terça-feira, setembro 05, 2023

E-mails revelam disputa entre militares e PF pela coordenação da segurança de Lula

Presidente Lula durante o velório de Pelé, na Vila Belmiro, em Santos (SP), em janeiro de 2023 — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

E-mails em poder da CPI dos Atos Golpistas revelam a rivalidade de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) com policiais federais em torno da segurança presidencial – uma disputa de bastidor que é bem conhecida em Brasília mas que, com os e-mails, fica mais clara.


Um dos e-mails, presente na caixa de entrada do ex-coordenador-geral de Operações de Segurança Presidencial do GSI, coronel Carlos Onofre Serejo Luz Sobrinho, contém um relatório que mostra como o GSI orientava seus agentes sobre a segurança de Lula no velório de Pelé, em janeiro.


Fica clara a divergência entre GSI e PF sobre planejamento e execução de segurança e como os agentes do GSI eram orientados a tratar os agentes da PF.



Entre as orientações do GSI sobre como tratar policiais federais está "manter o trato cordial", porém sem utilizar a expressão "Senhor Delegado" para não passar uma "sensação de inferioridade", segundo o relatório.


Como alternativa, o documento recomenda usar expressões como "meu amigo, meu camarada ou companheiros da PF" para fazer referência aos agentes que faziam a segurança presidencial.


O relatório é assinado pelo Major Wilton Naimaier Pontes, integrante da coordenação à época e que atualmente é assessor técnico da Coordenação-Geral de Capacitação do Departamento de Segurança Presidencial do GSI.


Em outro trecho, o relatório critica alguns agentes da Polícia Federal que estariam "mostrando total desinteresse" durante a missão de segurança do presidente no velório. E reclama que "três equipes de segurança" da PF fizeram planejamentos diferentes.


"Evento eh nosso não tem q ir fazer o Rec [reconhecimento] ou planejamento antes da nossa Eqp [equipe]", concluiu.


Já no relatório de uma visita de Lula à posse da presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, em 12 de janeiro, há críticas ao trabalho de um delegado da Polícia Federal, por "intervenções" feitas em algumas decisões sobre a segurança presidencial.


"O primeiro teve forte participação, intervindo em algumas decisões. Apesar disso, tal fato não prejudicou o planejamento da equipe evento nos pontos relevantes", afirma o documento.


Mudanças na segurança

Desde janeiro, a segurança imediata de Lula era realizada por uma secretaria extraordinária, comandada pelo delegado da Polícia Federal Aleksander Oliveira e vinculada ao gabinete pessoal do presidente.


A secretaria foi criada por Lula com previsão de funcionar por seis meses, prazo que se encerrou no final de junho.


Nessa estrutura, a maior parte da equipe de segurança é composta por policiais federais, seguindo o padrão adotado na transição de governo, no final do ano passado. Em gestões passadas, a competência era de militares, representados pelo GSI.


A definição do modelo de segurança colocou militares e policiais federais em atrito, pois as duas categorias queriam coordenar a segurança direta do presidente da República.


Fonte: Blog da Camila Bomfim

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