quarta-feira, junho 07, 2017

Sebrae quer intensificar produção de palma na região Potengi


Em períodos de estiagem e pouca água nos reservatórios, pequenos produtores do semiárido potiguar fazem verdadeiro malabarismos para manter os rebanhos alimentados, seja bovino ou ovinocaprino. E uma das soluções encontradas passa pelo cultivo da palma forrageira, uma cactácea que requer pouca água para sobreviver e garante uma boa fonte de alimentação para os animais por ser rica em água e nutrientes. De acordo com dados do Instituto de Defesa e Inspeção Agrepecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn), mais de 4,2 mil propriedades no estado cultivam palma forrageira, totalizando uma área cultivada próxima a três mil hectares.

O plantio de palma tem sido uma realidade em municípios da região da Borborema Potiguar, principalmente nos municípios de Ruy Barbosa e Lagoa de Velhos, considerados atualmente os maiores produtores da planta. Por onde se passa, as margens das estradas dessas duas cidades estão repletas de plantações.

Isso porque a maior parte dos produtores da região percebeu que a palma é uma excelente fonte de renda. Não só por manter vivos os rebanhos, mas também pelas possibilidades de lucros com a venda do farelo do processado em período de seca. É assim que pensa o produtor João Batista Lopes, que reserva um hectare da propriedade para o cultivo da palma no município de Ruy Barbosa, distante 94 quilômetros de Natal.

São 50 mil raquetes (como é chamada cada unidade de palma plantada por se assemelhar a uma raquete de tênis) que são usadas para fabricação do farelo. É esse material que usa como ração animal para o gado bovino e o pequeno rebanho de caprinos. “Como está tudo seco, uso toda a produção para alimentação dos meus animais. Mas muita gente daqui está vendendo o que produz”, diz o produtor.

Ele vem cultivando a planta há mais de 20 anos, entretanto, somente com nos últimos anos, quando a estiagem se intensificou, decidiu que devia priorizar o plantio de palma. A área de cultivo é dividida entre as variedades moita, gigante, doce e, agora, a orelha de elefante. “Hoje, um quilo de farelo de palma é vendido por aqui ao custo de um real e cinquenta centavos, muito próximo ao preço do milho, que tem valor nutricional parecido. Se não plantasse, era isso que estava pagando para manter meus animais. Sem a palma, tudo seria difícil e não teria mais criação”.

Capacitação

Assim como Batista Lopes, a maioria dos produtores da região cultiva a cactácea de maneira tradicional. Mas é possível mais que dobrar a produção na mesma área destinada ao cultivo se forem adotadas modernas técnicas de manejo. Para ampliar essa produtividade, o Sebrae no Rio Grande do Norte pretende difundir nova tecnologia que aumenta a quantidade de plantas na área de plantio, com a capacitação de produtores da região, que receberiam as orientações para esse novo método. O gerente do Escritório Regional do Sebrae no Trairi, Gustavo André de Medeiros Cosme, estima que 100 pessoas deverão participar da capacitação nos próximos meses.

Esse sistema de manejo é conhecido com plantio de palma adensada e irrigado, que consiste na utilização de altas densidades de plantio com até 100 mil plantas por hectares – o dobro da densidade da propriedade Batista Lopes – e irrigação por gotejamento em fileiras simples com baixa intensidade, cinco litros de água por metro linear a cada 15 dias, além de fertilização orgânica e química. O custo de 100 mil raquetes gira em torno de R$ 20 a 30 mil.  A capacitação será ministrada pelo consultor e agrônomo Alexandre de Medeiros Wanderley, que é autor da técnica no RN. As primeiras experiências com palma no estado foram realizadas nos municípios de Lajes, Angicos e Pedro Avelino, em 1996.

A palma forrageira, vegetação característica do semiárido nordestino, é também uma alternativa para investimentos no campo. Por ser facilmente adaptada ao clima seco, a planta se desenvolve bem sem necessidade de muita água e agora está sendo utilizada como alimentação alternativa para o rebanho. A palma é rica em água e nutrientes capazes de alimentar animais de porte, especialmente em épocas de estiagem. A eficácia do cultivo é de 100% dentro dos empreendimentos rurais que abrigam a vegetação, uma vez que esse tipo de cacto necessita de pouco volume de água para sobreviver.

Fonte: Portal no Ar

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