quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Venezuelanos queimados em incêndio criminoso seguem internados em RR

Imagem mostra pai e filha semanas antes do incêndio. Eles vivem com outros 11 venezuelanos em uma casa cedida no bairro Mecejana, zona Oeste de Boa Vista (Foto: Arquivo Pessoal)Seguem internadas nesta quarta-feira (14) duas das cinco vítimas de dois incêndios criminosos a casas de venezuelanos em Boa Vista. Pai e filha, uma menina de 3 anos, não têm previsão de receber alta médica. O suspeito dos ataques, o guianense Gordon Fowler, de 42 anos, está preso.

O incêndio à casa deles e de outros 11 imigrantes ocorreu na madrugada da quinta-feira (8), três dias depois de um outro imóvel onde vivem 31 venezuelanos também ter sido atacado.

Desde a madrugada do incêndio, os dois estão internados. O pai teve 36% do corpo queimado e está no Hospital Geral de Roraima. A menina, que ficou em estado grave, segue no Hospital da Criança Santo Antônio. As duas unidades ficam em Boa Vista.

Ao ser detido, na noite de sábado (10), o guianense suspeito dos ataques confirmou ser o autor dos dois incêndios. Fowler afirmou em depoimento que não se arrependia do que fez, mas disse que só tinha a intenção de queimar homens venezuelanos. Ele está preso na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

Incêndio na casa onde pai e filha vivem atingiu quarto e destruiu colchões, roupas e móveis. (Foto: Alan Chaves/G1 RR/Arquivo)
Incêndio na casa onde pai e filha vivem atingiu quarto e destruiu colchões, roupas e móveis. (Foto: Alan Chaves/G1 RR/Arquivo)

De acordo Cristiano Camapum, delegado do caso, o suspeito, que agiu sozinho, admitiu também que foi motivado por raiva contra os imigrantes. Ele disse que teve uma bicicleta roubada e que foi agredido por venezuelanos.


"Ele criou uma aversão geral aos venezuelanos. Na cabeça dele podemos falar que de certa forma os atos tiveram, sim, traços de xenofobia", relatou o delegado que disse acreditar que o guianense é piromaníaco.

O guianense está irregular no Brasil mas, segundo o delegado, não deve ser deportado em razão dos crimes pelos quais agora responde.

Ataques a residências
Foram dois ataques a casas de imigrantes venezuelanos em três dias. Ambas residências ficam no bairro Mecejana, na zona Oeste da cidade. Ao todo, cinco pessoas se feriram nos incêndios, mas duas - pai e filha que seguem internados - foram os que se machucaram com maior gravidade.

O primeiro ataque ocorreu na madrugada de segunda (5) e uma mulher de 24 anos foi atingida pelas chamas enquanto dormia em uma rede na varanda de casa. Um homem também se machucou. Ao todo, 31 imigrantes moram nessa casa.

O segundo ataque foi na terça (8) quando a menina e o pai dela ficaram feridos após os suspeito atear fogo no quarto onde as vítimas dormiam. A mãe da criança também se feriu, mas já recebeu alta. Nessa residência vivem 13 pessoas.

Venezuelanos em Roraima
Desde 2015, milhares de venezuelanos tem migrado para Roraima em busca de qualidade de vida. No estado, eles reclamam da crise no país vizinho, falta de comida, medicamento, emprego e segurança. Já são 40 mil só na capital, segundo a prefeitura de Boa Vista.

Quatro abrigos para imigrantes foram criados em Roraima para receber venezuelanos em dificuldades, mas muitos vivem nas ruas ou dividindo casas alugadas.

Na capital, Boa Vista, centenas de imigrantes são vistos nas ruas da cidade, praças e avenidas pedindo comida e emprego. Eles também fazem fila todos os dias em frente a sede da Polícia Federal para conseguir o visto de permanência no país.


Na última segunda-feira (12), o presidente Michel Temer esteve no estado e anunciou uma série de medidas para lidar com o intenso fluxo migratório de venezuelanos viajando para Roraima. Na semana anterior, ministros também estiveram no estado para discutir soluções para a questão.

Fonte: G1

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