segunda-feira, maio 15, 2023

Relatório descarta falha mecânica e aponta que 'avaliação inadequada' do piloto contribuiu no acidente que matou Marília Mendonça

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas (Cenipa), da Força Aérea Brasileira, concluiu que não houve falha mecânica e apontou que o julgamento do piloto no momento de aproximação da aeronave para o pouso contribuiu para o acidente que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em Piedade de Caratinga, na Região do Rio Doce, em Minas Gerais, em 5 novembro de 2021.


Avião com cantora Marília Mendonça caiu em Minas Gerais — Foto: Reprodução


"Houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada", diz um trecho do relatório sobre o acidente aéreo, divulgado na noite desta segunda-feira (15).

Mais cedo, antes da divulgação do relatório do Cenipa para a imprensa, o advogado da família de Marília Mendonça havia afirmado durante uma coletiva que o acidente não foi causado por erro do piloto nem por falha da aeronave. "De modo geral, o Cenipa entende que não houve nenhum erro do piloto. Atitudes tomadas fora do plano de voo não são erradas", disse Robson Cunha. O relatório, no entanto, diz que o piloto teve uma "avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave".


Segundo o Cenipa, a aproximação da aeronave "foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada" e "com uma separação em relação ao solo muito reduzida". Isso significa que o avião estava mais baixo do que deveria naquele ponto.


O Cenipa levantou a possibilidade de que a tripulação da aeronave estivesse "com a atenção (visão focada) direcionada para a pista de pouso em detrimento de manter uma separação adequada com o terreno em aproximação visual".


A aeronave bateu em um cabo de uma torre de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). No entanto, a linha de transmissão estava fora da zona de proteção do aeródromo e tinha altura inferior a 150 metros – 38,5 metros – e, por isso, segundo o Cenipa, "não representava um efeito adverso à segurança".


"Uma vez que a linha de 69 kV encontrava-se fora dos limites de Zona de Proteção de Aeródromo (ZPA) estabelecidos pelo PBZPA, ela não se caracterizava como um obstáculo que pudesse causar efeito adverso à segurança ou regularidade das operações aéreas".

Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, divulgadas em novembro de 2022, concluíram que a aeronave estava voando baixo e que o piloto não seguiu o padrão de pouso do aeródromo – ele fez a aproximação pelo lado correto, mas "se afastou" do local recomendado e saiu da zona de proteção. Uma das hipóteses levantadas pela polícia é que ele tenha tentado fazer um pouso "mais suave".


A zona de proteção é a área de entorno sujeita a restrições para que aeródromos possam operar com segurança. Apenas os obstáculos inseridos dentro da zona de proteção são inseridos no Notam, documento de referência para pilotos.


O g1 pediu um posicionamento à Cemig e aguarda retorno.


O acidente


Infográfico mostra local do acidente que vitimou Marília Mendonça — Foto: Arte G1


Marília Mendonça viajava para Caratinga, onde faria um show na noite de 5 de novembro de 2021.


O avião bimotor de pequeno porte que transportava a cantora e mais quatro pessoas caiu em uma cachoeira após bater em um cabo de uma torre de distribuição da Cemig.


Além de Marília Mendonça, morreram no acidente o piloto Geraldo Medeiros, o copiloto Tarciso Viana, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho.


De acordo com a Polícia Civil, todos foram vítimas de politraumatismo contuso.


Marília Mendonça — Foto: Divulgação


Fonte: g1

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