terça-feira, julho 25, 2017

“Vai dar mer**”, eu ouvi da boca do prefeito”, diz investigado na Operação Cidade Luz

Um diálogo interceptado entre dois investigados da Operação Luz expõe o nível de alerta a que a corrupção havia chegado na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Na conversa, os investigados falam que o esquema ‘vai dar merda’, ao que um deles afirma que ouviu ‘da boca do prefeito’.

A conversa é de 21 de fevereiro deste ano. Nessa época, o titular da Semsur era Jerônimo Melo, apontado na conversa acima referida como alguém que “tem uma fome de Raniere multiplicada por dois”.

Em entrevista coletiva nessa segunda-feira, promotores do Ministério Público afirmaram que não há evidências de que o prefeito participou do esquema.

Nesta terça-feira, a reportagem confirmou informação de bastidor de que o prefeito foi avisado do esquema na Semsur. Procurada, a assessoria de prefeito disse que não comentará informações em off.

Conversa

O diálogo em questão foi travado entre Antônio Fernandes e Valério Max de Freitas. O primeiro esteve no comando da Semsur até o final do ano passado, quando foi substituído por Jerônimo Melo. O segundo era chefe do Departamento de Operações.

Na conversa, eles tratam de propinas ‘remanescentes’, que ficaram em aberto após terem saído da Semsur e que deveriam ser pagar pelos empresários Allan Emannuel e Felipe Gonçalves. E passam a reclamar da exclusão que Jerônimo Melo, que tinha assumido a pasta em janeiro deste ano, tem imputado a ambos:

ANTÔNIO FERNANDES: Assim, bicho, o que mais me magoou me decepcionou é a consideração da amizade, nem isso pra conversar, ei bicho, aconteceu um imprevisto, nem isso cara.

VALÉRIO: Eu sei que na verdade, o homem [JERÔNIMO] tem uma fome de RANIERE multiplicada por dois, isso aí eu já fiquei sabendo.

ANTÔNIO FERNANDES: E vai dar merda bicho, e vai dar merda, e vou ficar na minha que vai dar merda pra eles, está entendendo? Pra eles.

VALÉRIO: Uma merda do caralho.

ANTÔNIO FERNANDES: É, meu amigo, escutei boca do prefeito, foi de ninguém não, mas deixe, não estou nem aí mais, vê se ele quer conversar comigo, se ele não quiser
conversar comigo, beleza.

Em outra conversa, dessa vez entre os investigados Antônio Fernandes e Kelly Patrícia, a citação ao prefeito volta ao contexto de que ele estava sendo alertado.

O diálogo ocorreu em 10 de fevereiro deste ano:

KELLY: ” Aí ANTÔNIO, ele pensa que eu não sei, sabe? Das coisas que tão acontecendo, de tudo”.

ANTÔNIO: ” Deixa ele [JERÔNIOMO] pensar, deixa ele pensar”.

KELLY: ” Não, eu também não quero que ele saiba que eu não sei não, que DANIEL tá falando com o povo, que ELE tá fazendo os acordos, sabe? Pelo menos eu sei que você fazia, mas eu sei que poderia acontecer isso, desde que fosse com o aval de alguém, entendeu?”

ANTÔNIO: ” Hanram”.

KELLY: ” Dele eu fico com medo, porque é eu que assino aqui, né? Meu amigo…(riso)”.

ANTÔNIO: ” Ah, não, isso aí não tenha medo não. Agora assim, o que falou pro prefeito deve ter falado que é o povo de RANIERE, que é as coisas de RANIERE, não sei o quê. Mas, paciência, eu tô muito zen, sabe? Entregando a Deus”.

Disputa

Desde que perdeu o comando da Semsur, Raniere Barbosa ainda conseguiu manter pessoas na pasta. A ascendência de Jerônimo de Melo, no entanto, causou disputa entre os dois grupo, já que Melo era indicação direta de Carlos Eduardo.

A disputa fica evidenciada em um diálogo interceptado a partir do terminal de Jerônimo Melo, que se queixa de que estão plantando notícias na mídia contra ele. Na visão do então secretário da Semsur, a manobra tinha as digitais de Raniere Barbosa.

Carlos Eduardo Alves removeu Jerônimo Melo da Semsur em maio, cinco meses após tê-lo colocado no comando da pasta. Quando foi preso, nessa segunda, Melo desempenhava funções burocráticas na chefia da Secretaria de Governo.

A assessoria do prefeito ainda não se manifestou sobre as citações ao nome do prefeito na peça da Operação Luz.

Fonte: Portal no Ar

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