segunda-feira, junho 08, 2020

Após queda em média de sepultamentos, Prefeitura de Manaus mantém enterros em valas comuns

Após a redução no número de sepultamentos em Manaus, com números próximos ao que eram registrados antes da pandemia de Covid-19, a Prefeitura informou que vai manter os enterros dos caixões em valas comuns enquanto observa o comportamento da doença na capital. O sistema de trincheiras, como foi chamado pelo órgão, foi implementado no dia 21 de abril, quando aconteciam, em média, cerca de 100 sepultamentos diários nos cemitérios da capital.

Caixões são enterrados em valas comuns em cemitério público de Manaus — Foto: Carolina Diniz/G1 AM
Caixões são enterrados em valas comuns em cemitério público de Manaus — Foto: Carolina Diniz/G1 AM

Durante a pandemia, Manaus atingiu o pico de 140 sepultamentos no dia 26 de abril, fazendo com que o registro de mortes chegassem a 108% acima da média histórica. Nas duas últimas semanas, a média caiu de 100 para 38 enterros diários, próximo ao que era registrado antes da pandemia. Neste domingo (7), o Amazonas registrava mais de 49 mil casos confirmados do novo coronavírus.

Por meio de nota, a prefeitura explicou que, com a reabertura gradual do comércio autorizada pelo governo estadual, o município vai monitorar o comportamento dos próximos dias antes de suspender a modalidade de 'trincheiras' no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, bairro Tarumã, Zona Oeste da capital.

Nesta segunda-feira (8), a doméstica Solange Pereira enterrava o tio, Antônio Júnior, que morreu de Acidente Vascular Cerebral (AVC) dentro de casa, aos 48 anos, no cemitério do Tarumã. Ela critica a forma que terá que enterrar o caixão do familiar.

“É muito humilhante para as famílias. As pessoas deveriam ter um enterro digno. Vai morrer o pobre, o rico. Todo mundo vai morrer. O Governo e a Prefeitura deveriam fazer algo. Se algum familiar deles morresse, eu queria ver se iriam enterrar dessa forma. É desumano”, disse.

Marcos Antônio também esteve no cemitério, nesta segunda, para enterrar o cunhado Jackson Cavalcante, de 51 anos, que morreu afogado nas proximidades do Rio Preto da Eva. Ele também reclama da forma de enterro e cobra mais dignidade no serviço.

Familiar critica enterros em valas comuns, em Manaus. — Foto: Rebeca Beatriz/G1 AM
Familiar critica enterros em valas comuns, em Manaus. — Foto: Rebeca Beatriz/G1 AM

"É o fim de um ciclo. A gente fica sem palavras, mas tenho até um certo nojo. É como estar enterrando um bando de animal contaminado. Nem mesmo um animal deveria ser enterrado assim. O que está sendo oferecido aqui é um desrespeito com as famílias. Eles acabam forçando indiretamente a gente a procurar um serviço particular. É desserviço", declarou.

O rápido aumento de mortes por Covid-19 no estado fez com que dezenas de covas fossem abertas no mesmo cemitério. O local também teve caixões enterrados empilhados dentro das valas, mas a medida foi cancelada após a revolta de familiares.

Por conta desse alto número de mortes registradas em abril, Manaus fez uma parceria com um crematório local. Até a última quinta-feira (4), 64 famílias haviam optado pela cremação. Por causa da fila para enterros, sepultamentos chegaram a ser realizados à noite, depois que o cemitério fechou.

Saúde em colapso no Amazonas
Antes da pandemia, o Estado contava com 639 leitos. Com o rápido aumento de doentes, o sistema público entrou em colapso e chegou a operar, em abril, com 96% dos leitos de UTI ocupados. Com o aumento na oferta de leitos e abertura de dois hospitais na capital durante a pandemia - hospital de retaguarda do governo e hospital de campanha da prefeitura -, o sistema de saúde do estado começa a desafogar.

Segundo o governo, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid, no sábado (6), era 68% e a taxa de UTI não-Covid era de 64%. A redução nos números de Covid-19 e a maior oferta de atendimento na rede pública de saúde foram apontados pelo governo dentre as razões para começar a reabertura do comércio.

Desde o dia 1º de junho, podem funcionar: Igrejas e templos (30% de ocupação, com eventos de 01 hora de duração e intervalo de, no mínimo, 05 horas entre um vento e outro); Lojas de artigos esportivos e bicicletas (venda e reparo); Lojas de artigos para casa; Lojas de vestuário, acessórios e calçados; Lojas de móveis e colchões; Atendimento presencial, médico e odontológico, sujeito a agendamento prévio; Joalherias e relojoarias; Comércio de artigos médicos e ortopédicos; Serviços de publicidade e afins; Petshops; Lojas de variedades; Agências de turismo; Concessionárias e revendas de veículos em geral; Óticas; Floriculturas; Bancas de revista em logradouros públicos.


O governo observa o comportamento da Covid-19 no Amazonas para autorizar o início do segundo ciclo de reabertura do comércio, que deve iniciar em 15 de junho. Na nova etapa, serão autorizar a funcionar com atendimento público:

Lojas de informática, comunicação, telefonia e materiais e equipamentos fotográficos
Lojas de brinquedos
Livrarias e Papelarias
Lojas de departamentos e magazines
Restaurantes, cafés, padarias e fast-food, para consumo no local
Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
Lojas de eletrodomésticos, áudio e vídeo
Comércio de animais vivos
Comércio de bijuterias e semijoias
Comércio especializado de instrumentos musicais e acessórios
Comércio de equipamentos de escritório
Escritórios Contábeis
Escritórios de Imobiliárias
Assistência Técnica de eletrônicos, eletrodomésticos e demais itens
Bancas de jornais e revistas em espaços internos
*Com colaboração de Rebeca Beatriz.

Fonte: G1

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