terça-feira, junho 21, 2022

Rússia deve intensificar ataques esta semana, diz Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta segunda-feira (20) que espera que a "Rússia intensifique os ataques esta semana", a poucos dias do debate entre os 27 países da União Europeia (UE) sobre a candidatura de Kiev ao bloco.


O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em visita à cidade de Mykolaiv, no sul do país, em 19 de junho de 2022. — Foto: via Reuters


No fim de semana, a UE emitiu um parecer favorável à nova entrada, um dos principais passos para que um país passe a fazer parte do bloco.


"Nesta segunda-feira começa uma semana realmente histórica", afirmou Zelensky sobre a aguardada resposta da UE a respeito da concessão do status de país candidato à Ucrânia.

Depois que a Ucrânia recebeu a luz verde da Comissão Europeia na sexta-feira (17), os países da UE se reunirão na quinta-feira e sexta-feira para decidir se Kiev pode entrar para a categoria de candidato, uma decisão que deve ser tomada por unanimidade.



"Obviamente esperamos que a Rússia intensifique os ataques esta semana", advertiu o presidente ucraniano, segundo quem as tropas de seu país se preparam para este cenário e estão "prontas".

Zelensky disse que os russos "reagrupam suas forças na direção de Kharkiv e da região de Zaporizhzhia" e continuam bombardeando as infraestruturas de combustíveis. Ele afirmou que o Exército responderá aos ataques, ao mesmo tempo em que admitiu "perdas significativas".


Serguei o governador de Luhansk, região do leste do país que foi alvo de intensos bombardeios nas últimas semanas, informou que "os russos tentaram um avanço na área de Toshkivka e conseguiram parcialmente", mas destacou que a artilharia ucraniana funcionou e o conjunto do avanço não teve êxito.



Toshkiva fica ao sul de Lysychansk, a cidade gêmea de Severodonetsk, que concentra a ofensiva na bacia de mineração do Donbass (leste da Ucrânia).


Morteiro explode na beira da principal estrada que de acesso à cidade de Lysychansk, no leste da Ucrânia, em 26 de maio de 2022. — Foto: Aris Messinis/ AFP


Em Lysychansk há indícios de preparação para um combate nas ruas: os soldados instalaram arame farpado e a polícia deslocou os destroços de veículos queimados para tentar impedir a passagem dos russos.


O governo local negou no domingo a tomada da toda Severodonetsk pelos russos, mas admitiu que as tropas de Moscou "controlam a maior parte" da cidade.


O Ministério russo da Defesa reivindicou o controle de Metiolkine, na periferia de Severodonetsk.


Severodonetsk é uma posição estratégica par ao rumo da batalha no Donbass, região que é parcialmente controlada pelos separatistas pró-Rússia desde 2014.

Na frente sul, o exército ucraniano afirma que as forças russas "não conseguem avançar no terreno" e apenas continuam com os bombardeios.


O ministério da Defesa da Rússia informou que utilizou mísseis de cruzeiro para atacar uma fábrica em Mykolaiv e destruiu "dez obuses de 155 mm e até 20 veículos blindados fornecidos ao regime de Kiev pelo Ocidente nos últimos dez dias".


Mykolaiv é uma cidade portuária e industrial, onde moravam meio milhão de pessoas antes da guerra. A localidade é alvo dos ataques russos porque fica na rota para Odessa, o principal porto da Ucrânia.


'Crime de guerra'


O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, em Bruxelas, na Bélgica. — Foto: Yves Herman via Reuters


Nesta segunda-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que a Rússia comete um "verdadeiro crime de guerra" ao bloquear a exportação de cereais e grãos da Ucrânia.


Contra a UE, a Rússia utiliza seus hidrocarbonetos como arma e cortou o fluxo de gás para vários países na semana passada.


Ao mesmo tempo, as importações de petróleo russo para a China aumentaram 55% em maio, na comparação com o mesmo período no ano passado.


Em uma tentativa de reduzir a dependência da Rússia, países como a Alemanha apostam em soluções menos ecológicas, incluindo centrais de carvão


"É amargo, mas é indispensável reduzir o consumo de gás", declarou o ministro da Economia, o ecologista Robert Habeck, apesar do governo de coalizão alemão ter prometido abandonar o uso de carvão até 2030.

A Áustria também anunciou no domingo a reativação de uma usina de carvão fechada em 2020. Antes da guerra, o governo de Viena pretendia interromper o uso desta fonte de energia e produzir eletricidade 100% de origem renovável até o fim da década.


Fonte: France Presse

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