quinta-feira, maio 29, 2014

Viúvo de mulher apedrejada confessa ter matado a primeira mulher

Membros da sociedade civil e da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão seguram cartazes durante protesto em Islamabad. Foto: Divulgação O marido de Farzana Parveen, 25, apedrejada até a morte pela família por se recusar a participar de um casamento arranjado, disse à CNN
nesta quinta-feira (29) que matou sua primeira mulher para poder se casar com a paquistanesa.

“Eu quis propor casamento para Farzana assim que matei minha mulher”, disse Mohammad Iqbal.

Zulfiqar Hameed, inspetor-geral da polícia do distrito de Punjab, disse que Aurengzeb, um dos filhos do primeiro casamento de Iqbal, alertou a polícia sobre o assassinato, que aconteceu há seis anos. O jovem está na casa dos 20 anos e confirmou as declarações do pai à CNN. Ele disse que Iqbal ficou preso por um ano por causa do crime.

Farzana, que estava grávida de três meses, foi apedrejada até a morte com tijolos e outros materiais de construção na terça (27), na cidade de Lahore, por um grupo de cerca de 20 pessoas, incluindo seus irmãos, pai e primos, de acordo com a polícia. Após prender o pai da vítima, a polícia procura pelos outros criminosos.

O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, pediu ao ministro-chefe de Punjab, Shahbaz Sharif, apresentar um relatório sobre o incidente. Grande parte dos crimes de honra no Oriente Médio ocorre em áreas rurais. O ataque de terça foi incomum porque aconteceu em uma área pública de uma cidade grande.

Vizinho da família de Farzana, Iqbal disse que deveria ter se casado com ela no ano passado, com a aprovação da família. Como parte do acordo, Iqbal afirmou ter dado ao sogro 80 mil rúpias, além de joias em ouro.

Mas após a morte da mãe da jovem, em dezembro, o pai e irmãos de Farzana mudaram de opinião sobre o casamento, segundo Iqbal. A família decidiu então que a moça, que veio de uma aldeia em Punjab, deveria se casar com um primo, segundo a polícia.

A paquistanesa e Iqbal, então, fugiram e se casaram no dia 7 de janeiro em uma cerimônia tribunal. Ele disse que ela ficou linda de branco e que era uma “mulher bonita e muito boa.”

“Nós éramos felizes”, disse ele, embora afirme que o casal estava constantemente preocupado com sua segurança.

“Ela nos amou”, disse Aurengzeb, enteado de Farzana. “Ela sempre fez o mais delicioso ensopado de carne para nós.”

O casamento enfureceu a família da paquistanesa, explicou Iqbal, e eles exigiram o pagamento de mais 100 mil rúpias (cerca de 2.223 reais) para não matar o casal. Iqbal, agricultor de uma aldeia em Jurranwala, Punjab, não tinha o dinheiro. A família, então, levou o caso aos tribunais, acusando o homem de ter sequestrado Farzana.

Segundo o advogado Mustafa Kharal, Iqbal e sua mulher foram surpreendido pelos parentes de Farzana que a aguardavam do lado de fora do tribunal. Enquanto o casal caminhou até o portão principal, parentes da vítima começaram a disparar tiros para o ar e tentaram arrancá-la dos braços de Iqbal. Ao resistir, a paquistanesa começou a ser golpeada pelo pai, irmãos e outros parentes com tijolos, pedaços de pau e outros materiais encontrados em uma construção.

Segundo a ONU, cerca de 5 mil mulheres são assassinadas todos os anos por parentes em todo o mundo nos chamados “crimes de honra”. Esse tipo de crime acontece quando elas trazem “vergonha às famílias”. Mas grupos de defesa das mulheres dizem que o crime pode estar sendo subestimado e as vítimas podem ser até 20 mil por ano.

Países como Afeganistão, Bangladesh, Brasil, Canadá, Equador, Egito, França, Alemanha, Índia, Iraque, Irã, Itália, Jordânia, Marrocos, Paquistão, Suécia, Turquia, Uganda, Reino Unido e os Estados Unidos apresentam casos desse tipo de violência, de acordo com relatório da ONU “Violência global contra a mulher em nome de ‘honra’.”

Reprodução Cidade News Itaú via IG

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