quinta-feira, março 02, 2023

Haddad diz que medidas eleitorais de Bolsonaro geraram alta de juro e desaceleração da economia, mas não vê recessão


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (2) que a desaceleração da economia em 2022 está relacionada com uma reação do Banco Central às atitudes do governo Bolsonaro — que elevou gastos em ano eleitoral.


"Uma razão evidente de que houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou aumento da taxa de juros, o que explica essa desaceleração", declarou ele.


No último ano, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9%, contra uma expansão bem maior, de 5%, em 2021.


Em 2022, o Banco Central elevou a taxa básica de juros da economia de 9,25% e terminou o ano em 13,75% ao ano — o maior nível em mais de seis anos — para combater pressões inflacionárias.


A inflação subiu no Brasil em meio à pandemia da Covid-19, que gerou falta de alguns produtos e limitação de serviços, da guerra na Ucrânia (que impulsionou os preços de alimentos e combustíveis) e, também, do aumento de gastos públicos.


Em julho de 2022, o governo Bolsonaro aprovou a chamada PEC Kamikaze no Congresso Nacional, que mudou a Constituição (permitindo furar o teto de gastos) e criou um estado de emergência às vésperas da eleição.



A medida permitiu ao governo anterior driblar leis para criar benefícios sociais em ano eleitoral, o que é proibido. O custo foi calculado em R$ 41 bilhões.


Novo governo

Fernando Haddad disse, também, que o governo atual está tentando reverter esse quadro para que, com uma eventual queda da taxa de juros, o Brasil possa retomar uma "curva ascendente" de crescimento econômico.


A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, também elevou despesas públicas. Aprovou, após as eleições, a chamada PEC da transição, que elevou em até R$ 168 bilhões os gastos públicos neste ano para custear o Bolsa Família e a recomposição de áreas como saúde e educação, além de investimentos.


Em janeiro, a equipe econômica chefiada por Haddad anunciou um pacote de medidas, centrado na busca por receitas, para tentar baixar o rombo das contas públicas de R$ 231 bilhões (valor que consta no orçamento federal) para menos de R$ 100 bilhões.


Recentemente, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o aumento maior do salário mínimo, para R$ 1.320 a partir de maio deste ano, e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.640 por mês. Ambas medidas aumentam o rombo orçamentário.



Sem recessão

O ministro da Fazenda também disse que não trabalha com a perspectiva de recessão neste ano, fenômeno que se caracteriza por dois trimestres seguidos de tombo na atividade econômica. Nos últimos três meses do ano passado, o PIB caiu 1,7%, segundo o IBGE.


"Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão, mas evidentemente a manutenção das taxas [de juros] nesse patamar enseja na desaceleração da economia. As medidas que estamos tomando vem ao encontro do desejo do Banco Central de reduzir as taxas de juros para que a atividade econômica não sofra os efeitos da política monetária", acrescentou.


Essa é uma nova referência da equipe econômica ao processo de alta dos juros, conduzido pelo Banco Central para tentar conter as pressões inflacionárias. O BC autônomo, comandado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, já foi alvo de ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Nesta quarta-feira (1), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o patamar da taxa de juros brasileira e afirmou que esse é o "principal problema econômico" do país atualmente. Apesar disso, afirmou também que não está pressionado o Banco Central a reduzir o juro básico da economia.


Fonte: g1

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