quarta-feira, julho 22, 2020

Furna da Onça: vazamento na PF ocorreu um mês antes com acerto prévio por telefone, diz Marinho

Furna da Onça: vazamento na PF ocorreu um mês antes com acerto ...

O suposto vazamento de informações da operação Furna da Onça ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em 2018, envolveu três pessoas ligadas ao político e acertos por telefone com um delegado da Polícia Federal, afirmou em depoimento o empresário Paulo Marinho.

Marinho, ex-aliado e ainda suplente de Flávio, denunciou o suposto esquema em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", em maio. Os detalhes sobre datas e horários do esquema constam em um despacho do procurador Eduardo Benones na investigação preliminar do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

De acordo com o depoimento de Paulo Marinho, esses três aliados de Flávio atuaram tanto no acerto do vazamento, quando na ida à Polícia Federal para receber os dados da operação. Essas ações, diz, ocorreram entre os dias 4 e 14 de outubro de 2018.


A operação Furna da Onça só foi deflagrada um mês depois, em 8 de novembro daquele ano. A ação culminou na prisão de diversos parlamentares do estado do Rio e levou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a investigar as movimentações dos deputados.

Flávio não fazia parte da lista de investigados no dia em que a operação foi deflagrada. Mas foi o relatório do Coaf, produzido no âmbito da Furna da Onça, que apontou movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão pelo ex-motorista de Flávio, Fabrício Queiroz.

De acordo com o depoimento de Paulo Marinho, reproduzido no documento do MPF, um delegado da Polícia Federal ligou para três contatos de Flávio para repassar as informações sigilosas, no intervalo de 4 a 14 de outubro daquele ano:

Victor Granado, amigo de infância de Flávio;
Miguel Angelo Braga Grillo, chefe de gabinete do senador, e
Valdenice (Val) Meliga, então assessora de Flávio.
No mesmo intervalo de tempo, o grupo teria ido à porta da sede da Polícia Federal para receber as informações da operação que ainda seria deflagrada. "Os três teriam participado desta dinâmica, do suposto telefone à suposta cena do crime", afirma o termo de depoimento do MPF.

Desde que as denúncias foram divulgadas, tanto Flávio Bolsonaro quanto os demais citados negam as acusações.

"O senador Flávio Bolsonaro prestou todos os esclarecimentos ao Ministério Público Federal, ocasião em que ficou claro que não houve qualquer vazamento ao parlamentar. Quem precisa dar explicações sobre o caso é Paulo Marinho, suplente do senador que manipula a Justiça na tentativa de tomar a vaga de Flávio Bolsonaro no Senado", diz nota divulgada pelo senador nesta quarta.

Reunião em dezembro
Marinho diz ter ouvido essas informações do próprio Victor Granado, que teria relatado o esquema em uma reunião na casa do empresário em 13 de dezembro de 2018 – já após a deflagração da Furna da Onça.


Essa reunião em dezembro está no centro das investigações sobre o vazamento da operação. O encontro foi o foco do depoimento de Flavio Bolsonaro, prestado ao MPF em Brasília na última segunda (20).

Aos investigadores, Flavio não negou que compareceu à reunião na casa de Paulo Marinho. Disse, porém, que o teor da conversa não foi o descrito pelo empresário, e que não tratou de vazamentos nessa ocasião.

O MP analisa as imagens do circuito interno de segurança da casa de Paulo Marinho. O material deve confirmar a existência do encontro, entre outros detalhes que podem ajudar na investigação.

Furna da Onça
A operação Furna da Onça investigou um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Durante as investigações, o Coaf apontou movimentação considerada atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, então deputado na Assembleia Legislativa do Rio.

Em junho, Queiroz foi preso no sítio de Frederick Wassef, ex-advogado de Flávio Bolsonaro, em Atibaia, no interior de São Paulo.

O mandado de prisão foi expedido em um desdobramento da investigação do esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Denúncia de Paulo Marinho
Ao denunciar o caso em entrevista, em maio, Marinho já tinha implicado um delegado da PF e os três amigos de Flavio Bolsonaro no suposto esquema. À "Folha", Marinho disse que o encontro com o delegado teria ocorrido na porta da Superintendência da PF, na Praça Mauá.

O relato do delegado, segundo Marinho, foi de que Queiroz e a filha tinham sido citados num relatório do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

“Vai ser deflagrada a operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz (Nathalia), que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro (que ainda era deputado federal) em Brasília. Nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição (presidencial) ”, teria dito o delegado, segundo Marinho.

A partir do relatório, o Ministério Público do Rio detalhou o suposto esquema de corrupção que afirma ter ocorrido no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.


Os promotores afirmam que Flávio Bolsonaro é o chefe de uma organização criminosa e identificaram pelo menos 13 assessores que repassaram parte de seus salários ao ex-assessor dele, Fabrício Queiroz.

Fonte: G1

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