sexta-feira, outubro 05, 2018

Queda de taxas comerciais beneficiará melão potiguar

O Rio Grande do Norte poderá se transformar no principal exportador de melões para os Estados Unidos caso o presidente Donald Trump decida, dentro das mudanças que deverão ocorrer nas relações comerciais com o Brasil, derrubar as barreiras tarifárias para comercialização da fruta que hoje giram em torno de 28%. Caso isso ocorra, o estado poderá movimentar, em cinco anos, cerca de 100 milhões de dólares somente com o envio de melões para o território norte-americano.

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Fazendas da Agrícola Famosa no Rio Grande do Norte deverão ampliar a safra em 10% este ano com foco no mercado internacional

“Principalmente o comércio do Rio Grande do Norte terá um incremento, será o estado mais beneficiado. Há a questão fitossanitária que está completamente regularizada em relação ao melão e não há nenhum impedimento de iniciarmos as exportações. Basta, somente, negociar as tarifas”, declarou Luiz Roberto Barcelos, presidente da Abrafrutas e diretor-presidente da Agrícola Famosa, maior produtora de melão do mundo. No ano passado, a empresa produziu, no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí e Ceará, aproximadamente 325 mil toneladas de melão, mamão, melancia, banana, maracujá silvestre e aspargos em 30 mil hectares espalhados em quase 30 fazendas.  

No estado potiguar, onde está o maior complexo de fazendas da empresa, cerca de 60% de tudo o que é colhido  cruzam os céus e mares em direção ao exterior. Os 40% restantes abastecem o mercado nacional, com foco no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Ao longo de 2017, a Famosa exportou 8.455 conteineres com frutas para países europeus.  Se todas as fileiras referentes às plantações de melão da Agrícola Famosa em 2017 fossem colocadas em linha reta, o número de quilômetros seria suficiente para dar uma volta ao redor da Terra e ainda sobrariam 10 mil quilômetros, que é a distância de Natal à Inglaterra. A Agrícola Famosa destina 11 mil hectares à produção da fruta.  “A população dos Estados Unidos é similar, em termos quantitativos, à europeia. Deveremos bater os 100 milhões de dólares em exportações em cinco anos. Os Estados Unidos estão dispostos a negociar, está procurando parceiros”, destacou Barcelos. 

Pleito
Os exportadores de frutas do Brasil querem usar o questionamento feito pelo presidente Donald Trump para negociar com os EUA a queda de barreiras que ainda existem contra produtos nacionais. Luiz Roberto Barcelos, afirma que vai pedir ao Itamaraty para incluir o acesso ao mercado americano para frutas brasileiras na agenda de um eventual debate com Trump. 

Na segunda-feira, 1º, Trump criticou a relação comercial com o Brasil e Índia. Para o setor exportador brasileiro, se as críticas de Trump resultarem em uma eventual pressão do governo americano por renegociar as tarifas entre os dois países, a agenda do diálogo bilateral terá de incluir um debate sobre as barreiras aos produtos nacionais. No caso das frutas, o mercado americano consome apenas US$ 50 milhões em exportações brasileiras, de um total de US$ 840 milhões em vendas de frutas nacionais para o mundo.
De acordo com ele, barreiras no setor de mamão, manga, produtos cítricos e as taxas de importação de 28% sobre o melão estão entre os principais problemas no mercado americano. “Essa pode ser uma boa oportunidade para falar das barreiras que sofremos", disse Barcelos. 
País exporta pouco
Nos últimos anos, o Brasil se transformou no 3.º maior produtor de frutas do mundo, superado apenas por China e Índia. “Mas exportamos menos de 3% de nossa produção", destacou o exportador.

Enquanto o Brasil espera chegar a quase US$ 1 bilhão em vendas em 2018, as taxas mostram o Equador com exportações de US$ 3,3 bilhões em frutas e o Chile com US$ 4,5 bilhões. O caso que mais chama a atenção do setor privado brasileiro é o do Peru. “No ano 2000, o Brasil exportava US$ 500 milhões em frutas e o Peru exportava US$ 100 milhões", disse Barcelos. “Hoje, o Brasil exporta US$ 840 milhões e o Peru vende mais de US$ 2,7 bilhões", alertou. 

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, também defende que uma eventual negociação com os americanos inclua as barreiras sofridas pelos produtos nacionais. “Esse pode ser uma oportunidade para falar desses temas", declarou. Segundo ele, um projeto amplo foi desenvolvido pelo setor privado com recomendações para o próximo governo brasileiro e a negociação de um maior acesso aos produtos nacionais é uma das prioridades.

Fonte: Tribuna do Norte

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