quinta-feira, junho 07, 2012

Chefe da ONU vê risco iminente de guerra civil em grande escala na Síria



O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse nesta quinta-feira (7) que existe um crescente risco de uma guerra civil em grande escala na Síria, após mais de um ano de revolta contra o governo do presidente Bashar al Assad.
Não há sinal de trégua entre as forças oficiais e os rebeldes, disse Ban após reunião a portas fechadas com o Conselho de Segurança da ONU para tratar da crise.
"O povo sírio está sangrando", disse a jornalistas. "Eles estão furiosos. Eles querem paz e dignidada. Acima de tudo, eles querem ação."
"O perigo de uma guerra civil é iminente e real", disse. Segundo Ban, "terroristas estão explorando o caos" no país.
'Fora de controle'
Na mesma reunião, o enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, que a crise síria logo vai ficar "fora de controle" se a pressão internacional não produzir resultados rapidamente.
Annan pediu que as potências mundiais advirtam o presidente Assad das "graves consequências" se ele não cumprir o estipulado no plano de paz da ONU para o país em conflito, segundo diplomatas citados pela Reuters e pela France Presse.
"Quanto mais esperamos, mais obscuro parece o futuro da Síria", disse aos 15 membros do conselho. O conselho deve aplicar uma "pressão unificada" a Assad, completou Annan, destacando que a iniciativa de paz não pode ter "final aberto".
O Conselho de Segurança se reuniu um dia após um novo massacre de civis atribuído ao regime do presidente sírio Bashar al Assad, com pelo menos 78 mortos em Al-Koubeir, na província de Hama.
O órgão já havia aprovado duas resoluções habilitando uma missão de observação da ONU na Síria e condenando a violência, mas está dividido sobre como aumentar a pressão sobre o regime de Assad.
A Rússia, o último aliado importante da Síria, e a China vetaram duas resoluções do Conselho que apenas ameaçavam aplicar sanções. Estados Unidos e as nações europeias são favoráveis a impor sanções econômicas à Síria.

Manifestante com máscara do presidente sírio Bashar al Assad protesta contra o regime, nesta quinta-feira (7), em frente à sede da ONU em Nova York (Foto: AFP)Manifestante com máscara do presidente sírio Bashar al Assad protesta contra o regime, nesta quinta-feira (7), em frente à sede da ONU em Nova York (Foto: AFP)

'Massacre revoltante'
O governo dos Estados Unidos condenou o massacre, classificado de "revoltante", e também o fato de as autoridades sírias terem proibido a entrada de militares da ONU na região.

"Os Estados Unidos condenam, nos termos mais fortes, os ataques mortais revoltantes contra civis, incluindo mulheres e crianças, em Al-Koubeir na província de Hama, como indicaram diversas fontes dignas de fé", afirmou o porta-voz do presidente Barack Obama, Jay Carney.
"Isso, e a recusa do governo sírio em deixar os observadores da ONU entrar na área para verificar essas informações, constituem uma afronta à dignidade humana e à justiça", disse Carney em um comunicado.
Nesta quinta, os observadores da ONU que estão na Síria supervisionando a trégua foram impedidos, principalmente "por barreiras do Exército", de chegar a Al-Koubeir, anunciou o chefe da missão, general Robert Mood.
"Não há justificativa alguma possível para a rejeição contínua deste governo em cumprir suas obrigações nos termos do plano Annan", afirmou Carney, que considera que a recusa do presidente sírio "em assumir a responsabilidade por esses atos terríveis não tem valor algum e serve apenas para destacar a natureza ilegítima e imoral de seu poder".
"O futuro da Síria será determinado pelos sírios, e a comunidade internacional deve dar provas de solidariedade para apoiar suas aspirações legítimas", disse ainda o porta-voz.
Pouco antes, Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, pediu que o contestado Assad deixe o poder e saia do país.

Manifestantes protestam nesta quinta-feira (7) em Hass, na província síria de Idlib, contra o massacre da véspera (Foto: AP)Manifestantes protestam nesta quinta-feira (7) em Hass, na província síria de Idlib, contra o massacre da véspera (Foto: AP)

Catherine Ashton, principal diplomata da União Europeia, classificou o massacre de "imperdoável" e pediu que as responsabilidades sejam totalmente apuradas.
A França anunciou que uma nova reunião do grupo diplomático de "Amigos da Síria" será feita em 6 de julho, mas sem a presença do Irã, a quem o governo francês acusou de apoiar incondicionalmente o governo Assad.
Aliados
Já o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, disse que a Rússia vai barrar, no Conselho de Segurança da ONU, qualquer mandato para intervir militarmente na Síria. A China também se disse contra a intervenção. Rússia e China, aliados do regime Assad, têm poder de veto no Conselho.
Novos ataques na quinta
As tropas sírias bombardearam violentamente Talbisé nesta quinta, semeando pânico nessa cidade da província de Homs, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que registra 41 mortos em todo o país devido à violência no dia.
Dos 41 mortos, 23 são civis, 15 militares e três combatentes rebeldes.
Em Talbisé, cidade localizada a 10 km da fronteira libanesa, que foi bombardeada por helicópteros, nove soldados, três civis, entre eles uma criança e um rebelde, morreram, segundo a OSDH.
Imagens divulgadas pela rede via satélite árabe Al-Arabiya mostram moradores que fogem por uma rua, seguidos por uma nuvem de pó, em meio a um estrondo de potentes explosões. Homens armados que retiravam um ferido também foram vistos nessas imagens.
Revolta
O regime de Assad enfrenta, desde março do ano passado, uma onda de protestos que evoluiu para uma revolta armada generalizada pelo país.
As forças de segurança do regime reprimem os rebeldes anti-Assad violentamente, com o argumento de que são "terroristas" tentando desestabilizar o país.
A oposição fala em mais de 13 mil mortos no período, a maioria deles civis, e a ONU adverte repetidamente para uma crise humanitária.
No dia 25 de maio, o massacre de pelo menos 108 pessoas, incluindo 49 crianças e 34 mulheres, em Hula, na província de Homs, centro do país, havia provocado condenações internacionais.
A rebelião e o governo rejeitaram a responsabilidade, enquanto uma autoridade da ONU disse ter "fortes suspeitas" relacionadas a milícias pró-regime.

Fonte: G1/Cidade News Itaú

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