quinta-feira, setembro 02, 2021

Preso em 2020, ex-secretário de Saúde do DF se diz inocente e nega relação com empresa investigada



Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (2), o ex-secretário da Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo negou envolvimento em um suposto esquema de fraudes em testes rápidos contra a Covid-19. Aos senadores, Araújo disse ainda que a indicação dele para o cargo teve motivação “técnica” e afirmou que provará a inocência.


O ex-secretário foi preso em agosto do ano passado, no âmbito da Operação Falso Negativo, iniciada pelo Ministério Público com apoio da Polícia Civil no Distrito Federal e de demais estados.


A operação apura a venda de testes rápidos de baixa qualidade e com sobrepreço, de modo a indicar falso resultado negativo em pessoas contaminadas com o coronavírus. Araújo deixou a secretaria após a prisão.


Segundo os investigadores, há indícios de que a Precisa Medicamentos foi beneficiada em processos de compra dos testes, com direcionamento ilegal à empresa.


A Precisa também fechou contrato com o Ministério da Saúde para venda da vacina indiana Covaxin. O negócio está sob investigação e acabou cancelado por indícios de irregularidades.


Aos senadores, Araújo negou relação com a empresa e disse não ter nenhum contato com pessoas da Precisa.


“Eu, como secretário de Saúde, mandei cancelar o processo [de compra de 50 mil testes] e reabrir para comprar 300 mil testes, onde participaram sete empresas, entre elas a Precisa. Eu tenho a minha consciência tranquila, em paz, que não tem e nem terá a minha digital em nenhum só lugar de relação com a empresa Precisa”, afirmou.



Durante a audiência, senadores criticaram a compra de testes de baixa qualidade e ressaltaram a possibilidade de eles terem proporcionado o aumento das contaminações e de mortes. Araújo, porém, ressaltou que os testes eram certificados.


“A secretaria recebeu os testes, testou a população. Se tem algum teste que matou alguém, a responsabilidade é da Anvisa, porque os testes foram todos avalizados pela Anvisa”, afirmou.


‘Consciência tranquila’

Um dos principais defensores da convocação de Araújo, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) perguntou se Araújo “dorme bem”.


O ex-secretário respondeu que “muito bem”, por ter a “consciência tranquila”.


“Mesmo sabendo que milhares de pessoas tiveram suas vidas afetadas por essa Covid e há várias irregularidades na secretaria e nos Iges [Instituto de Gestão Estratégica de Saúde]?”, questionou o senador.


Izalci Lucas afirmou ainda que a comissão estava diante “do maior escândalo de corrupção na saúde pública do DF” e apresentou um organograma que mostraria a composição de uma suposta “máfia” na rede pública da capital.


Indicação

Aos senadores, Araújo negou ter chegado ao cargo por influência política. Ele contou que conheceu o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), após a eleição, e que foi convidado por ele para a secretaria.


Durante o depoimento, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou se Araújo teria alguma relação com o Partido Progressista (PP).


“Absolutamente nenhuma. A mesma relação que eu tenho com algumas pessoas do PP é a mesma relação que eu tenho com vossa excelência. Nunca tive nenhuma indicação de vossa excelência nem de ninguém do vosso partido. É a mesma relação, na íntegra, com o Partido Progressista”, afirmou.


Na sequência, Araújo foi perguntando sobre a relação com o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).


“Não o conheço”, respondeu, acrescentando que “em momento algum” esteve com ele.



As investigações

O Ministério Público do Distrito Federal acusa oito ex-gestores da Secretaria de Saúde de orquestrarem fraudes em quatro contratos para compra de testes do novo coronavírus.


Eles foram presos, mas já conseguiram liberdade. Os promotores acusam o ex-secretário Francisco Araújo de "capitanear a organização criminosa" que favorecia empresas nas licitações.


Entre as irregularidades apontadas estão: superfaturamento, prazos inexequíveis para apresentação de propostas e desvio de recursos públicos. O prejuízo estimado é de, pelo menos, R$ 18 milhões. Os réus negam irregularidades.


Fonte: G1

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