quinta-feira, julho 27, 2023

Caso Padre Airton: MPPE diz que ofereceu denúncias à Justiça em inquéritos sobre crimes sexuais

Padre Airton Freire em frente à 'casinha' — Foto: Reprodução/Instagram

O Ministério Público de Pernambuco informou que ofereceu denúncias à Justiça nos dois inquéritos concluídos sobre crimes sexuais praticados pelo Padre Airton Freire e funcionários, na Fundação Terra. Há cinco investigações abertas sobre estupros e outros crimes, de acordo com a Polícia Civil. Uma delas, que foi concluída, é o da personal stylist Silvia Tavares, que levou o caso a público em maio.


Padre Airton Freire foi denunciado por cinco pessoas por abusos que teriam sido praticados com a ajuda de funcionários. Nesta quinta-feira (27), um desses funcionários, Landelino Rodrigues da Costa Filho, foi preso em Garanhuns, no Agreste. Ainda está foragido o motorista Jailson Leonardo da Silva.



A investigação do caso foi intitulada Operação Amnom. O religioso está preso preventivamente e internado em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no Recife, com "princípio de acidente vascular cerebral (AVC)". A defesa dele nega as acusações.


Na quarta-feira (26), a Polícia Civil informou que concluiu dois dos cinco inquéritos e que indiciou quatro pessoas nesses dois procedimentos. Esses indiciamentos foram remetidos ao Ministério Público. Os indiciados são:


Padre Airton Freire: teria abusado e ordenado abusos contra vítimas (preso);

Landelino Rodrigues da Costa Filho, de 34 anos: trabalhava com comunicação e era responsável pela filmagem e gravação das missas e dos eventos (preso nesta quinta-feira).

Jailson Leonardo da Silva: motorista suspeito de estuprar a personal stylist Silvia Tavares, que levou o caso a público (foragido);

Motorista indiciado por falso testemunho: segundo a polícia, o nome não foi divulgado porque não há mandado de prisão contra ele.

O MPPE não informou quais desses quatro homens foram denunciados, nem quais os crimes pelos quais eles respondem. O processo, que corre em segredo de Justiça, agora segue para o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que decide se aceita a denúncia e leva adiante.


O Ministério Público também disse que as medidas cautelares em vigor "visam assegurar o ambiente adequado para elucidação dos graves fatos apurados e para resguardar a instrução criminal, assegurando a livre produção de provas, especialmente em processos que, pela natureza dos ilícitos, produzem inequívoca vulnerabilidade em vítimas e testemunhas".


Defesas

Sobre a denúncia do MPPE, os advogados do Padre Airton disseram que ele é inocente e afirmaram que não tiveram à denúncia do Ministério Público divulgada via imprensa. Também disse o seguinte:


Que existem provas técnicas e testemunhais que atestam que o Padre Airton é inocente;

Que as provas "não podem ser ainda reveladas pelo fato de as investigações estarem sob segredo de Justiça".

Que nem a Polícia Civil nem o MPPE se pronunciaram sobre "tentativa de extorsão praticada por uma das supostas vítimas contra o padre Airton";

Que a prisão preventiva "fere a legislação brasileira e o direito internacional" porque o religioso "nunca tentou impedir as investigações, não coagiu testemunhas, nunca representou ameaça de cometimento de crimes e se apresentou espontaneamente à Justiça".


A defesa de Landelino Rodrigues, preso nesta quinta-feira, disse que "todos os fatos alegados serão, em momento oportuno, devidamente esclarecidos durante a instrução processual". Afirmou, sobre a prisão, que "se trata de uma privação de liberdade descabida, que viola as garantias fundamentais elencadas na Constituição Federal".


A defesa também afirma que o homem preso é inocente "e não representa ameaça alguma para as supostas vítimas, tampouco para o transcurso do processo penal. No decorrer da instrução processual, a verdade será revelada e sua inocência, comprovada".


Já os advogados de defesa de Jailson Leonardo da Silva afirmam que o motorista "não possui histórico de qualquer conduta criminosa" e que, por isso, "a defesa está trabalhando na revogação da decretação de sua prisão preventiva pois entende ser essa totalmente infundada e desproporcional"


Também disseram que é "absurdo esperar que alguém acusado injustamente de um crime gravíssimo e altamente estigmatizante se entregue espontaneamente ao presídio, onde se sabe o risco inclusive de vida que ele pode sofrer, principalmente quando há provas de sua inocência nos autos que estão sendo completamente desconsideradas".


Ainda segundo a defesa, Jailson "está fazendo uso de suas garantias fundamentais em não se render".


Por fim, a defesa também diz que o indiciamento não significa culpa ou condenação criminal transitada em julgado. "É direito natural do ser humano lutar por sua liberdade, inocência e justiça, e neste caso, tudo está sendo feito conforme a lei", afirma.



Relembre o caso

Em maio, a personal stylist Silvia Tavares veio a público denunciar ter sido estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos, a mando do Padre Airton, que, segundo ela, se masturbava vendo o abuso. O crime, segundo ela, aconteceu no dia 18 de agosto de 2022.

A igreja, então, suspendeu Padre Airton das atividades religiosas. Padre Airton também pediu afastamento da presidência da Fundação Terra e disse que as acusações são falsas.

O motorista Jailson Leonardo da Silva também se disse inocente, alvo de "denúncias fantasiosas".

Dois meses depois disso, Padre Airton foi preso preventivamente em Arcoverde.

O Ministério Público, então, informou que havia cinco inquéritos abertos, e que outras vítimas além de Silvia Tavares tinham sido identificadas.

Uma delas é um ex-funcionário do padre, que afirmou ter sido dopado e ter acordado só de cueca numa cadeira. Ele também disse que os abusos eram frequentes.

Uma terceira pessoa foi uma mulher que diz ter sido vítima um ano e meio antes do suposto estupro de Silvia Tavares. Ela afirma que conseguiu escapar. 'Toda vez que eu olho para um padre, vejo Padre Airton se masturbando', disse.

Silvia Tavares disse que, depois da denúncia, começou a receber ameaças de morte de seguidores de Padre Airton.

A Polícia Civil indiciou o padre e mais três pessoas e concluiu dois inquéritos sobre o caso.

Uma das pessoas indiciadas, Landelino Rodrigues da Costa Filho, foi preso em Garanhuns, no Agreste. Landelino, que estava foragido, trabalhava com comunicação e era responsável pela filmagem e gravação das missas e dos eventos.


Fonte: g1

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