quarta-feira, novembro 15, 2017

Soldados tomam controle de TV estatal do Zimbábue, diz agência

Soldados são vistos ao lado de tanques nas proximidades de Harare, no Zimbábue, na terça-feira (14) (Foto: Reuters/Philimon Bulawayo)Soldados tomaram o controle da TV estatal ZBC do Zimbábue na madrugada desta quarta-feira (horário local, noite de terça no Brasil), segundo disseram dois funcionários e um funcionário de direitos humanos à agência de notícias Reuters, aumentando a especulação de que há um golpe de Estado contra o presidente Robert Mugabe, de 93 anos.
As fontes disseram que alguns funcionários da ZBC foram agredidos quando os soldados invadiram a sede da TV. No entanto, os funcionários foram informados de que "não deveriam se preocupar", pois os soldados estavam lá para proteger o local, segundo uma fonte.
A agência Reuters também reporta, segundo testemunhas, que diversas explosões fortes foram ouvidas na capital Harare depois que tropas assumiram posições nas ruas da capital, mas a razão não estava imediatamente clara.
A presença de tropas, incluindo a movimentação de ao menos seis veículos blindados a partir de um quartel a noroeste de Harare, despertou rumores de golpe contra Mugabe, embora não haja evidência que sugira que o líder do Zimbábue pelos últimos 37 anos tenha sido derrubado.
O país do sul da África tem estado inquieto desde segunda-feira, quando Constantino Chiwenga, comandante das Forças de Defesa do Zimbábue, disse estar preparado para “interferir” para acabar com um expurgo de apoiadores do vice-presidente Emmerson Mnangangwa, demitido na semana passada.
Entenda o caso
Mnangagwa, aliado próximo de Mugabe desde a guerra da independência na década de 1970, criticou duramente o presidente e a primeira-dama, Grace Mugabe, em um encontro com militantes na última quinta-feira, no qual denunciou que ambos "privatizaram e comercializaram a nossa amada instituição".
Mnangagwa deixou o país e afirmou que sua "saída repentina" se deve a "incessantes ameaças" contra ele e sua família, que estão agora na África do Sul. O ex-vice-presidente, que se postulou como um dos possíveis candidatos a suceder o veterano Mugabe, anunciou que está disposto a voltar para dirigir o partido do presidente, a União Nacional Africana do Zimbabue-Frente Patriótico (ZANU-PF).

O ex-vice-presidente tem fortes vínculos com o Exército, após ter ocupado o cargo de ministro da Defesa.
Na segunda, o comandante do Exército disse que o expurgo de apoiadores do vice deve acabar. "O expurgo atual que claramente visa a membros do partido (...) deve parar imediatamente", declarou o general Chiwenga em coletiva de imprensa, à qual assistiram 90 militares de alta patente nos escritórios do exército na capital.
"Devemos lembrar-lhes a quem está por trás destes acertos desleais que quando se trata de proteger nossa revolução, os militares não hesitarão em intervir", alertou.
Depois, o partido do governo acusou o comandante do Exército de “conduta traidora” em um comunicado emitido na noite de terça (horário local). Segundo o governo, os comentários feitos por Chiwenga na véspera foram “claramente calculados para perturbar a paz e estabilidade nacionais” e tiveram como propósito “incitar a insurreição” no país.
Eleições 2018

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, participa de comício ao lado de sua mulher, Grace, em Chinhoyi (Foto: Reuters/Philimon Bulawayo)
O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, participa de comício ao lado de sua mulher, Grace, em Chinhoyi (Foto: Reuters/Philimon Bulawayo)

Mugabe, de 93 anos, que governa este país do sul da África desde 1980, anunciou que se candidatará às eleições de 2018, embora alguns altos cargos do seu partido queiram substituí-lo no poder, algo que provocou enfrentamentos no seio da legenda.
Analistas apontam a primeira-dama como uma das principais candidatas a suceder o presidente ou como sua vice em um novo mandato.
A própria Grace Mugabe afirmou em um encontro com eleitores do seu partido que "Mnangagwa odeia Mugabe desde que o país conseguiu a independência" e disse que se "encarregaria pessoalmente" de que fossem iniciados "procedimentos disciplinares" contra o vice-presidente.

Fonte: G1

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