sexta-feira, outubro 05, 2018

RN terá 800 casos de câncer de mama

Em novembro de 2017, a dona de casa Raimunda Lemos viu sua vida mudar. Aos 59 anos de idade, foi diagnosticada com câncer de mama, e teve que deixar sua cidade, Jandaíra, no interior do Rio Grande do Norte, para fazer o tratamento em Natal. Apesar de descoberto em um estágio avançado, Raimunda passou pela cirurgia, sessões de quimioterapia e, agora, faz a fase final do tratamento, com radioterapia. Em 2017, no Rio Grande do Norte, o INCA estima 800 novos casos de câncer de mama, sendo um terço deles só em Natal. Desses, mais de 50% devem ser diagnosticados já em estágio avançado, como Raimunda.

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Raimunda descobriu doença “tarde”, mas conseguiu tratar

Segunda principal causa de morte entre mulheres nas Américas, o câncer de mama, quando detectado de forma precoce e tratado, tem 90% de chances de cura, de acordo com especialistas. A burocracia para garantir a mamografia e a biópsia, no entanto, ainda são obstáculos para garantir o diagnóstico, em especial para aquelas que moram no interior. “Há dois principais fatores: a falta de informação a respeito do câncer, da importância de fazer os exames anuais e da mamografia, e a dificuldade de acesso a esses exames em si”, explica a médica mastologista Diana Taissa, que atua tanto na rede pública como na privada.

Em diversos municípios, de acordo com a médica, o exame da biópsia, que dá o diagnóstico definitivo do câncer, não é coberto pelas Prefeituras. “Esse é um exame caro, que pode custar até R$ 500. Muitas acabam desistindo de fazer quando se deparam com essa realidade. Em Natal, há cobertura para o exame, mas quando vamos para o interior, a realidade é outra”, completa a médica. 

Criado na década de 1990 nos Estados Unidos com o objetivo de conscientizar a população a respeito do câncer de mama e das formas de prevenção e diagnóstico, o Outubro Rosa se espalhou pelo mundo e, no Brasil, diversas ações são organizadas tanto por entidades governamentais como pela sociedade civil para chamar atenção para a causa.

“A desinformação ainda é um dos principais obstáculos no combate ao câncer de mama. Em 2018, era de se esperar que, com o avanço da medicina, os diagnósticos estivessem cada vez mais precoces, mas muitas mulheres ainda não vão fazer os exames, até mesmo por medo”, afirma Magda Oliveira, presidente da Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer da LIGA. A coordenadora do departamento de educação e divulgação da Rede, Lindamar de Queiroz, afirma que até mesmo os maridos, algumas vezes, impedem as mulheres de fazerem os exames.

“É impressionante termos ainda casos como esse, mas há. Existem maridos que não querem que as mulheres sequer façam a mamografia, porque não querem um médico encostando nos peitos delas.”, conta Lindamar. 

Há 36 anos, Lindamar, que hoje é voluntária da Rede, também teve que confrontar um diagnóstico de câncer de mama. Ela conta que o apoio do marido e da família foi o que lhe deu forças para sustentar o tratamento. “Ele me apoiava muito. Antigamente, o câncer era praticamente uma sentença de morte. Hoje, não mais. Mas já naquela época, quando eu pensava em desistir e dizia que não ia sobreviver, ele respondia “quem disse?”. Esse tipo de apoio é fundamental para quem passa por isso”, completa. 

Foi na casa de apoio da Rede que Raimunda conseguiu garantir sua estadia e tratamento em Natal. Lá, ficam cerca de 40 pacientes, com diversos tipos de câncer, vindos do interior e que recebem a estrutura necessária para se tratar na capital. De acordo com ela, foi necessário recorrer ao serviço privado de saúde para garantir o seu diagnóstico e poder fazer o tratamento. Raimunda afirma que se arrepende de não ter procurado as consultas médicas anteriormente.

“O conselho que posso dar a todas as mulheres é que se coloquem em primeiro lugar. Vocês não são insubstituíveis nas tarefas do dia-a-dia. Não deixe sua saúde de lado porque está ocupada demais, porque tem coisa demais para fazer em casa. Se eu tivesse me cuidado antes, talvez meu câncer não tivesse sido tão agressivo. Não escute quem quer te colocar pra baixo e diz que se cuidar é besteira. Eu sou a prova de que não é”.

Fonte: G1

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