quarta-feira, janeiro 31, 2018

Onda de violência deixa mais de mil alunos sem aula em Fortaleza

O número de assassinatos no Ceará aumentou 30% na comparação de janeiro de 2018 com 2017. Nos últimos dias, duas chacinas e fugas de presídios deixaram a população assustada. Em Fortaleza, mais de mil alunos ficaram sem aula nesta terça-feira (30).

Uma escola municipal foi invadida, depredada e pichada com inscrições de uma facção criminosa. Os professores, com medo, suspenderam as aulas.

"Alguns professores chegaram a ver a cena e não tiveram condições emocionais de jeito nenhum de continuar dentro da escola. O sentimento é impotência, você não pode fazer nada", conta uma pessoa que não quis se identificar.

Insegurança também dos pais e alunos.

"Os nossos filhos estudam aqui com medo e, realmente, pelo o que tá acontecendo, a gente tem que prevenir”, diz a dona de casa Silvana Brum.

Medo também entre os vizinhos do clube de forró que foi palco da maior chacina do Ceará, com 14 mortos. Parte do comércio ainda não abriu, casas foram colocadas à venda e pouca gente circula pelas ruas.   

"A gente tem medo deles virem armados, meter bala na população sem tem nada a ver com as coisas", disse um morador que não quis se identificar.

Só neste fim de semana, 45 pessoas morreram assassinadas no Ceará. Na noite desta segunda-feira (29), um protesto por mais segurança bloqueou os dois sentidos da BR-116, no bairro Cajazeiras, onde aconteceu a chacina. As investigações, agora, se concentram no depoimento dos suspeitos. Cinco foram presos nesta segunda-feira e um no fim de semana.

"Os indivíduos se autodenominam integrantes de uma facção em que há suspeita de ter participação na chacina", relata o chefe da divisão de Homicídios, Leonardo Barreto.

A perícia nas armas apreendidas com eles pode determinar se elas foram usadas na matança. Além da violência nas ruas, o estado enfrenta também uma crise no sistema penitenciário. Nesta segunda-feira (29), 23 presos fugiram de três cadeias públicas. E no norte do estado, na prisão de Itapajé, um confronto de grupos rivais terminou em massacre - dez presos executados.

A cadeia estava com 83 presos. Mais que o dobro da capacidade que era de 40. Depois da rebelião, 44 foram transferidos.

Um relatório do Conselho Nacional de Justiça de dezembro de 2017 já alertava para superlotação e a situação péssima da cadeia.

Mesmo com detector de metal, a polícia encontrou duas armas de fogo com os presos. Na Secretaria de Justiça, responsável pelo sistema penitenciário, ninguém quis gravar entrevista. O delegado da cidade onde fica a cadeia pública falou sobre a precariedade da segurança.     

“Tem que deixar claro que a nossa cadeia só tem um agente penitenciário de dia, todos os dias, para cuidar de cerca de quase 90 presos”, afirmou o delegado de Itapajé, André Firmino

A Secretaria de Justiça do Ceará declarou que está investigando como as armas entraram na cadeia, já que o equipamento de raio-x está funcionado, e que está buscando ampliar o número de vagas nos presídios. Até abril, deve concluir um concurso para mil agentes penitenciários.

Fonte: Jornal Nacional

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