terça-feira, julho 05, 2022

Com maior chuva em 24 anos, Natal entra em calamidade pública

Com o maior volume de chuvas em 24 anos, Natal teve um fim de semana de ruas alagadas, transbordamento de lagoas de captação, aberturas de buracos e casas interditadas. Foram 235 milímetros na capital nos quatro primeiros dias de julho e 164,5 milímetros apenas no domingo. Os estragos levaram a Prefeitura de Natal a decretar estado de calamidade. Pelo menos 28 residências foram interditadas pela Defesa Civil da capital nos bairros de Felipe Camarão, Ponta Negra, Candelária e Nordeste.


Magnus Nascimento
Chuvas provocaram prejuízos em vias públicas e obrigaram a Defesa Civil a interditar 28 casas na capital potiguar


Com a oficialização da situação de calamidade, o município dispensa licitação para compra de materiais e contratação de serviços para recuperação de áreas afetadas. O documento autorizou ainda que agentes de Defesa Civil possam usar bens particulares e entrarem em casas para prestar socorro ou determinar evacuação, em caso de risco iminente. 


Na capital, as chuvas registradas foram intensas durante todo o domingo. O volume registrado foi quase o total do esperado para o mês de julho, que tem média histórica de 245mm, a maior precipitação desde 1998. “Outra chuva como essa em Natal, ocorreu 30 de julho de 1998 quando em um só dia choveu 253,2 mm”, comentou Gilmar Bristot, chefe da unidade Instrumental de Meteorologia da Emparn.


Magnus Nascimento
Carros ficaram pelo caminho na Avenida Abel Cabral


Ruas e avenidas ficaram alagadas, em alguns casos, com água acima do nível da cintura. Um homem precisou abandonar o carro na rua da Saudade, em Nova Descoberta. Lagoas de captação transbordaram e obrigaram famílias a abandonarem suas casas. As chuvas levaram a Prefeitura de Natal a adiar o retorno do ano letivo, previsto para esta segunda-feira (4).


“Não tenho ideia de como está minha casa. A água estava quase pelo teto. Moro em frente a uma lagoa de captação. Quando meu marido entrou lá, roupa, cama, móveis, estava tudo alagado. Não tenho perspectiva de quando vamos voltar para lá” lamentou a cuidadora de idosos Lucimaria da Conceição, moradora do conjunto Santarém, em Nossa Senhora da Apresentação. “Perdi tudo”, lamentou.


População precisou lidar com água acima da cintura


De acordo com a diretora da Defesa Civil de Natal, Fernanda Jucá, a situação mais crítica foi no bairro Felipe Camarão, na zona Oeste. Foram crateras e buracos na rua Mirassol. Um homem chegou a ficar ilhado com seu carro dentro de casa, com o buraco na porta da residência. Os moradores foram para casa de familiares e em alguns casos, para abrigos disponibilizados pela prefeitura.


“Tivemos 12 lagoas que transbordaram, algumas atingiram muitas casas, outras ficaram mais nas ruas, isolando e desviando trânsito. Essas áreas de lagoas vamos voltar para vistoriar as casas. Até o momento não tivemos necessidade de acolhimento das casas de Felipe Camarão”, comenta. A diretora da Defesa Civil informou ainda que não foram registrados deslizamentos de terras em áreas de risco de Natal, como Comunidade do Jacó, nas Rocas, Passo da Pátria, na Ribeira, e em Mãe Luiza.


Lagoa de São Conrado voltou a transbordar



Também de acordo com o órgão, as lagoas que sofreram transbordo foram as seguintes: Panatis, São Conrado, Esperança, Pajuçara, Xavantes, Pirangi (Ayrton Senna), Soledade, Santarém, Jacaré, Preá, Ponta Negra e Jiqui. “Sobre as lagoas, algumas tiveram problemas nas bombas, algumas conseguimos acionar e elas melhoraram. Às vezes acontece com bombas de acionamento automático e elas não funcionam. Nisso, transborda. Mas transbordaria mesmo com a bomba funcionando, porque o volume de chuva foi muito alto e foi concentrado, com pancadas fortes. Isso sobrecarrega o sistema”, acrescenta.


Outro transtorno foi registrado na Avenida Felizardo Moura, uma das mais movimentadas da zona Norte da cidade. A via precisou ser fechada parcialmente por causa de grandes buracos, que já foram reparados na manhã da segunda (4). Do outro lado, na zona Sul, a Rota do Sol, via que liga Natal à Parnamirim seguiu intransitável durante toda a segunda (4) por causa do acúmulo de chuvas.


A rodovia foi interditada nos dois sentidos após a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da Caern transbordar. A Caern enviou equipes para atuar na recomposição da estrutura da Lagoa de Infiltração da ETE, conhecida como talude. Também está sendo instalada mais uma bomba, de maior vazão, para operar junto a já existente, para drenar o excesso de água que invadiu a Rota do Sol. A previsão da Companhia, se o tempo se mantiver estável, é que nesta terça-feira (5) toda a estrutura esteja reforçada.


Região Metropolitana


A Grande Natal também registrou chuvas acumuladas acima de até 226 milímetros. Chuvas intensas ocorreram em Macaíba, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Um homem de 59 anos morreu em São José de Mipibu, ao tentar desentupir um bueiro e um muro cair por cima dele. O Centro de Macaíba ficou completamente alagado e a água invadiu lojas, causando prejuízos a comerciantes da cidade.


Na Avenida Abel Cabral, uma das principais vias do bairro Nova Parnamirim, em Parnamirim, ficou completamente intransitável no domingo, na altura do Condomínio Nimbus, próximo ao cruzamento com a Avenida Ayrton Senna. Alguns motoristas que se arriscaram a passar pela região alagada ficaram pelo caminho e tiveram de abandonar os veículos, que ficaram boiando. Na manhã seguinte, quatro carros continuavam no local, aguardando o “resgate” dos donos.


Confira a previsão para esta semana:

Fonte: Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn)


Terça, 5: Céu parcialmente nublado a claro em todas as regiões


Quarta, 6: Céu parcialmente nublado a claro em todas as regiões


Quinta, 7: Céu parcialmente nublado com chuvas em todas as regiões


Sexta, 8: Céu parcialmente nublado com chuva em todas as regiões


Sábado, 9: Céu parcialmente nublado a claro em todas as regiões, com possibilidade de pancadas de chuva no Litoral


Domingo, 10: Céu parcialmente nublado a claro em todas as regiões, com possibilidade de pancadas de chuva no Litoral


Fonte: Tribuna do Norte

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