terça-feira, setembro 12, 2017

Venezuela acusa ONU de mentir sobre situação no país

Zeid Ra'ad Al Hussein, Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, participou do 36ª sessão do Conselho de Direitos Humanos nesta segunda-feira (11)  (Foto: Denis Balibouse/ Reuters)
A Venezuela acusou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, de faltar com a verdade, ao evocar que o governo tenha cometido crimes contra a humanidade na repressão dos protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho.
O alto comissário "transgrediu a verdade" e teria "sucumbido às pressões de uma constelação minoritária de países, liderada pelo império norte-americano", acusou o embaixador venezuelano na organização, Jorge Valero.
Na segunda-feira (11), Zeid Ra'ad Al Hussein pediu uma investigação internacional sobre o uso excessivo da força por parte das autoridades da Venezuela, porque "minha investigação sugere a possibilidade de que tenham sido cometidos crimes contra a humanidade".

"Chamamos a atenção desse Conselho sobre o comportamento seletivo, tendencioso e politizado do alto comissário contra a Venezuela com fins de dominação", afirmou Valero, nesta terça, segundo a France Presse.
O diplomata também lamentou "a pouca síntese que o alto comissário exibe, quando desenha um falso clima de crescente tensão e uma suposta violação da nossa democracia".
O informe do Alto Comissariado sobre a Venezuela apontou o "excessivo uso da força por parte de oficiais de segurança, assim como de outras múltiplas violações de direitos humanos no contexto dos protestos contra o governo".

Segundo o representante da ONU, as manifestações deixaram 125 mortos e 5 mil detidos. Desse total, 1,3 mil pessoas ainda estariam atrás das grades.
Crise política
O país enfrenta uma recessão econômica, com uma inflação de três dígitos, escassez de medicamentos e alimentos, além do aprofundamento da crise política nos últimos meses.
As manifestações populares são diárias desde de abril, logo após o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) assumir provisoriamente as funções do Parlamento, que é de maioria opositora. Com a forte oposição interna e da comunidade internacional, a medida foi revista, mas o clima seguiu tenso. Nos protestos, os confrontos entre oposicionistas e as forças de seguranças, muitas vezes violentos, eram comuns. Há relatos de prisões políticas, mortes e feridos.
Nicolás Maduro promoveu a polêmica realização da eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte que, do seu ponto de vista, seria fundamental para a consolidação das conquistas chavistas. A oposição, por sua vez, denuncia o que chama de manobra para que ele se perpetue no poder.
O parlamento venezuelano aprovou um acordo de "desconhecimento de atos contrários à ordem constitucional", que não reconhece a Constituinte, eleita no fim de julho. Os 545 parlamentares que vão redigir uma nova Carta Magna tomaram posse após um conturbado processo eleitoral.
Uma das suas primeiras medidas foi a destituição da procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, que tinha apresentado vários recursos contra a Assembleia Constituinte, todos rejeitados pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao governo. Para o parlamento, as primeiras medidas tomadas pela Constituinte confirmam sua natureza ditatorial.

Fonte: G1

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