terça-feira, janeiro 17, 2023

Em Davos, Marina cobra repasses de US$ 100 bilhões de países ricos para proteção ambiental

Em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, cobrou nesta terça-feira (17) o compromisso das nações desenvolvidas de repassarem aos países em desenvolvimento US$ 100 bilhões para a proteção ambiental.


Ministra Marina Silva durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, é observada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: REUTERS/Arnd Wiegmann


Marina fez o apelo durante um painel ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Eles são os representantes do Brasil no encontro anual de lideranças mundiais para discutir questões econômicas globais.


Sobre o Fundo Amazônia, abastecido por países como Noruega e Alemanha, a ministra disse à imprensa, após o evento, que negocia também doações com as fundações do ator Leonardo DiCaprio e do bilionário e fundador da varejista Amazon, Jeff Bezos. (Leia mais abaixo.)


Fogo consome terras desmatadas por pecuaristas perto de Novo Progresso, no Pará, em 2020. — Foto: Andre Penner/AP


Repasses de US$ 100 bilhões

Como parte do Acordo de Paris, fechado em 2015, os países ricos se comprometeram a garantir o financiamento de US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020, para ajudar os mais pobres no enfrentamento das mudanças climáticas.


No entanto, a meta não vem sendo cumprida. Por essa razão, havia uma expectativa de que as negociações da Conferência do Clima da ONU do ano passado, a COP 27, selassem alguma medida imediata. Nenhum avanço, porém, foi visto nesta questão e a promessa segue sem definição.


Nós temos uma boa regulação global, mas faltam os investimentos. Os 100 bilhões [de dólares] que eram o compromisso dos países desenvolvidos ainda não foram aportados. Nós temos que ter um aporte de recursos para ações de mitigação, como também de adaptação.

— Marina Silva, durante o Fórum Econômico Mundial

Mitigação se refere aos esforços para reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e, assim, limitar o aquecimento bem abaixo de 2°C.

Já adaptação reúne ferramentas e soluções para reduzir os impactos frente à crise climática.

"Nós temos que ter aporte de recursos para ações de mitigação, como também de adaptação", acrescentou a ministra, que cobrou também ações mais efetivas de países ricos, como a redução de emissões de combustíveis fósseis.


Fundo Amazônia

Na entrevista após o painel, Marina revelou estar em contato com instituições e entidades filantrópicas para captar mais recursos para o Fundo Amazônia.



Além das fundações comandadas por Leonardo DiCaprio e Jeff Bezos, as negociações envolvem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).


Criado há 14 anos para financiar ações de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento, o fundo é considerado uma inciativa pioneira na área e foi retomado pelo governo Lula após ficar congelado durante a gestão Bolsonaro.


A fundação do Leonardo DiCaprio está fazendo ações para captar 100 milhões de dólares para o Fundo Amazônia (...). Agora, é claro que a filantropia tem mais agilidade que os acordos com governos.

— Marina Silva, ministra do Meio Ambiente

Atualmente, os recursos do fundo vêm principalmente de doações da Noruega e da Alemanha e repasses da Petrobras.


Protagonismo brasileiro

Ainda no painel, a ministra destacou a importância histórica do Brasil no cenário ambiental, mas ponderou esse protagonismo foi perdido nos últimos 4 anos, o que, na sua visão, "colocou o Brasil em um ponto muito difícil do ponto de vista da agenda ambiental, de direitos humanos e de enfrentamento às desigualdades sociais".



"O Brasil tinha um ciclo de redução do desmatamento, hoje estamos com recordes, com a agenda ambiental totalmente desmontada", afirmou.

Como mostrou o g1, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal foi de 10.267 km², somente de janeiro até o último dia 30 de dezembro de 2022, segundo dados divulgados no começo do ano pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).


É a pior marca da série histórica anual do Deter, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do instituto.


Gado pasta em uma área desmatada da Reserva Extrativista Chico Mendes, em dezembro de 2022, em Xapuri, no Acre. — Foto: AP Foto/Eraldo Peres


Em sua fala, a ministra afirmou ainda que preservar a floresta amazônica não é uma responsabilidade apenas brasileira e defendeu uma meta global para reduzir a perda de florestas.



"O Brasil tem compromissos ambiciosos em relação a ser um país que quer ser economicamente próspero, socialmente justo, politicamente democrático, culturalmente diverso e ambientalmente sustentável", acrescentou.

Na segunda-feira (17), a ministra já havia participado de outro painel de debates em que falou sobre o papel do Brasil nas discussões climáticas.


Nesta terça, Marina comentou também os ataques terroristas de bolsonaristas radicais em Brasília no dia 8 de janeiro e disse que a capacidade de resposta do governo federal e de outras instituições em poucas horas demonstra que as instituições brasileiras estão fortalecidas.


Fonte: g1

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