Orlando Cruz se tornou o primeiro pugilista a assumir sua homossexualidade, em outubro de 2012. Exatamente um ano depois, ele tem pela frente a luta mais importante da carreira: neste sábado, ele encara Orlando Salido, valendo o cinturão mundial dos pesos pena, pela Organização Mundial de Boxe (OMB). Ele promete subir no ringue com um polêmico calção, com as cores da bandeira de Porto Rico trocadas pelos tons do arco-íris.
Depois de batalha contra o preconceito, ele enfim vê no horizonte o maior sonho de sua carreira como lutador. "É meu sonho e essa é minha hora. Eu esperei muito tempo para lutar pelo cinturão mundial, e quero fazer história", afirmou o porto-riquenho, à Sports Illustrated.
O duelo é a principal preliminar do combate entre Timothy Bradley e Juan Manuel Marquez, os dois recentes algozes do então melhor do mundo Manny Pacquiao. As lutas acontecem em Las Vegas, nos Estados Unidos.
Cruz não nega: o título é para si, mas não só, ele o dedica aos gays que ainda sofrem na sociedade.
"Tudo isso é para eles. Mas é para mim também. É uma oportunidade linda, é meu momento", disse ele, que tem 32 anos e um cartel de 20 vitórias, duas derrotas e um empate.
O rival deste sábado, Orlando Salido, é um veterano da mesma idade, mas com 54 combates de experiência: 39 vitórias, 12 derrotas e dois empates. Ele já foi dono do cinturão em disputa, mas perdeu para Mikey Garcia em janeiro.
Polêmica com calção
Cruz causou polêmica em seu país, por prometer usar um calção com a bandeira de Porto Rico com as cores famosas na causa gay. Criticado, ele se defendeu dizendo que sempre honrou o país, mas que está fazendo um movimento em prol dos direitos dos gays.
"Algumas pessoas ficaram bravas comigo, mas eu não ligo. Respeito a bandeira de Porto Rico. Não tive nenhuma má intenção ao desenhar aquele calção", defendeu-se, à Sports Illustrated.
Cruz disse que teve dificuldade em manter sua sexualidade de forma privada e que foi um alívio poder se assumir como é. Sua mãe foi uma das grandes apoiadoras de sua carreira, e estará na primeira fila.
"Minha mãe é minha melhor amiga e a primeira pessoa com quem pude falar sobre isso. Ela chorou, mas disse que sou o filho dela e que não liga para nada além disso", contou ele.
O ex-campeão Orlando Salido também apoiou o rival. "Eu admiro Orlando por ter assumido. É um ato de coragem. Mas não vou tratá-lo diferente de ninguém. Quando nos vermos, ele será o homem que está entre mim e meu terceiro título mundial."
Reprodução Cidade News Itaú
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