sexta-feira, janeiro 01, 2021

Ao sancionar LDO de 2021, Bolsonaro veta regra que impedia bloqueio de gastos com vacina da Covid



O presidente Jair Bolsonaro sancionou com vetos a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. A sanção, anunciada nesta quinta-feira (31), foi publicada em edição extra do "Diário Oficial da União" .


A LDO estabelece as regras básicas para a execução do orçamento, incluindo as previsões de receitas e despesas. Os gastos são detalhados na Lei Orçamentária Anual (LOA), que o Congresso deixou para votar neste ano.


Um dos pontos vetados por Bolsonaro impedia o bloqueio de recursos para ações de combate à pandemia e para a produção de vacinas, além de outras áreas, como o Programa Mudança do Clima.


Por outro lado, Bolsonaro decidiu manter a proibição de contingenciar verba para programas estratégicos da Defesa, como a a aquisição do blindado Guarani do Exército.


Vetos presidenciais podem ser mantidos ou derrubados pelo Congresso Nacional.


O contingenciamento ocorre quando o governo bloqueia a execução de parte do Orçamento diante da previsão de não ter receita suficiente. Normalmente, atinge as despesas que não são obrigatórias por lei, como investimentos e custeio em geral. O bloqueio pode ser revertido caso a previsão de receita melhore.


Na justificativa do veto, Bolsonaro argumentou que a medida poderia "restringir a eficiência" do Poder Executivo na implementação das políticas públicas. "A inclusão de despesas não passíveis de contingenciamento contribui para a elevação da rigidez do orçamento, dificultando não apenas o cumprimento da meta fiscal", acrescentou.



Bolsonaro também vetou trecho que previa a indicação por parlamentares de emendas do relator-geral do orçamento e de comissão permanente de Senado, Câmara e Congresso.


Os trechos vetados permitiriam que deputados e senadores destinassem uma fatia maior do orçamento para obras e serviços em áreas de seu interesse. Atualmente, já existem emendas individuais e de bancadas estaduais com execução obrigatória pelo governo.


Ao justificar o veto, Bolsonaro argumentou que as emendas criam novos marcadores de despesas e contribuem para a “alta rigidez o orçamento”, o que dificulta cumprir a meta fiscal e respeito o teto de gastos e a regra de ouro.


Os vetos presidenciais terão que ser analisados pelo Congresso Nacional, que poderá mantê-los ou derrubá-los. No momento, os parlamentares estão em recesso e só retomarão os trabalhos legislativos a partir de fevereiro.


A aprovação da LDO pelo Congresso ainda em 2020 chegou a ser ameaçada, o que levantou dúvidas de como o governo conseguiria fazer os pagamentos neste ano, inclusive de despesas obrigatórias, como salários e aposentadorias.


Com a LDO, no entanto, o Executivo terá acesso a 1/12 dos recursos previstos por mês até que o texto do Orçamento de 2021 passe pelo crivo do Congresso.


O que prevê

Entre outros pontos, a LDO prevê:


meta fiscal com déficit primário de R$ 247,12 bilhões;

crescimento de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB);

índice oficial de inflação de 3,2%;

taxa básica de juros da economia, a Selic, em 2,1%.

salário mínimo de R$ 1.088. O governo federal, porém, publicou medida provisória definindo o salário mínimo de R$ 1.100 em 2021.

Vetos

Entre os pontos vetados, Bolsonaro tirou o trecho que impedia o contingenciamento de verbas em diversas áreas, sob a justificativa de que isso "reduz o espaço fiscal das despesas discricionárias", que são aquelas em que o governo tem poder de decisão, além "de restringir a eficiência alocativa do Poder Executivo na implementação das políticas públicas".



Com o veto de Bolsonaro, além dos recursos para a pandemia e vacina, também poderão ser contingenciadas verbas para:


Saneamento;

Combate à pobreza;

Programas de aquisição e distribuição de alimentos a grupos populacionais vulneráveis;

Execução de ações do programa de reforma agrária; de apoio à agricultura familiar, comunidades indígenas e quilombolas; e de combate ao desmatamento e/ou queimada ilegais em imóveis rurais;

Ações de enfrentamento da violência contra as mulheres;

Programa de reforma agrária;

Demarcação de terras indígenas e de remanescentes de quilombos;

Despesas relacionadas com o Programa Mudança do Clima.

Outro item vetado pelo Executivo foi um dispositivo que permitia maior independência orçamentária a alguns órgãos - a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).


Na prática, a mudança garantiria autonomia para os próprios órgãos definirem seus contingenciamentos - e não dependerem de decisões dos ministérios aos quais são vinculados.


Atualmente, a cúpula desses órgãos tem indicações ligadas ao chamado "Centrão".


A justificativa para o veto é que as mudanças "contrariam o interesse público por subverterem a organização sistêmica e distorcerem a lógica das atividades de planejamento e distribuição de limites de movimentação financeira".


Na LDO de 2020, aprovada em 2019, os parlamentares também incluíram essa previsão, que também foi vetada pelo governo federal. O veto da ocasião, porém, foi derrubado.


Fonte: G1

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