quinta-feira, dezembro 25, 2014

Na Rússia, empresas aproveitam moeda fraca e apostam em exportação

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O cenário da economia russa para o ano que vem parece já ter duas certezas: a recessão pode até não se concretizar, mas o PIB será fraco
novamente (deve crescer menos de 1% em 2014), e as empresas vão ter de olhar cada vez mais para o mercado externo para compensar o mau momento local.

"Sem dúvida o cenário para a economia russa é muito ruim", afirma o diretor-geral da montadora russa Kamaz, Sergey Kogogin. "Mas sabemos como minimizar os riscos: planejamos aumentar as exportações."

A aposta nas vendas para o exterior é quase um mantra para executivos de empresas russas e tem um impulso que vai além das necessidades de se proteger de uma economia que deve encolher mais de 4% em 2015, segundo a previsão do BC local: o rublo, a moeda russa, perdeu mais de 40% do seu valor neste ano em relação ao dólar.

A desvalorização do rublo é um problema para a população russa, já que tem de pagar mais caro por produtos que vêm do exterior em um momento em que a inflação alcançou 9,1% em novembro ante o mesmo período do ano passado -quando os preços subiram 5,9%.

Ao mesmo tempo, a queda da moeda (a mais forte sofrida entre os grandes emergentes neste ano) é um trunfo para as empresas exportadoras.

Como as companhias brasileiras bem sabem, momentos de moeda fraca favorecem as vendas para o exterior pois os produtos ficam mais baratos em dólar, se tornando mais competitivos.

As expectativas das companhias, porém, têm barreiras bastante visíveis.

A primeira delas são as sanções que as potências ocidentais impuseram ao país, devido ao conflito na Ucrânia. Elas não barraram totalmente as compras de produtos russos, mas sem dúvida fizeram com que elas diminuíssem substancialmente.

Para os EUA, por exemplo, as exportações de janeiro a outubro caíram 12% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda que as vendas sofram impacto da queda do preço do petróleo (a cotação internacional caiu cerca de 40% neste ano), o óleo representou apenas 6% das compras americanas de produtos russos em 2013.

O cenário não é muito diferente na União Europeia: as importações de artigos russos nos nove primeiros meses deste ano caíram 9% ante igual período de 2013 -no geral, as compras do bloco subiram 4% nessa comparação.

A segunda dificuldade é que países como China, Brasil e Índia, parceiros de Brics e, portanto, caminho natural para produtos russos estão em desaceleração.

"A situação dos emergentes, inegavelmente, nos preocupa", diz Vadim Ligay, vice-presidente da Russian Helicopters, que, assim como a Kamaz, faz parte do conglomerado estatal russo Rostec.

Apesar dos temores, Ligay diz que espera que o mercado global de helicópteros não diminua no ano que vem e aposta na China e na Índia para aumentar suas vendas.

Neste ano, pelo menos, as vendas da Rússia para a China estão se sustentando (alta de 4% até novembro ante um ano antes), mas trata-se de uma recuperação, já que em 2013 elas recuaram 10%.

No caso brasileiro, as compras de produtos russos recuaram 5% nos 11 primeiros meses de 2014.

XEQUE-MATE RUSSO

Com principais "defesas" debilitadas, economia russa caminha para a recessão

Petróleo
O combustível é o motor da economia russa, e a queda de 40% nos preços internacionais afetou sensivelmente a arrecadação do governo

Sanções internacionais
Com o conflito com a Ucrânia, o país viu fechados os mercados de grandes economias globais, como a dos Estados Unidos

Moeda
O rublo se desvalorizou em 40% neste ano, afetando também a inflação e consumindo parte das reservas em moeda estrangeira

Falta de investimento
As empresas têm dificuldades para levantar dinheiro no exterior, o que deve levar a uma nova queda no investimento em 2015

Consumo fraco
Com inflação mais alta e economia fraca, expectativa é que consumidor corte, em 2015, seus gastos pela 1ª vez desde 2004

Rei desprotegido
Banco Mundial prevê retração do PIB de 0,7% em 2015, e governo russo estima queda de 0,8%, mas cenário pode piorar caso preço do petróleo continue a cair mais

Fonte: Folha de São Paulo

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