terça-feira, julho 16, 2013

Para Fontana, presidente da Câmara tentou 'rachar' bancada do PT

Preterido para o comando do grupo de trabalho da reforma política, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) classificou nesta terça-feira (16) como “desrespeitosa” a forma como o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), agiu na formação do comitê. Na visão do parlamentar gaúcho, o objetivo de Alves ao convidar o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) para a coordenação do colegiado era “rachar” a bancada do PT.
Nesta terça, após o presidente da Câmara oficializar que Vaccarezza irá comandar as atividades do comitê, Fontana renunciou à indicação para o grupo. O deputado do Rio Grande do Sul foi substituído no colegiado pelo colega de bancada Ricardo Berzoini (PT-SP).
“O objetivo do presidente [Henrique Alves], e articulado com o deputado Vaccarezza, foi de criar um racha na bancada do PT. Havia uma unanimidade que me escolheu para integrar o grupo e o presidente desrespeitou essa escolha. Inclusive, gerando uma regra casuística, que até agora ninguém compreende. Por que, de repente, o PT passou a merecer duas vagas? Essa generosidade do presidente é algo que exige uma reflexão irônica nossa”, disparou Fontana.
Indagado sobre a declaração de Fontana, Henrique Eduardo Alves afirmou: "Está muito desinformado ele."
Nesta tarde, a Câmara instalou o grupo de trabalho, que terá 90 dias para elaborar o projeto que pode mexer nas campanhas, na maneira de votar, na forma de representação e na atuação política dos eleitos dentro do Congresso.
Criado na última quarta (10), o grupo terá 14 parlamentares, sendo dois do PT. Os indicados foram, além de Vaccarezza e Berzoini, Marcelo Castro (PMDB-PI), Marcus Pestana (PSDB-MG), Guilherme Campos (PSD-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Luciano Castro (PR-RR), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Miro Teixeira (PDT-RJ), Antonio Brito (PTB-BA), Leonardo Cadelha (PSC-PB), Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e Sandro Alex (PPS-PR).
Inicialmente, o grupo de trabalho contaria com um deputado por partido. A indicação de Vaccarezza para a coordenação gerou mal-estar porque Fontana relatou, nos últimos dois anos, diversos projetos de alteração no sistema político e eleitoral brasileiro e postulava a presidência do colegiado da reforma política.

'Triste'
Dizendo-se “triste” por conta do impasse, Fontana também criticou o fato de o correligionário ter aceitado o convite do presidente da Casa. Para o parlamentar gaúcho, Vaccarezza articulou sua indicação para o comitê junto com a cúpula do PMDB. Visivelmente irritado com o colega de partido, Fontana aguardou Vaccarezza deixar o salão verde da Câmara para então falar com a imprensa sobre a crise interna petista.
“O presidente achou por bem escolher alguém dentro da bancada do PT que ele queria indicar. Se eu fosse o Vaccarezza, não teria aceitado esse convite. Esse grupo de trabalho começa muito mal, com o presidente desrespeitando a indicação de um partido e um dos membros do meu partido acolhendo essa forma de fazer política, que é aceitar a ideia de uma divisão”, disse.

Vaccarezza não quis comentar a decisão de Fontana de deixar o grupo de trabalho, mas fez elogios a Berzoini, deputado escolhido para substituir o parlamentar do Rio Grande do Sul.
“Eu respeito muito o companheiro Fontana. Eu evitei nesse processo fazer qualquer debate sobre o Fontana na imprensa, não respondi nada o que foi falado em relação a mim e não será agora que vou responder. O nome indicado pelo PT para substituí-lo é bastante qualificado”, disse.
Líder do PT na Câmara, o deputado José Guimarães (CE) tentou minimizar a crise em sua bancada. Para ele, a divergência entre Fontana e Vaccarezza é uma “questão pontual”. 
“O Henrique Fontana foi indicado por nós por unanimidade para integrar o grupo de trabalho. Na desistência dele, indicamos o deputado Ricardo Berzoini. Não tem crise. Não tem briga. O que tem foi uma divergência entre os dois. Nessas horas a responsabilidade do líder é buscar uma saída e não levar a bancada a um impasse”, disse.
Segundo Guimarães, a prioridade do partido é coletar as 171 assinaturas necessárias para protocolar um projeto de decreto legislativo que convoque um plebiscito para a reforma política. “A bancada do PT está muito unida em defesa do projeto do plebiscito e ao lado da presidenta Dilma”.
Impasse
No dia em que o colegiado foi criado, Henrique Alves teve de suspender sua instalação por conta da divergência entre Fontana e Vaccarezza. Líderes do PT tentaram administrar a crise interna, porém, os dois deputados resistiam em abrir mão do posto de coordenador.
A bancada petista havia avalizado a presença de Fontana para o grupo devido à experiência que ele acumulou como relator das propostas de reforma política. Alves, no entanto, surpreendeu os petistas na última semana ao indicar Vaccarezza para a presidência do colegiado.
Na noite desta segunda (15), uma reunião a portas fechadas entre os dois candidatos à vaga e os líderes do PT na Câmara tentou, mais uma vez, encontrar uma solução. Durante o encontro, relataram petistas, Fontana e Vaccarezza discutiram diante dos colegas de Legislativo. A conversa durou cerca de três horas e acabou sem consenso.

Reprodução Cidade News Itaú

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