terça-feira, abril 19, 2022

No Twitter, Mourão chama golpe militar de 'revolução democrática de 1964'

O vice-presidente Hamilton Mourão chamou nesta terça-feira (19) o golpe militar de "revolução democrática de 1964". Mourão fez a postagem em sua conta no Twitter para celebrar o Dia do Exército.


"O Exército, com uma história de vitórias, desde Guararapes, quando índios, brancos e negros combateram os holandeses, passando pela Guerra do Paraguai, 2ª GM [Guerra Mundial] e pela Revolução Democrática de 1964 até os dias atuais, preserva a soberania e contribui com o Brasil. Parabéns ao EB [Exército Brasileiro]!", escreveu o vice, que é general da reserva.


A ditadura militar durou de 1964 a 1985. Nesse período, houve perseguição, tortura e assassinatos de opositores do regime. O Congresso Nacional foi fechado. Imprensa e artistas foram censurados. Os brasileiros ficaram mais de 20 anos sem poder votar para presidente da República. Mourão não mencionou esses fatos em sua postagem.


A ditadura militar foi tema do noticiário nos últimos dias após a jornalista Míriam Leitão ter publicado em sua coluna no jornal "O Globo" áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) no período de 1975 a 1985. O material tem mais de 10 mil horas. As gravações mostram que, nas sessões, os ministros citavam episódios de tortura cometida por militares contra opositores do regime.


Na segunda (18), questionado por jornalistas se a revelação dos áudios poderia motivar investigações sobre os torturadores, Mourão riu. Segundo o vice, não seria possível investigar, porque os militares envolvidos estão mortos. “Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. [risos]. Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, questionou Mourão, que é general do Exército.


Em dezembro de 2014, a Comissão Nacional da Verdade divulgou um relatório no qual responsabilizou 377 pessoas por crimes cometidos durante a ditadura, entre os quais tortura e assassinatos. O documento também apontou 434 mortos e desaparecidos na ditadura; e 230 locais de violações de direitos humanos.


Discurso de Bolsonaro

O vice-presidente esteve nesta terça, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no quartel-general do Exército, em Brasília, para celebrar o Dia do Exército.


O presidente Jair Bolsonaro (centro) participou de celebração do Dia do Exército ao lado de Mourão (à esquerda) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (ao lado de Mourão) — Foto: Reprodução/TV Brasil


Mourão não falou na solenidade. Bolsonaro fez um discurso em que voltou a falar que as Forças Armadas tiveram atuação relevante em “momentos difíceis” da história do país. Bolsonaro citou 1964, o fim da ditadura e a transição para a democracia, em 1985, e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.


“Assim foi em 1922, em 1935, em 1964, em 1986 com a transição, onde a participação ativa do então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves... A transição foi feita com os militares, e não contra os militares. Também agora em 2016, em mais outro momento difícil de nossa nação, a participação do então comandante do Exército, Villas Bôas, marcou a nossa história”, disse o presidente.


Na tribuna também estavam o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.


Bolsonaro ainda declarou que as Forças Armadas “não dão recado” e que sabem “o que é melhor” para o país. Ele não especificou o que é esse "melhor".


"As Forças Armadas não dão recado. Elas estão presentes. Elas sabem como proceder, sabem o que é melhor para o seu povo, o que é melhor para o seu país. Elas têm participação ativa na garantia da lei e da ordem, da nossa soberania e do regime ao qual o povo quer viver”, completou.


Fonte: g1

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