sexta-feira, novembro 03, 2017

Sob pressão, COB recebe propostas de mudanças no estatuto

As mudanças no esporte do país após a saída de cena de Carlos Arthur Nuzman, em outubro, passam por reuniões semanais no Comitê Olímpico do Brasil (COB). São os encontros de uma comissão para reformar o estatuto da entidade. Presidida pelo representante dos atletas, o ex-judoca Tiago Camilo, dela fazem parte os presidentes das confederações brasileiras de vela, Marco Aurélio de Sá; de esgrima, Ricardo Machado; e de atletismo, José Antônio Martins Fernandes.
A pressão pelo novo estatuto é grande. O COB ainda está parcialmente suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Já pode participar de encontros internacionais, mas uma verba de cerca de R$ 7 milhões está retida. Nesta quarta, a comissão ouviu sugestões de representantes da sociedade civil, duas associações sem fins lucrativos que buscam desenvolver o país através do esporte: a "Atletas Pelo Brasil", presidida pelo ex-jogador de futebol Raí, e a "Sou do Esporte", liderada por Fabiana Bentes. Na mesa, pedidos para dar aos atletas maior poder de decisão, um controle melhor da distribuição do dinheiro público e a abertura para a candidatura para a presidência do COB. Movimentos que seriam fundamentais para resgatar a reputação da entidade que controla o esporte olímpico no país.

Assembléia Extraordinária Geral do COB (Foto: Gabriel Fricke)
Assembléia Extraordinária Geral do COB (Foto: Gabriel Fricke)

A proposta de abrir a votação para presidente do COB para todos os atletas, tal como uma "Diretas Já", foi adiada neste primeiro momento dada a dificuldade de logística. Mas esta e qualquer outra mudança poderia ser prevista através de outra recomendação: a possibilidade de mudar o estatuto a cada dois anos.
- Não seria um estatuto para o resto da vida, como ficou com o Nuzman por 20 anos. Ele já vem com previsão de análise para sofrer mudanças. É um pontapé inicial. Estou esperançosa. O momento agora não é bater mais no Comitê. Estamos dando um voto de confiança - disse Fabiana.
Segundo a presidente da "Sou do Esporte", as sugestões foram bem recebidas, mas ainda precisam ser aprovadas pela comissão. A resposta virá na próxima semana. A versão do estatuto será apresentada às associações, que podem aprovar ou pedir novas mudanças, a serem acatadas ou não. O documento precisa ser aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) antes de ser votado na próxima assembleia do COB, no dia 22 de novembro.

Sou do Esporte - encontro no COB (Foto: Reprodução Facebook)
Sou do Esporte - encontro no COB (Foto: Reprodução Facebook)

Abertura para presidência do COB aprovada
Dentre as propostas de mudança no estatuto do COB estão a possibilidade dos atletas terem o poder de obstruírem votações em assembleias; a criação de um comitê independente para controlar a distribuição dos recursos públicos para as confederações; e maior participação feminina entre as lideranças da entidade. A abertura para concorrer à presidência da entidade já está aprovada. Atualmente isso só é possível com o apoio de dez entre as cerca de 30 confederações e com apresentação da chapa oito meses antes do pleito, o que ajudou Nuzman a ficar 22 anos no poder. Com a mudança qualquer pessoa que tenha três indicações na assembleia, com mais de 18 anos e sem ficha suja, poderá se candidatar.
Substituto de Nuzman na presidência do COB e com mandato até 2020, com direito a uma reeleição, Paulo Wanderley Teixeira também aguarda a mudança do estatuto para saber como o novo vice será escolhido. Ele não faz parte da comissão de revisão do estatuto, e por isso não participa das reuniões. Mas foi abordado por Fabiana antes do encontro desta quarta.
- Falamos que este é um momento único, que ele poderia deixar um legado. A posição dele é supostamente positiva. Não acho que ele vai se arriscar porque a pressão é grande. Se o COB atender às expectativas vamos ajudá-los a se fortalecer - disse.

Fonte: Globo Esporte

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