segunda-feira, novembro 21, 2022

Jogadores do Irã não cantam hino nacional em forma de protesto

Os jogadores da seleção de futebol do Irã optaram por não cantar o hino de seu país antes da partida da Copa do Mundo contra a Inglaterra nesta segunda-feira (21), em uma aparente demonstração de apoio aos manifestantes do país.


Seleção iraniana durante apresentação no campo em Doha, no Catar — Foto: Marko Djurica/REUTERS


Todos os 11 jogadores titulares ficaram em silêncio enquanto o hino era tocado no Khalifa International Stadium.


O técnico, o português Carlos Queiroz, admitiu que os jogadores de sua equipe estão sofrendo com a pressão dos protestos no país, depois da goleada sofrida para a Inglaterra (6-2) na estreia nesta segunda-feira pelo Grupo B da Copa do Mundo.



Em declarações depois da partida contra os ingleses, Queiroz afirmou que a situação política no Irã afetou o time.


"Não é bom vir ao Mundial e pedir a eles que façam coisas que não são sua responsabilidade. Eles querem dar orgulho e alegria ao povo", afirmou o treinador à imprensa.


"Vocês nem imaginam o que esses rapazes estão vivendo a portas fechadas nos últimos dias", disse ele.


"Não importa o que eles digam, as pessoas querem matá-los. Você imagina estar em um momento de sua vida em que pode ser assassinado por tudo o que você diz? Com certeza temos sentimentos e crenças e em seu devido tempo, no momento adequado, os expressamos", afirmou Queiroz.

Capitão liderou

Liderados pelo capitão Alireza Jahanbakhsh, os iranianos permaneceram de pé e em silêncio na execução do hino antes do jogo.


Jahanbakhsh tinha dito que a equipe decidiria de forma conjunta se cantaria ou não em solidariedade às manifestações, que começaram após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos.


Caso Mahsa Amini

O país vive uma onda de protestos há dois meses. As manifestações começaram como reação ao caso da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, que apareceu morta após ser presa pela polícia dos costumes do país por "uso inadequado" do véu islâmico, obrigatório no Irã.



Desde o início das manifestações no Irã, em setembro, cerca de 380 pessoas morreram, incluindo pelo menos 47 crianças, segundo a Iran Human Rights Watch, a principal organização de monitoramento das manifestações.


Apoio de esportistas

A suposta manifestação de apoio dos jogadores do Irã não é a primeira manifestação de apoio por parte de esportistas. Recentemente, um jogador de futebol de areia, Saeed Piramoon, comemorou um gol fazendo uma mímica para indicar que estava cortando o cabelo —muitos manifestantes cortam o cabelo como forma de protesto no Irã.


Bandeira proibida no estádio

De acordo com o “New York Times”, alguns torcedores foram proibidos de entrar com a bandeira persa, que tem sido usada pelos manifestantes, no estádio.


A bandeira persa e do Irã são parecidas, mas na primeira há imagem de um leão e de um sol, e na segunda, símbolos islâmicos.


Protestos contra morte da jovem Mahsa Amini no Teerã, capital do Irã, no dia 21 de setembro. — Foto: Reuters


As reivindicações, contra a repressão às mulheres, rapidamente se tornaram o maior movimento para desafiar a República Islâmica desde a sua proclamação em 1979.


Desde o começo dos protestos, o governo vem respondendo com forte repressão às manifestações. Entre os 380 mortos, 47 eram crianças, segundo disse o diretor da Iran Human Rights Watch, Mahmood Amiry-Moghadda, à agência de notícias France Presse.


Fonte: g1

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