quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Berlim vira capital do sexo durante festival de cinema

A 64ª edição da Berlinale quer provocar seus espectadores. Além de exibir a versão sem cortes de "Ninfomaníaca - Parte 1" e desfilar o
sex-appeal de George Clooney pelo tapete vermelho, a partir de quinta-feira (6) o Festival de Berlim vai levar aos 500 mil espectadores discussões apimentadas e documentários que revelam análises criativas e diversificadas sobre sexo.

Aproveitando o espaço aberto que já existe na mostra Panorama para levantar discussões, serão aprofundados temas como o dever político da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) de se manifestar em tempos de intolerância e o preconceito nas relações entre transgêneros e transsexuais. Os temas procuram ir além do beijo gay, um amadurecimento da questão e uma tentativa de retratar o que existe depois do preconceito.

Abrindo a programação da mostra, o documentário "The Dog" reconstrói a trajetória do bissexual John Wojtowicz, famoso por roubar um banco no Brooklyn, em Nova York, para financiar a cirurgia de troca de sexo do seu amante em 1972. Ainda no universo masculino, entre suor e testosterona no futebol, "Land of Storm" conta a história de Szabolcs, um jogador húngaro que sai do armário e tenta fugir da mídia buscando tranquilidade na fazenda do avô. O filme trouxe a tona o caso do alemão Thomas Hitzlsperger, ex-jogador do Bayern de Munique, que recentemente declarou ser gay.

Dirigido pelos alemães Ulrike Zimmermann e Claudia Richarz, o documentário "Vulva 3.0" mostra como o órgão feminino é visto no século 21 em meio a tabus relacionados à educação sexual e ao mercado de cirurgias plásticas. Em uma experimentação com sete diretores, "Fucking Different XXY" reúne transsexuais e transgêneros compartilhando suas impressões cinematográficas variadas e explícitas sobre a sexualidade e o corpo humano.

Ao mesmo tempo que traz novos temas para debate, a programação sexual divide espaço com romances. Na ficção, o destaque fica com as descobertas juvenis e o bullying sofrido pelo casal de garotos sul-coreanos em "Night Fight"; e o triângulo amoroso adolescente em "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", do brasileiro Daniel Ribeiro. A cereja no bolo do arco-íris é a apresentação da trajetória bem sucedida do estilista francês Yves Saint Laurent na moda em cinebiografia homônima interpretada por Piérre Niney.

Para o curador da mostra, Wieland Speck, os filmes são um retrato espontâneo da produção relacionada ao assunto, que tem crescido nos últimos anos. "É um assunto delicado, a sexualidade é usada para classificar as pessoas, para mantê-las dentro de um determinado intervalo de comportamento. E a homossexualidade é apenas uma vítima da atitude geral em relação à sexualidade e seu uso indevido. É sempre um tópico para discutir. E, para alguns, ainda é uma razão para fazer um filme."

Reprodução Cidade News Itaú

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