Depois de 50 dias, o operário de construção civil Waelinton Gonçalves dos Santos, de 33 anos, deixou o Complexo Prisional de Guaxindiba, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, no início da tarde desta segunda-feira (5). Segundo a família, Waelinton foi preso no lugar do irmão — que cometeu crimes em Natal (RN).
Waelinton estava almoçando na empresa onde trabalha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, quando foi preso.
O processo criminal ainda não terminou e ele terá que cumprir algumas medidas impostas pela Justiça.
"Cinquenta dias de sofrimento, não desejo pra ninguém. Muito terrível ficar num lugar desse no qual você sonha com sua liberdade a todo instante, onde você não se alimenta direito, não dorme direito, chegando a 29 pessoas numa cela de 20 m², onde você tem que se revezar pra dormir. É terrível", disse ao deixar o presídio.
De acordo com a defesa de Waellinton, o verdadeiro culpado pelos crimes é o seu irmão, Wando Gonçalves dos Santos — que está solto. Ele usava o nome do parente nas ações criminosas.
"Quero chegar em casa, colocar pra cabeça um pouco pra pensar, descansar um pouco a mente. Não tenho descansado desde que entrei num lugar desse aí. E tentar dar amor e carinho pra minha família, ficar perto deles o máximo possível e tentar esquecer um pouco isso aqui, tentar seguir em frente", falou Waelinton.
"Sei nem explicar direito. Eles chegaram com um mandado de prisão e pediram pra eu acompanhar até a delegacia. Chegando lá eles puxaram vários processos falando que tava no meu nome. Até então eu disse que desconhecia, mas mesmo assim eles pediram documentação, botaram minha digital, todos os meus dados, falaram que eu tava preso e vim parar aqui", explicou.
Entenda a confusão
Diego Moreira Saldanha, advogado da família, explicou que o verdadeiro Waelinton se mudou para o Rio de Janeiro em janeiro de 2015 — e no mês seguinte já estava empregado com carteira assinada.
Nessa época, segundo Diego, Wando estava preso, após roubar uma farmácia de Natal em outubro de 2014 — mas ele se identificou como Waelinton. Foi solto em maio de 2015.
Em agosto de 2015, o Waelinton real mudou de emprego no RJ, também de carteira assinada. Dez dias antes, em julho, um suspeito que se identificou como Waelinton foi baleado num confronto com policiais em Natal, depois de uma tentativa de roubo junto com outros três menores. Ele conseguiu fugir do hospital e nunca foi formalmente identificado.
O terceiro crime foi um homicídio, que aconteceu no fim de agosto — e Waelinton, no Rio, estava em lua de mel.
“O Waelinton se casou no dia 20 de agosto de 2015. Como é que uma pessoa em lua de mel sai do RJ, vai até o RN, comete um homicídio e retorna para a sua cidade?”, questionou Diego.
Dois alvarás de soltura
Depois que Waelinton foi preso, no mês passado, a defesa entrou com recurso pedindo que ele fosse solto. O juiz do processo do homicídio a princípio negou. Mas depois de uma manifestação favorável do Ministério Público, a prisão foi revogada, no último dia 27.
No processo a que ele responde pelo porte de arma ilegal, o juiz reconheceu que a pessoa presa na ocasião, que depois fugiu, não foi identificada — e determinou outro alvará de soltura para Waelinton, no último dia 23.
O RJ1 questionou a Justiça potiguar, mas, até a publicação desta reportagem, não houve resposta.
Fonte: g1
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