terça-feira, junho 16, 2020

Ibaneis volta a bloquear Esplanada dos Ministérios após ameaças contra bispo auxiliar de Brasília

O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios nesta terça-feira (16). A medida vale até quarta (17). O chefe do Executivo local cita "ameças de manifestações com conteúdos anticonstitucionais" e contra "os Poderes constituídos".

Além disso, o decreto considera "ameaças dirigidas contra a Cúria Metropolitana", sede da Arquidiocese de Brasília, que coordenas as igrejas católicas do DF. O prédio fica localizado na Esplanada.

Ibaneis decreta fechamento da Esplanada por risco de 'agravos à saúde pública' em manifestações — Foto: TV Globo/Reprodução
Ibaneis decreta fechamento da Esplanada por risco de 'agravos à saúde pública' em manifestações — Foto: TV Globo/Reprodução

As ameaças foram dirigidas ao bispo auxiliar de Brasília, dom Marcony Ferreira. Segundo ele, cerca de 15 pessoas montaram barracas em frente a Catedral de Brasília, na manhã desta terça-feira.

Seriam integrantes de um movimento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A Polícia Militar do DF (PMDF) disse aos manifestantes que eles que não poderiam fazer o acampamento, uma vez que a aglomeração de pessoas está proibida, por causa da pandemia do novo coronavírus.

Conforme Dom Marcony, os manifestantes disseram aos militares que "o bispo tinha deixado". A PM procurou o bispo, que só então ficou sabendo da situação e, ao conversar com representantes do acampamento, o religioso explicou não ser possível permanecer no local.

"Nesse momento, eles ficaram exaltados com a negativa. O clima ficou tenso", afirma Dom Marcony.
Segundo o bispo, uma das pessoas foi clara nas ameaças. "Um deles disse: 'você não sabe com quem está falando, nós vamos voltar' ", afirma o religioso.

Dom Marcony explica que se sentiu ameaçado e que também ficou preocupado com danos ao patrimônio. Ele procurou o governo do Distrito Federal e pediu segurança para a Catedral e a Cúria. A arquidiocese de Brasília emitiu nota (veja abaixo), confirmando a tentativa de promover um acampamento no local.

Nota da Arquidiocese de Brasília, após ameaças ao bispo, nesta terça-feira (16) — Foto: Arquidiocese de Brasília/ Reprodução
Nota da Arquidiocese de Brasília, após ameaças ao bispo, nesta terça-feira (16) — Foto: Arquidiocese de Brasília/ Reprodução

Acesso restrito
Esta é a segunda vez que o governador Ibaneis fecha a Esplanada para evitar atos em defesa de medidas inconstitucionais. No último domingo (14), a mesma ação foi determinada.

Na ocasião, além de citar "ameaças" de manifestantes, o governador destacou o risco de "agravos à saúde pública". No entanto, a determinação foi descumprida (relembre o caso abaixo).

De acordo com o decreto publicado nesta terça, o trânsito de veículos e pedestres desde a Rodoviária do Plano Piloto até a Praça dos Três Poderes ficará restrito até as 23h59 de quarta. O acesso só será permitido a autoridades e servidores públicos "devidamente identificados e que estejam em serviço".

Diferentemente do último decreto, a norma assinada nesta tarde deixa explícita a punição prevista em caso de descumprimento da medida. O texto cita cobrança de multa, sem detalhar valor, além da incidência do crime de infração de medida sanitária preventiva, com pena de até um ano de detenção.

Desde 19 de março está em vigor no Distrito Federal a proibição de eventos abertos sem a autorização do Executivo. Naqueles permitidos, recomenda-se a distância mínima de um metro entre as pessoas. A medida é uma das ações do governo de prevenção do contágio do novo coronavírus.

Resistência
As medidas de fechamento da Esplanada foram iniciadas no último final de semana, quando operação dos órgãos de fiscalização do DF desmobilizou os acampamentos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Esplanada dos Ministérios.
A primeira norma foi anunciada no sábado (13), mesmo dia em que integrantes dos acampamentos lançaram fogos de artifício contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o ato, eles xingaram Ibaneis de "comunista safado" e faziam referências à operação.

No dia seguinte, no domingo, manifestantes ignoraram o decreto e tentaram protestar na Praça dos Três Poderes. Ao serem impedidos por policiais, se reuniram em outros dois pontos de Brasília: no Setor Militar Urbano e em frente ao Palácio do Buriti – que é a sede do governo do DF.

Durante as tentativas de ato na Esplanada, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, cumprimentou e apoiou manifestantes (veja abaixo). Por estar sem máscara de proteção facial, acessório obrigatório no DF, ele foi multado em R$ 2 mil, conforme norma em vigor.

Investigação
Ainda no domingo (14), a Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou um procedimento preliminar para apurar o ato de manifestantes que dispararam fogos de artifício em direção ao STF. A investigação atende a um pedido do presidente da Corte, Dias Toffoli.

Em representação enviada à PGR e à Polícia Federal, Toffoli solicitou ainda que Renan da Silva Sena, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, seja responsabilizado "por ataques e ameaças à Instituição deste Supremo Tribunal Federal e ao Estado Democrático de Direito, inclusive por postagens em redes sociais, bem como todos os demais participantes e financiadores, inclusive por eventual organização".

Sena foi detido na tarde de domingo após postar vídeo onde xinga autoridades dos Três Poderes. De acordo com a Polícia Civil, ele é suspeito de participar do protesto de ataque ao Supremo.

Sena, que é ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi levado à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) e liberado no mesmo dia, após assinar termo de comparecimento ao juízo. Antes disso, já foi indiciado por agressão contra enfermeiras da capital.

No momento da abordagem policial, Renan estava junto a uma servidora do Tribunal de Justiça do DF, Conceição Lucinete de Andrade ,que tentou impedir que ele fosse autuado. Ela chegou a seguir o carro da PCDF e colidir contra o veículo da corporação. A analista judiciária chegou a ser presa por resistência, desacato e desobediência, mas liberada após pagar fiança de R$ 1,5 mil.

fonte: G1

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