sexta-feira, novembro 10, 2017

Com 30 casos em nove dias, cidade no interior de Roraima vive surto de malária

Hospital Irmã Aquilina  é o único da sede do município responsável pela análise e diagnóstico da malária em Caracaraí (Foto: Alan Chaves/G1 RR)O mês de novembro precisou de apenas nove dias para que fossem registrados 30 novos casos de malária em Caracaraí, no Sul de Roraima. Com isso, sobe para 763 ocorrências em todo o ano. Os dados são do Hospital Irmã Aquilina, o maior do município, e dão dimensão do surto da doença na cidade.
Devido ao número de moradores em busca do diagnóstico para malária, subiu de oito para quase trinta a quantidade de coletas para exames por dia no hospital.
Só na quarta (8) e quinta-feira (9), onze pessoas receberam o resultado positivo para malária.
Ao G1, Lucineide Pinheiro, diretora do hospital de Caracaraí, disse que o número de casos pode ter relação com o final do inverno, que é a época chuvosa na região Norte, já que nesse período há maior incidência da doença.
Outro problema apontado pela gestora é a falta de veículos para aplicar o inseticida, conhecido como ‘fumacê’.
"Essa informação [de que falta fumacê] foi repassada pelo próprio setor de endemias do município. Infelizmente, foi uma ação descontinuada", disse.
Na última semana a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) enviou uma equipe técnica para iniciar um plano de ação de controle da malária em Caracaraí no período de 30 de outubro a 3 de novembro.
"Com o trabalho que vem sendo feito, até dezembro a situação deve melhorar", explicou a diretora.
Surto assusta moradores
Na cidade, moradores ouvidos pelo G1 relataram dificuldade para enfrentar a doença. Sara Vieira, de 23 anos, está grávida e no último dia 3 descobriu que contraiu malária. Ela conta que tem uma gravidez de risco e teve de ficar internada no hospital.
"Iniciei o tratamento logo em seguida e já estou melhorando, mas no começo foi muito difícil. Senti muitas dores, febre e perdi até o apetite", Sara Vieira, gestante

A dona de casa Sara Vieira internada no Hospital Irmã Aquilina nesta quinta-feira (9) (Foto: Alan Chaves/G1 RR)
A dona de casa Sara Vieira internada no Hospital Irmã Aquilina nesta quinta-feira (9) (Foto: Alan Chaves/G1 RR)

Agamenon Ferreira, 65, é pescador aposentado e também contraiu a doença na última semana.
"Eu terminei meu tratamento no sábado (4) e já estou melhor. A minha última malária foi há mais de 20 anos e nunca tinha visto tantos casos assim. Aqui na minha rua muita gente ficou doente", disse.

Agamenon terminou o tratamento no último sábado (4) e contou que nunca viu tantos casos da doença em Caracarai (Foto: Alan Chaves/G1 RR)
Agamenon terminou o tratamento no último sábado (4) e contou que nunca viu tantos casos da doença em Caracarai (Foto: Alan Chaves/G1 RR)

O pescador mora em em Vista Alegre, um vila distante 10 km de Caracaraí. Apenas na localidade, 34 moradores adquiriram a doença nos últimos 3 meses.
Procura pelo diagnóstico

Amostras de sangue são analisadas todos os dias no Hospital Irmã Aquilina, em Caracaraí (Foto: Alan Chaves/G1 RR)
Amostras de sangue são analisadas todos os dias no Hospital Irmã Aquilina, em Caracaraí (Foto: Alan Chaves/G1 RR)

Com o aumento de notificações da doença na região, subiu também o número de pessoas que vão até o setor de análises do Hospital Irmã Aquilina para fazer exame da malária.
Somente na quinta-feira, quatro novos casos foram confirmados. De acordo com a microscopista Maria Pinho, o resultado é rápido e costuma sair em até 2 horas.
“Nesses últimos meses está sendo bastante corrido pra analisar todo o material. No ano passado a procura pelo exame foi bem menor”, afirmou.
Além do hospital, o município conta ainda com três postos de saúde distribuídos nos bairros Nossa Senhora do Livramento, Centro e São Jorge.

A microscopista do Hospital Irmã Aquilina, Maria Pinho, analisa lâminas com amostras de sangue (Foto: Alan Chaves/G1 RR)
A microscopista do Hospital Irmã Aquilina, Maria Pinho, analisa lâminas com amostras de sangue (Foto: Alan Chaves/G1 RR)

Doença e prevenção
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, cujos agentes etiológicos são protozoários transmitidos por vetores.
Na maior parte dos casos a malária é transmitida através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Outras formas de contaminação podem ocorrer por transfusão de sangue, da mãe para o feto ou uso de seringas contaminadas.

Medicamentos utilizados no tratamento da doença estão disponíveis no hospital de Caracaraí (Foto: Alan Chaves/G1 RR)
Medicamentos utilizados no tratamento da doença estão disponíveis no hospital de Caracaraí (Foto: Alan Chaves/G1 RR)

Os sintomas causados pela doença são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações clínicas, têm náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.
Os métodos mais eficazes de prevenção individual são o uso de mosquiteiros, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas, uso de repelentes.

Fonte: G1

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