segunda-feira, outubro 21, 2019

Manifestantes voltam às ruas em Santiago e outras cidades do Chile

Manifestantes voltaram a ocupar as ruas de Santiago, capital do Chile, nesta segunda-feira (21) – a segunda jornada de protestos após o toque de recolher imposto pelo governo. Também houve atos em outras cidades chilenas (veja mais adiante).

Manifestantes ocupam a Praça Baquedano, no centro de Santiago, no quarto dia de protestos no Chile — Foto: Miguel Arenas /AP Photo
Manifestantes ocupam a Praça Baquedano, no centro de Santiago, no quarto dia de protestos no Chile — Foto: Miguel Arenas /AP Photo

Por volta das 14h (de Brasília), centenas de pessoas marcharam rumo à Praça Itália, também conhecida como Praça Baquedano, na região central da capital chilena. Não há registro de confrontos com esse grupo até o momento, porém, perto dali, houve um princípio do tumulto quando manifestantes fizeram barricadas na rua Namur.

Manifestantes ocupam a Praça Baquedano, em Santiago, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Ivan Alvarado/Reuters
Manifestantes ocupam a Praça Baquedano, em Santiago, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Ivan Alvarado/Reuters

Desde sexta-feira, a onda de protestos deixou 11 mortos e 1.462 detidos, segundo balanço mais recente.

Algumas estações da linha 1 do metrô de Santiago, que cruza a cidade de leste a oeste, voltaram a funcionar. Ainda assim, há pontos ainda fechados na região central da capital chilena. Nesta tarde, segundo o jornal "El Mercurio", outra estação precisou ser fechada.

Escolas de 48 comunas – tipo de região administrativa chilena – permaneceram fechadas nesta segunda-feira. Em San José de Maipo, próximo a Santiago, haverá aulas somente pela manhã.

Manifestante sobe em estação de ônibus em Santiago, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Ivan Alvarado/Reuters
Manifestante sobe em estação de ônibus em Santiago, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Ivan Alvarado/Reuters

Entenda em cinco pontos os protestos no Chile:

Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a R$ 0,20;
Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18), após confrontos com a polícia;
Chile decretou, no sábado (19), estado de emergência por 15 dias, e Exército foi às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos continuaram;
Metrô de Santiago fechou e o aeroporto da capital chilena teve voos suspensos.
Protestos em outras cidades

Manifestantes protestam em Valparaíso, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Rodrigo Garrido/Reuters
Manifestantes protestam em Valparaíso, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Rodrigo Garrido/Reuters

Valparaíso
Manifestantes fecharam ruas, fizeram piquetes e saquearam lojas em Valparaíso – cidade portuária que também abriga a sede do Legislativo. Por causa da violência, militares e policiais cercaram o Congresso para evitar que os protestos se aproximem.

A região de Valparaíso, que inclui o balneário Viña del Mar, também está sob toque de recolher. Por isso, o metrô que cruza a região alterou o horário de funcionamento.

Rancágua
A cidade a cerca de 90 km ao sul de Santiago também está sob toque de recolher após registrar incidentes violentos nos protestos. Autoridades locais disseram que 187 pessoas foram detidas entre domingo e a manhã desta segunda-feira. Nove civis e 11 policiais se feriram na região.

Manifestantes bloqueiam as ruas de Concepción, no sul do Chile, no domingo (20) — Foto: Jose Luis Saavedra/Reuters
Manifestantes bloqueiam as ruas de Concepción, no sul do Chile, no domingo (20) — Foto: Jose Luis Saavedra/Reuters

Concepción
Toda a província de Biobío está sob toque de recolher. A região inclui Concepción, cidade litorânea a 500 km ao sul de Santiago onde houve protestos ao longo do fim de semana.

'Estamos em guerra'

Forças de segurança intervêm em protesto em Valparaíso, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Rodrigo Garrido/Reuters
Forças de segurança intervêm em protesto em Valparaíso, no Chile, nesta segunda-feira (21) — Foto: Rodrigo Garrido/Reuters

O centro de Santiago está cheio de marcas dos protestos: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e destroços nas ruas. Quarenta e oito cidades suspenderam as aulas nesta segunda.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse em um pronunciamento no domingo que esta segunda-feira seria "um dia difícil".

"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada nem ninguém, que está disposto a usar a violência e a delinquência sem qualquer limite", declarou.
Porém, nesta segunda-feira, o general Javier Iturriaga negou estar em estado de guerra.

"Eu sou um homem feliz e a verdade é que não estou em guerra com ninguém".
'Chile acordou'

O balanço da revolta social é sem precedentes desde o retorno da democracia ao Chile, em 1990. Protestos liderados por estudantes contrários a um aumento de tarifa no transporte público começaram duas semanas atrás, porém se tornaram mais violentos na sexta-feira. Piñera reverteu a medida e declarou um estado de emergência.

No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que não têm um líder definido, e continuaram nas ruas com gritos de "basta de abusos" e com o lema "Chile acordou".
Até o momento, o movimento aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.


No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a France Presse.

Fonte: G1

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