quarta-feira, junho 12, 2019

Após 16 dias, governo conclui liberação de corpos dos mortos em massacre em penitenciárias do Amazonas

Os dois últimos corpos de presos vítimas do massacre que ainda estavam no Instituto Médico Legal (IML) em Manaus foram liberados nesta terça-feira (11). Eles foram entregues às famílias só agora porque passavam por exames de identificação. Agora, 16 dias depois da chacina dentro de presídios do Amazonas, todos os 55 corpos já foram liberados.

De acordo com os laudos finais do IML dos últimos dois mortos - os únicos que o G1 teve acesso até o momento - Paulo da Silva Oliveira, de 22 anos, foi vítima de lesão por arma branca. O jovem foi encontrado morto no Instituto Penal Antônio Trindade (IPAT) no dia 27 de maio.

Funcionários do IML colocam corpo de preso em caminhão refrigerado em Manaus — Foto: Bruno Kelly/Reuters
Funcionários do IML colocam corpo de preso em caminhão refrigerado em Manaus — Foto: Bruno Kelly/Reuters

Além dele, foi liberado também o corpo de John Vagner Souza da Silva, de 27 anos. O homem foi encontrado morto dentro da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) também no último dia 27. Segundo o IML, o jovem foi vítima de agressão física e teve contusão cerebral.

Os dois homens foram os últimos a serem liberados pelo Instituto Médico Legal. Na última semana a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que os corpos passariam por exames de arcada dentária e de DNA e, só então, seriam liberados. O resultado dos exames deve sair em até 30 dias.

O massacre de 2019
Entre os dias 26 e 27 de maio, 55 homens foram mortos em quatro diferentes cadeias do sistema carcerário de Manaus. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a maioria das vítimas morreu de asfixia ou golpeada por objeto perfurante. O massacre foi o segundo ocorrido no Amazonas em menos de 3 anos.

Esses novos confrontos ocorreram por causa de uma briga de poder dentro da Família do Norte (FDN), que age nos presídios do Norte e Nordeste do país e domina a rota do tráfico no rio Solimões, segundo o juiz Glen Machado, titular da Vara de Execução Penal.

"Não se trata de rebelião, mas de disputa interna da FDN", afirmou o juiz.

Transferência de 17 presos de Manaus para Mossoró foi concluída na noite desta quinta (30). — Foto: Marcelino Neto/O Câmera
Transferência de 17 presos de Manaus para Mossoró foi concluída na noite desta quinta (30). — Foto: Marcelino Neto/O Câmera

Um relatório interno da Seap concluído em 22 de maio – portanto, quatro dias antes do primeiro confronto – já indicava o risco de haver mortes dentro de presídios. "Estima-se um número médio de 15 (quinze) a 20 (vinte) internos marcados para morrer", diz um trecho do documento.

Após as mortes, o governo transferiu 26 internos para presídios federais - nove deles já haviam estado fora do Amazonas e tiveram ligação com o massacre ocorrido há dois anos.

Desde as recentes mortes, quatro unidades prisionais estão com as visitas suspensas por, pelo menos, 30 dias. Durante os últimos dias, além da transferência de dois grupos de detentos para presídios de segurança máxima no país, o estado conta com reforço de agentes de intervenção penitenciária. A medida foi um pedido do governador ao Governo Federal.

Segundo um relatório feito pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados do estado, policiais do Grupo de Intervenção Penitenciária (GIP) demoraram a chegar em três dos quatro presídios para evitar as mortes por conta do número insuficiente de efetivo.

Fonte: G1

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