segunda-feira, junho 04, 2018

Motorista de aplicativo agride verbalmente professora e diz que casais homoafetivos são 'aberração'

Um motorista do aplicativo de transporte 99 é investigado por agressão verbal e homofóbica feita contra uma professora universitária em Belém. A denúncia viralizou nas redes sociais e foi registrada em boletim de ocorrência na terça-feira (29). De acordo com a Polícia Civil, o motorista também procurou as autoridades e disse que vem sofrendo perseguições após o caso ter ganhado visibilidade na internet.

Professora destacou os dados alarmantes sofre a homofobia no país (Foto: Reprodução/Facebook)
Professora destacou os dados alarmantes sofre a homofobia no país (Foto: Reprodução/Facebook)

De acordo com as investigações, o caso ocorreu no dia 25. Em meio à greve dos caminhoneiros e à falta de combustível, a professora acionou o aplicativo e estava a caminho na Universidade Federal do Pará (UFPA), quando se iniciou um diálogo com o motorista.

Com a evolução da conversa sobre política, o debate sobre a homossexualidade veio à tona. Enquanto o motorista chamava de “aberração, algo nojento e vergonhoso” casais homoafetivos, a professora rebatia e dizia considerar “simplesmente normal” a homossexualidade.

A professora conta que, ao chegar à UFPA, antes de descer do carro, disse ao motorista: “moço, cuidado, o nome disso aí que o senhor está fazendo é homofobia. Homofobia mata”. Em seguida saiu do carro. Nesse momento o motorista teria abaixado o vidro e gritado palavras de baixo calão a ela. Na sequência, o homem começou a ligar para a professora de um número privado e enviou-lhe uma mensagem com mais ameaças e xingamentos.

'Homofobia mata'
Em um post na sua rede social a professora lembrou que, em 2016, uma pessoa foi morta a cada 25 horas por causa da homofobia. Em 2017 a homofobia matou um brasileiro a cada 19 horas. “Homofobia mata. Eu senti medo. Muito mais pelas minhas filhas. Imaginei elas num táxi com as namoradas e um cara desse prestando serviço, o que não será capaz de fazer”, disse a mãe que tem duas filhas homossexuais.


“Precisei de um fim de semana pra digerir essa barbaridade. E ainda não digeri. Nunca vou digerir algo assim”, desabafou a professora. O G1 entrou em contato com o motorista, mas ele não quis falar sobre o assunto.

Eduardo Benington, membro do Grupo Homossexual do Pará, diz que já ouviu casos parecidos e até de motoristas de aplicativos que violentaram mulheres lésbicas praticando estupro "corretivo" (crime que atinge mulheres lésbicas, bissexuais e homens trans, em que o abusador quer "corrigir" a orientação sexual ou o gênero da vítima).

“No Pará, especificamente, eu não tinha visto ainda. Esses aplicativos não tomam as devidas providências em relação aos seus associados e eles ficam impunes. A pessoa se associa a um aplicativo e a empresa não se responsabiliza”, diz.

“Essas pessoas são retrógradas e agressivas. Às vezes, nós, da comunidade LGBTQI, não sabemos utilizar a ferramenta de mobilização. A empresa deveria sofrer um boicote até a empresa se manifestar de forma oficial. Anos atrás, a Cooperdoca espancou uma travesti e a comunidade continua usando o serviço da cooperativa. É uma postura política se mostrar contra as empresas que se colocam contra a gente”, avalia.

Em nota ao G1, a 99 confirmou que o caso aconteceu na tarde de sexta-feira (25) em Belém, e que o condutor foi banido do aplicativo. A empresa disse que repudia a homofobia e qualquer tipo de preconceito, que lamenta profundamente o ocorrido e que se solidariza com a passageira. “Estamos em contato com ela para prestar todo o apoio possível. Além disso, nos encontramos abertos para colaborar com as autoridades. A 99 possui uma equipe de segurança com mais de 30 pessoas que trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana, dedicada exclusivamente à proteção dos usuários”, diz a nota.

Fonte: G1

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