputado federal Walter Ihoshi (PSD-SP) apresentou semana passada, na Câmara o substitutivo ao Projeto de Lei Complementar nº 441, que trata do Cadastro Positivo. O texto, que incorpora sugestões de deputados ligados aos órgãos de defesa do consumidor, deve ser votado nesta semana.
O substitutivo prevê a formação de um banco de dados de bons pagadores que, em tese, poderão ter acesso a taxas de juros mais baixas no mercado de crédito. A inclusão no cadastro seria automática, sendo que o consumidor que quiser sair poderá solicitar a exclusão. Pela lei atual, o cadastro positivo é formado apenas por pessoas que solicitaram a inclusão no banco de dados - o que, na prática, torna o banco de dados irrelevante.
A questão do acesso aos dados dos consumidores sempre foi uma preocupação dos órgãos de defesa do consumidor. Ao incorporar sugestões vindas de órgãos, Ihoshi buscou quebrar as resistências à proposta.
Fonte: Tribuna do Norte
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