domingo, novembro 20, 2011

Acusado de chacina vai a júri dia 30/11

Dez anos depois, as imagens da chacina em que foram mortos o então prefeito de Caraúbas, Aguinaldo Pereira da Silva, sua mulher, Antônia Gurgel da Nóbrega Pereira (Nieta), os policiais militares Ronaldo Rafael da Silva e Cláudio Pereira do Nascimento - que faziam a segurança do casal - e o caseiro Everlânio da Silva voltarão a chocar e emocionar parentes e amigos das vítimas. No próximo dia 30, um dos acusados de participação na chacina, Francisco Sales Fernandes, "Negão da Serra", será submetido ao júri popular no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, em Mossoró. "Negão da Serra" é um dos poucos acusados do crime que continua vivo.
Aguinaldo Pereira e a mulher viajavam de Caraúbas para Mossoró, na noite de 7 de novembro de 2001, acompanhados dos dois seguranças e do caseiro da família. No Km 13 da rodovia RN-117, perto da entrada do município de Mossoró, o Santana branco em que as vítimas viajavam foi interceptado por uma camioneta Ranger, com seis ocupantes armados com espingardas, pistolas e fuzis.
Assim que os bandidos começaram a atirar, o policial Cláudio Pereira, que dirigia o carro, perdeu o controle da direção e o veículo capotou várias vezes, descendo a pista e parando em frente a uma casa, à margem da estrada. Os bandidos, liderados por José Valdetário Benevides Carneiro, fuzilaram o veículo, matando os ocupantes, com exceção de Nieta, que morreu durante a queda do veículo.
As investigações policiais apontaram que, além de Valdetário, participaram da ação Francimar Fernandes Carneiro (Cimar Carneiro), Francisco Clécio do Nascimento, Emerson Carmona e José Maria Roque da Silva. Valdetário e Cimar Carneiro teriam ficado dentro do veículo, enquanto Clécio, Emerson Carmona e Negão da Serra executavam as vítimas. As mortes resultaram de uma rixa antiga entre as famílias Carneiro e Simeão (à qual pertencia Aguinaldo Pereira). Um irmão do prefeito já havia sido assassinado pela quadrilha de Valdetário. Em abril de 2006, outro irmão de Aguinaldo, Elinaldo Simeão, foi executado. A mulher de Valdetário, Aguinalda Fernandes Benevides, "Neta", foi condenada pela autoria intelectual da morte de Elinaldo.
"Negão da Serra" está recolhido no Presídio Aníbal Bruno, em Recife (PE), e deve ser escoltado por policiais militares potiguares no trajeto até Mossoró, para participação no júri popular. Os advogados de defesa podem pedir a ausência do réu no julgamento.
Ele foi preso na praia de Búzios, em Natal, semanas depois da chacina. Em depoimento aos delegados que investigaram o caso, "Negão da Serra" confessou a participação no crime e deu detalhes de como tudo aconteceu. De acordo com ele, os bandidos ficaram aguardando a passagem do veículo do prefeito em um trecho à margem da RN-117.
Um informante da quadrilha avisou ao grupo o momento em que Aguinaldo Pereira saiu de Caraúbas, onde havia participado de uma solenidade da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN). O prefeito decidiu voltar a Mossoró para assistir a um jogo da Seleção Brasileira de Futebol.
Quando o carro com as vítimas passou no trecho, os bandidos seguiram o veículo e no Km 13 emparelharam com o Santana e começaram a execução do crime.

Maioria dos acusados foram mortos
No decorrer do andamento do processo sobre a chacina, parte dos acusados foi assassinada em confronto com as Polícias do Rio Grande do Norte e de outros Estados. "Negão da Serra" é o único a ser julgado pelo caso que chocou o Rio Grande do Norte. No caso de Francisco Célio, o processo tramita separadamente. Valdetário e Francimar Carneiro, assim como Emerson Carmona, tiveram extinta a punibilidade no processo depois de suas mortes.
Valdetário foi apontado como o autor intelectual do crime e participante da execução, mesmo não tendo efetuado nenhum tiro, conforme confissão feita por Negão da Serra.
A morte do prefeito Aguinaldo Pereira aconteceu menos de dois meses depois da morte de Luiz Benevides Carneiro, "Doutor Carneiro", chefe maior da família Benevides Carneiro. "Doutor" morreu vítima de um infarto, após policiais soltarem bombas de efeito moral dentro da cela onde ele estava preso, em uma cadeia de Teresina (PI).
Em 1999, a quadrilha liderada por Valdetário Carneiro já havia matado o médico João Pereira, irmão do prefeito Aguinaldo Pereira, de Caraúbas. O médico estava na calçada da casa de uma enfermeira em Caraúbas, quando foi surpreendido pela quadrilha, que o perseguiu pela casa e o fuzilou. A enfermeira foi alvejada com um tiro e também morreu. Na semana passada, Agnaldo Benevides Carneiro, "Galeguinho", foi absolvido pelo júri popular, durante julgamento desse caso.

Fonte: Defato

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