quinta-feira, junho 03, 2021

Advogada, jornalista e entregadores são agredidos por PMs na Zona Sul do Rio, segundo comissão da OAB

Uma advogada, um jornalista e dois entregadores de comida por aplicativo acusam policiais militares de agressão. A Comissão de Direitos Humanos da OAB acompanha o caso que terminou com a prisão dos envolvidos, no início da tarde desta quinta-feira (3).


A confusão aconteceu em frente a um ponto de retirada de bicicletas por aplicativo, no Largo do Machado, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Um policial também acabou ferido, segundo a nota divulgada pela Operação Segurança Presente.


Existem duas versões para o início do tumulto. Segundo informações da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), existia uma fila no local para a retirada das bicicletas. A fila era formada, em sua maioria, por entregadores de comida por aplicativo. Na versão da polícia, os entregadores estavam impedindo que outros usuários retirassem os veículos para o uso.


Ainda de acordo com informações da comissão, policias militares que estavam por perto decidiram intervir na organização da fila e deram prioridade para uma mulher que chegou por último. Os PMs teriam determinado que a mulher deveria ser atendida primeiro por não ser entregadora.


Uma das entregadoras que aguardava a sua vez não concordou com a ordem e argumentou que não deveria existir prioridades naquele serviço.



Confusão e agressões

Depois do posicionamento da trabalhadora, os policiais teriam iniciado as agressões. Outros entregadores entraram no confronto e a confusão aumentou, ainda de acordo com relatos da Comissão de Direitos Humanos da OAB.


Um vídeo gravado no local, mostra um tumulto generalizado na praça do Largo do Machado, com dois entregadores algemados e a revolta de muitas pessoas que passavam pela rua.


Um jornalista que passava pelo local e se envolveu no conflito também teria sido agredido e preso — Foto: Arquivo pessoal


Entre as pessoas na fila para retirar uma bicicleta, estava a advogada Vanessa Lima, que tentou mediar o conflito. Ela teria sido agredida e presa por questionar a prisão de dois outros jovens envolvidos na confusão.


Dois entregadores, a advogada e um jornalista foram levados para a 9ª DP (Catete), onde o caso foi registrado.


"A prisão dos jovens entregadores já era absurda por si só. A prisão de uma advogada que estava ali tentando mediar a situação e que se identificou como advogada dos rapazes... Ela ser presa e agredida é prova que o arbítrio está cada vez mais sem limites no nosso país", comentou o advogado Rodrigo Modengo, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB.


Colegas da advogada disseram ao G1 que ela levou um soco na nuca e foi levada para a viatura dos policiais. Um jornalista que passava pelo local e decidiu filmar o conflito também teria sido agredido e preso. A identidade do profissional não foi revelada.



PM acusa entregadores

Em nota, a Operação Segurança Presente, informou ao G1 que a confusão foi provocada pelos entregadores. Na versão da corporação, um casal reclamou com os policiais que foram impedidos de usar o serviço de aluguel de bicicletas pelos trabalhadores.


"A equipe foi até o local e verificou que os entregadores estavam ao lado das bicicletas esperando serem solicitados para entrega e não deixavam ninguém utilizar. Os agentes solicitaram que os entregadores se afastassem e permitissem o uso público da bicicleta", dizia parte da nota da PM.


PM diz que entregadores não deixam ninguém utilizar o serviço de bicicletas — Foto: Divulgação Polícia Militar


Segundo os policiais, outros entregadores foram se aglomerando e iniciou um tumulto.


"Os policiais foram desacatados e agredidos pelos entregadores. Durante a confusão um agente se machucou durante uma queda e foi levado para o Hospital Miguel Couto. Três pessoas envolvidas diretamente na confusão foram levadas para a 9ªDP (Catete), para prestarem esclarecimentos. A ocorrência segue em andamento", dizia outro trecho da nota.


Comissão da OAB protesta

A direção da Comissão de Direitos Humanos da OAB, através do secretário-geral Ítalo Pires Aguiar, se manifestou sobre o ocorrido na Zona Sul do Rio.


"Me causa profunda espécie que um policial militar, no exercício do cargo, agrida e prenda uma advogada que acompanhava seus clientes depois de uma abordagem inadequada feita pela polícia. A Polícia, enquanto instituição pública, precisa atualizar seus protocolos, sob pena de perder sua credibilidade diante da sociedade. A comissão de direitos humanos da OAB-RJ, juntamente com o setor de defesa das prerrogativas da entidade, está acompanhando o caso e se empenhará na responsabilização dos envolvidos", disse Ítalo, da comissão de direitos humanos da OAB.



Advogada acusa PMs

Ainda na delegacia, a advogada Vanessa Lima registrou em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, a sua versão da confusão. Segundo ela, os PMs foram truculentos e tentaram impedir os entregadores de trabalhar.


"Eu estava indo andar de bicicleta. Eu não conhecia ninguém, mas vi que eles estavam sendo truculentos e decidi acompanhar. Tudo porque uma menina lá, patricinha, queria pegar uma bicicleta e os meninos estavam indo trabalhar", disse Vanessa.


Advogada acusa PMs de agressão — Foto: Reprodução redes sociais


Vanessa contou ainda que os policiais pegaram a sua carteira de identificação da OAB e não devolveram. Ela disse ter sido agredida.


"Eu não agredi ninguém. Eu já estava lá fora. Já ia pedir um uber para ir pra delegacia ver os meninos, quando chegaram os policias me batendo. Eu estava só filmando. Eles pegaram a minha OAB, eu não sei onde está a minha carteira. Tem tudo filmado. Eu não conheço ninguém".


Nota da Operação Segurança Presente na integra

"Um casal procurou os policiais do Laranjeiras Presente no início da tarde desta quinta-feira (3/6) alegando que foram impedidos por entregadores de delivery de pegar uma bicicleta de aplicativo no Largo do Machado. A equipe foi até o local e verificou que os entregadores estavam ao lado das bicicletas esperando serem solicitados para entrega e não deixavam ninguém utilizar. Os agentes solicitaram que os entregadores se afastassem e permitissem o uso público da bicicleta. Segundo os policiais, outros entregadores foram se aglomerando e iniciou um tumulto. Os policiais foram desacatados e agredidos pelos entregadores. Durante a confusão um agente se machucou durante uma queda e foi levado para o Hospital Miguel Couto. Três pessoas envolvidas diretamente na confusão foram levadas para a 9ªDP (Catete), para prestarem esclarecimentos. A ocorrência segue em andamento."


Fonte: G1

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