quinta-feira, junho 03, 2021

Pressão social e CPI obrigaram Bolsonaro a falar de vacinas na TV, dizem membros da comissão



Sete dos 11 integrantes efetivos da CPI da Covid e dois suplentes divulgaram nota na noite desta quarta-feira (2) na qual atribuem à "pressão da sociedade" e ao "trabalho desta CPI" o teor do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional de TV.


No pronunciamento, Bolsonaro prometeu vacinas para todos os brasileiros "que assim o desejarem" até o fim do ano — durante a fala do presidente, houve panelaços em todo o país.


No último sábado (29), milhares saíram às ruas em todo o país em manifestações de protesto que reivindicaram vacinas, auxílio emergencial e o impeachment de Bolsonaro. A cúpula da comissão parlamentar de inquérito diz já ter comprovado que o governo recusou vacinas e montou um "gabinete paralelo" que dava orientações discrepantes em relação às dos especialistas em saúde.


No pronunciamento (vídeo abaixo), Bolsonaro prometeu que todos os brasileiros que quiserem serão vacinados até o fim do ano contra a Covid-19. Até agora, passado cerca de um ano e meio do início da pandemia, o ritmo de vacinação é lento no Brasil. Até esta terça-feira, 10,6% dos brasileiros (22,6 milhões de pessoas) tinham recebido duas doses de vacina, necessárias para assegurar a imunização.


"A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais", dizem os senadores no texto.


De acordo com os senadores, a "inflexão" de Bolsonaro veio com um atraso de 432 dias, desde 24 de março do ano passado, quando o presidente classificou a Covid como "gripezinha", também em um pronunciamento em rede nacional de TV.


Para os parlamentares que assinam o documento, o atraso de 432 dias é "desumano" e "indefensável".


Eles também afirmam que o governo não se empenhou na compra de 130 milhões de doses da CoronaVac e da Pfizer em 2020, o que seria suficiente para imunizar cerca de metade da população vacinável do Brasil.


"A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19."


Íntegra

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelos integrantes da CPI:


NOTA PÚBLICA


A inflexão do Presidente da República celebrando vacinas contra a Covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’.


Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19.


A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas.


Omar Aziz- Presidente CPI


Randolfe Rodrigues – Vice Presidente CPI


Renan Calheiros – Relator


Em apoio


membros efetivos:


Tasso Jereissati


Otto Alencar


Humberto Costa


Eduardo Braga


Suplentes:


Alessandro Vieira


Rogério Carvalho


Fonte: G1

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