domingo, março 24, 2024

Investigação aponta mensalinho para encobrir homicídios da contravenção no Rio

Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de mandar matar Marielle Franco — Foto: Reprodução

O relatório final da Polícia Federal sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista, Anderson, aponta indícios de que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, capitaneou por anos um esquema de cobrança de propina para não desvendar mortes relacionadas a contraventores.


Segundo a PF, ao menos quatro mortes tiveram as investigações obstruídas pelo time de Rivaldo na Delegacia de Homicídios


Investigados chegaram a citar pagamentos mensais à Delegacia de Homicídios de R$ 60 mil a R$ 80 mil. Eles ainda citam o pagamento de um bônus quando "crimes deixavam provas/rastros".


Os autos do relatório final também registram diálogo de um contraventor de nome Beto Bomba, que atribui o pagamento de R$ 400 mil a Rivaldo para o acobertamento dos assassinos de Marielle.


"Isso aí é o Rivaldo. É ele que levou quatrocentos cruzeiros, chefe. Eu to falando." E piora: por opor grupos opostos da contravenção, Beto Bomba torce para que a informação chegue à Polícia Federal. A conversa foi gravada com autorização da Justiça.


"A PF é quem tem que ter ciência agora que o Rivaldo perdeu. Tomou um dinheiro!", diz.


Prisões de mandantes neste domingo

Neste domingo (24), os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos apontados como mandantes do atentado contra Marielle Franco, em março de 2018, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, suspeito de atrapalhar as investigações.


Os três foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Murder, Inc. foi deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF). O caso era investigado pela PF desde fevereiro do ano passado.


Os presos seriam ouvidos na sede da PF no Rio e encaminhados para a Penitenciária Federal de Brasília.


Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ); Chiquinho é deputado federal pelo União Brasil — e por isso tinha foro especial; Rivaldo era chefe da Polícia Civil à época do atentado e hoje é coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição. Relembre aqui a trajetória dos três.


Domingos foi citado no processo desde o primeiro ano das investigações, em 2018, e chegou a depor no caso 3 meses após o atentado.


Os Brazão sempre negaram envolvimento no crime. Ubiratan Guedes, advogado de Domingos, declarou “ter certeza absoluta” de que seu cliente é inocente.


Fonte: g1

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