segunda-feira, julho 11, 2022

MPRJ denuncia madrasta acusada de envenenar enteados: 'Agiu livre e conscientemente com vontade de matar'

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou nesta segunda-feira (11) Cintia Mariano Cabral pela morte da enteada e pela tentativa de homicídio contra o enteado.


Cíntia Mariano está presa por suspeita de envenenar os enteados — Foto: Reprodução


Fernanda Cabral, de 22 anos, morreu em março deste ano e, segundo a polícia, a madrasta é suspeita de ter tentado intoxicar propositalmente o irmão dela, Bruno Cabral, de 16 anos, em maio.


A denúncia foi feita pela 3ª Promotoria de Investigação Penal da Área Territorial Bangu e Campo Grande que entendeu que "Cíntia agiu livre e conscientemente, com vontade de matar, envenenando a comida dos enteados". A promotoria também requereu a prisão preventiva dela.


O MP sustenta ainda que há nos autos prova cabal da materialidade dos crimes praticados contra as vítimas Fernanda e Bruno.


“Após os fatos, ambas (vítimas) apresentaram, como pontuado no relatório da autoridade policial, sintomas típicos de intoxicação exógena por carbamato (chumbinho), quando verificados de forma simultânea”, diz trecho da denúncia.


A denúncia do Ministério Público se baseou nas investigações, nos laudos técnicos de necropsia e nos depoimentos dos filhos de Cíntia Mariano.


Lucas Mariano declarou na delegacia que investiga o caso que a mãe havia manipulado o feijão de Fernanda e Bruno, e que a mesma confessou para ele ter colocado chumbinho no prato de Bruno e que havia feito “a mesma coisa com Fernanda, tudo por amor a Adeilson”.


Já Carla, também filha de Cíntia, narrou que sua mãe, após a vítima Bruno separar parte da comida no prato, colocou mais feijão, bem como que notou um líquido esverdeado escuro e brilhoso no prato.


A promotoria reforçou que a restrição de liberdade de Cíntia é necessária para a garantia da ordem pública e da regular instrução criminal: “Os crimes por ela praticados são extrema e concretamente graves e, por terem sido praticados em sequência, após curto intervalo, indicam a inclinação da demandada à prática delituosa, a qual oferece riscos à coletividade. (…) Os crimes foram praticados em âmbito familiar e a maioria das testemunhas poderia ser influenciada pela denunciada – sobretudo os seus filhos -, o que tumultuaria e colocaria em risco a integridade da instrução probatória”, escreveu a promotora do caso.



Filha: 'sinto muita raiva'

A filha de Cíntia falou pela primeira vez, na quarta-feira (6), com o RJ2. Ela não quis ser identificada, mas contou que, inicialmente, não desconfiava da mãe, que não a visitou e nem pretende visitá-la na cadeia.


“Sinto muita raiva, decidi falar hoje, não tinha falado com ninguém. Eu estava realmente esperando o laudo, mesmo sabendo, a gente fica esperando uma confirmação".


"Pra mim, ela não é mais minha mãe. Eu vou seguir, é uma coisa que só o tempo vai ajeitando. Estou tentando voltar a minha rotina", disse.


Fernanda Cabral, de 22 anos, morreu em março desse ano, e Cíntia está presa pelo crime, em Bangu. Segundo a polícia, ela é suspeita de ter envenenado a jovem e de ter tentado intoxicar propositalmente o irmão dela, Bruno Cabral, de 16 anos.



“Todo mundo que conhece ela [Cíntia Mariano] tá muito surpreso. Ela fez de uma forma que não deixou passos, não deixou rastros. Acredito que com o Bruno aconteceu para que a gente realmente pudesse descobrir da Fernanda. Se não acontecesse isso, ia passar batido”, falou.


Fernanda Cabral morreu em março — Foto: Reprodução/Redes sociais


A jovem morava com Cíntia e com o padrasto, Adeílson Cabral, em Realengo, Zona Oeste do Rio, e estava presente nas duas ocasiões: quando Fernanda passou mal, em março, e quando Bruno passou mal, dois meses depois.


Ela conta que Cíntia chegou a confessar o crime para ela e para o irmão.


“Eu falei: ‘me fala pra eu conseguir dormir’. Aí ela falou: ‘eu fiz’. E desligou o telefone. Segundo a filha, Cíntia também assumiu o crime pessoalmente.



“Ela tentou negar da Fernanda, mas do Bruno, ela, em nenhum momento negou. Aí eu fiquei falando da Fernanda e ela disse: ‘eu fiz’. Ela estava sentada e a minha mãe era uma pessoa que nunca deixaria eu gritar com ela. Aí eu gritei, gritei muito pela Fernanda, porque eu tinha uma relação muito boa com a Fernanda. Aí eu gritei e ela só escutava. Se a pessoa não fez nada, ela não deixa te acusarem assim".


Apesar de ter assumido para os filhos, a filha conta que Cíntia não revelou o motivo de ter envenenado os enteados.


Laudos comprovam intoxicação


Jane Cabral com a filha Fernanda, que morreu em março: "Crime está sendo comprovado" — Foto: Reprodução/Redes Sociais


O corpo de Fernanda foi exumado no dia 26 de maio para saber se ela também foi envenenada. Com base no prontuário médico, a perícia concluiu que a jovem morreu por intoxicação.


A análise toxicológica feita no corpo da jovem não chegou a detectar substâncias tóxicas, por já ter passado muito tempo da morte. Mas o laudo do Instituto Médico Legal (IML), feito após a exumação, concluiu que houve envenenamento.


Outro laudo IML, que também saiu esta semana, confirmou que Bruno foi igualmente envenenado. Os peritos do IML identificaram intoxicação por chumbinho e outros dois tipos de compostos tóxicos no material gástrico recolhido.


Essas eram as provas que a Polícia Civil esperava para ligar Cíntia à morte de Fernanda, além do envenenamento de Bruno. Com esta confirmação, a polícia vai pedir ainda essa semana a conversão da prisão de Cíntia, de temporária para preventiva.


Bruno Cabral: exames após suposto envenenamento e intubação — Foto: Reprodução/Rede social


Fonte: g1

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