quarta-feira, janeiro 06, 2016

Mãe deve pagar certidão de óbito de filhas mortas no Japão para tirar visto

Irmãs brasileiras encontradas mortas no Japão (Foto: Maria Aparecida Amarilha/ Arquivo Pessoal)Depois de ganhar as passagens aéreas do Brasil para o Japão, Maria Aparecida Amarilha Scardin, mãe de duas brasileiras assassinadas no país asiático, vai ter que pagar pela certidão de óbito
das filhas para tirar o visto emergencial que autoriza a entrada no país. Ela disse ao G1 nesta quarta-feira (6) que está juntando dinheiro para pagar pelos documentos.
Maria Aparecida mora em Campo Grande e quer buscar as duas netas que estão em um abrigo. As crianças de 3 e 5 anos são filhas de Akemy Maruyama, de 27 anos, encontrada morta em apartamento no Japão, junto com a irmã Michelle Maruyama, 29 anos. O suspeito do crime é um peruano, ex-marido de Akemy, e está preso.
Maria Aparecida disse que depois de regularizar a documentação necessária para sair do Brasil foi informada de que vai ter que pagar pela certidão de óbito das filhas para conseguir o passaporte e o visto emergencial. Os documentos que atestam a morte são exigidos para justificar o pedido de entrada no país.
Segundo ela, as despesas com a documentação custam cerca de ¥ 40 mil (ienes), moeda japonesa, que representa cerca de R$ 1.350. Sem dinheiro, Maria Aparecida está tendo ajuda de amigos, familiares e doações.
Maria Aparecida foi regularizar situação no TRE-MS para tirar o passaporte (Foto: Reprodução TV Morena)Maria Aparecida  (Foto: Reprodução TV Morena)
O Consulado Geral do Brasil em Nagoia informou que acompanha o caso. Segundo o consulado, a família está recebendo apoio. O Ministério de Relações Exteriores informou que por questões de privacidade da família, não pode dar mais informações. O Itamaraty também acompanha o caso e está tentando ajudar.
"Minha sobrinha que também mora no Japão está fazendo uma vaquinha lá com os familiares para tentar arrecadar dinheiro e pagar essas certidões. Estou tentando juntar dinheiro por aqui também", explicou.
Quando estiver no Japão, Maria Aparecida terá três meses, tempo de validade do visto, para resolver as pendências antes de voltar para o Brasil.
Ela disse que também quer trazer as urnas com as cinzas dos corpos para o Brasil, mas, antes vai ter que pagar pela cremação no Japão, que custa cerca de ¥ 300 mil, segundo ela.
"Minhas filhas nasceram aqui, quero enterrar as cinzas delas aqui também, elas são sul-mato-grossenses e eu tenho fé de que vou conseguir isso. É o que mais quero depois de conseguir a guardar das minhas netas", contou.
Alerta
Em entrevista ao G1, Maria disse que tinha três filhos e que o outro morreu há seis anos. Ela  também disse que gostaria que o momento de dor servisse de alerta para outras mulheres vítimas de violência dos companheiros.
"Que não existam outras Akemys, que outras Marias não chorem. Gostaria que a minha dor servisse de exemplo, alerta, para outras mulheres não passarem por isso. Não é só violência física, estou falando de qualquer violência".
O desabafo também foi feito em postagem no perfil de Maria nas redes sociais. "No meio de tanta dor, quero passar uma mensagem para outras Akemy: nunca subestime um homem passional, fique alerta ao primeiro sinal de violência, seja físico ou psicológico... que outra Maria não venha a sentir a dor que eu estou sentido", escreveu.
Agressivo
Maria Aparecida lembrou que o peruano tinha comportamento agressivo e chegou a agredir outra neta em 2014, filha de Akemy. A criança, na época, com 9 anos, foi tirada da guarda da mãe e levada para o abrigo até ser trazida pela avó para o Brasil, onde hoje mora com o pai.
A mãe de Akemi diz que a filha foi casada seis anos com o peruano, mas estava separada havia três meses. Ela também contou que o ex-companheiro fazia ameaças, mas a filha não acreditava que ele seria capaz de cumprir.
Governo brasileiro
O Consulado Geral do Brasil em Nagoia informou que acompanha o caso. Segundo o consulado, a família está recebendo apoio. O Ministério de Relações Exteriores informou que por questões de privacidade da família, não pode dar mais informações.

Fonte: G1

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