segunda-feira, fevereiro 26, 2024

Antes de ato na Paulista, Temer foi ao STF levar promessa de Bolsonaro de não atacar ministros

Bolsonaro durante ato na Avenida Paulista, no domingo, 25 de fevereiro. — Foto: Reprodução

O ex-presidente Michel Temer foi escalado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para antecipar ao Supremo Tribunal Federal que ele se comprometia a não fazer ataques à corte ou a seus ministros durante o discurso que faria -- e fez-- na avenida Paulista neste domingo (25).


Segundo relatos de integrantes do Supremo, Temer os procurou pessoalmente dizendo que Bolsonaro estaria ciente dos riscos de resvalar para uma fala anti-institucional e que podia garantir que o quadro do PL baixaria no tom e falaria, inclusive, em "pacificação".


Temer foi chamado e pegou um avião exclusivamente para falar com o ex-presidente. É a segunda vez que o emedebista é acionado por Bolsonaro em momento de crise.


Em 2021, depois do ato do 7 de setembro em que Bolsonaro bradou que não mais cumpriria ordem judicial -- o que é crime --, Temer foi chamado pelo então presidente ao Planalto e redigiu uma carta na qual Bolsonaro se reparava pela fala e, inclusive, fazia elogios ao ministro Alexandre de Moraes.


Como se sabe, a trégua retórica do ex-presidente, na ocasião, não durou muito.


Michel Temer passou a faixa da Presidência da República para Jair Bolsonaro — Foto: Marcos Corrêa/PR

Na Paulista neste domingo, Bolsonaro manteve o que havia sido sinalizado por Temer ao Supremo. Mas qual o resultado prático disso? Nenhum. As provas, informam integrantes da corte, os vídeos de reunião de cunho golpista, os áudios, as mensagens e as minutas que precedem o 8 de janeiro de 2022 não desaparecem nem pelo tom mais moderado do ex-presidente nem pelo fato de ele ter juntado milhares de pessoas na Paulista.


Para especialistas em marketing político ouvidos pelo blog, Bolsonaro se reafirmou como um cabo eleitoral importante, o que não é novidade para os que o acompanham e, principalmente almejam seu apoio, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.


Ao mesmo tempo, a foto do palanque vip do evento também evidencia que está aberta a temporada de caça ao espólio eleitoral do ex-presidente. Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) são os governadores cotados para correr pela direita em substituição ao ex-presidente inelegível em 2026.


Em ato na Paulista, Bolsonaro defende anistia para presos no 8 de janeiro — Foto: Miguel Schincariol/AFP

Fonte: Blog da Daniela Lima

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