terça-feira, fevereiro 07, 2017

Universitária transexual é achada morta nua; polícia apura se ela foi vítima de transfobia

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A Polícia Civil investiga se a transexual Ágatha Mont, encontrada morta na madrugada de sábado (4), em Itapevi, Grande São Paulo, foi vítima de transfobia. O corpo da universitária de 26 anos
foi enterrado na manhã desta segunda-feira (7) no cemitério da mesma cidade onde ela morava com a família.
O caso foi registrado na Delegacia de Itapevi inicialmente como "homicídio simples de autoria desconhecida". Mas a investigação ainda aguarda o resultado do laudo necroscópico do Instituto Médico-Legal (IML) de Osasco para se determinar a causa da morte e confirmar se ela realmente foi assassinada.
A suspeita é que Ágatha possa ter sido asfixiada. Uma pessoa acionou a Guarda Civil Municipal (GCM) de Itapevi, que achou a estudante nua, com um vestido em volta do pescoço, na Rua Serra dos Gradaus, Jardim Rosimery. Não foram encontradas marcas de tiros nem de facadas.
Em entrevista ao G1, o delegado-titular Marcos Antonio Manfrin afirmou que há indícios de que Ágatha foi assassinada porque o cadáver estava com ferimentos no rosto e nos braços. Ele completou que investiga se ela foi vítima de crime de ódio, como transfobia, pelo fato dela ser transexual.
“Em princípio, o caso está sendo tratado como homicídio. O fato de estar nua, sem documentos e as marcas no corpo, sangramento no queixo e braços, mostram que ela pode ter sido agredida”, disse Manfrin. “Uma das linhas de investigação é se ela foi vítima de transfobia. Vamos levantar se ela recebia ameaças, saber com quem se relacionava.”
O delegado afirmou que aguarda exame toxicológico para saber se a vítima consumiu alguma droga.

Vestido no pescoço

Amiga da vítima, Glaciene Oliveira contou à reportagem que Ágatha trabalhava como garota de programa nas ruas de Itapevi para poder pagar a faculdade de artes visuais que cursava no Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), na Liberdade, região Central de São Paulo. “Para mim, ela pode ter sido morta por um cliente ou até mesmo por outra transexual, numa briga pelo ponto, talvez”, disse.
Policiais civis iriam nesta tarde nas ruas em torno do local onde a universitária foi encontrada à procura de câmeras de segurança que possam ter gravado o momento em que Ágatha caiu no meio fio. Essa região fica a cerca de 2 quilômetros de distância de um ponto de prostituição na cidade.
Foi a Guarda Civil Municipal quem achou o corpo, que estava sem documentos. “Estávamos em patrulhamento eu e o guarda Jean Ricardo pela cidade e fomos acionados por um popular sobre uma mulher, a princípio, sem roupa, caída na rua. Chegando lá, acionamos o Samu, que constatou o óbito no local”, disse o subinspetor Fabio Morshbacher. “Eu acho que o corpo foi desovado ali, com o vestido enrolado no pescoço.”


Ágatha era estudante de arte na faculdade FMU em São Paulo (Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal/Facebook)Ágatha era estudante de arte na faculdade FMU em São Paulo (Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal/Facebook)
Ágatha era estudante de arte na faculdade FMU em São Paulo (Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal/Facebook)

'Infarto do miocárdio'
A polícia, no entanto, ainda aguarda o laudo do IML com a causa da morte para confirmar que Ágatha foi mesmo assassinada. O resultado deve ser concluído e levado a conhecimento dos investigadores em até uma semana.
De acordo com a declaração de óbito de Ágatha, fornecida à família para que ela fosse enterrada, a morte dela se deu por causa de "infarto do miocárdio". Policiais querem saber agora o que causou essa parada cardíaca. Uma suspeita é que alguém a tenha despido e usado o seu vestido para asfixiá-la.
Apesar de investigar se ela foi vítima de assassinato, a possibilidade de a transexual ter tido uma morte natural também não é descartada pela investigação. O irmão dela afirmou que ele e seus pais não acreditam que a jovem teve um mal súbito. Eles suspeitam que ela foi morta por alguém que odeia transexuais.


Ágatha estudava arte na faculdade (Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal/Facebook)Ágatha estudava arte na faculdade (Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal/Facebook)
Ágatha estudava arte na faculdade (Foto: Reprodução/Divulgação/Arquivo pessoal/Facebook)

“Para mim foi um assassinato e acho que foi motivado por preconceito. Acho que foi crime de transfobia porque ele era transexual e já tinha sido vítima de preconceito no passado”, afirmou Arthur Rodrigues, que desconhecia a informação da amiga de Ágatha, de que a transexual se prostituía. 

Segundo ele, a universitária estava desaparecida desde sexta-feira (3), quando saiu de casa e esqueceu o celular. Foi Arthur quem reconheceu o corpo da irmã na segunda-feira (6), no IML de Osasco.
Ágatha ainda não havia conseguido adotar o nome social na identidade. Ela nasceu como Evandro Rodrigues Cardoso Silva. "Mas sempre aceitamos do jeito dele", disse o irmão.
Em novembro de 2016, a reportagem publicou reportagem na qual Ágatha foi vítima de preconceito ao ler na porta do banheiro feminino da faculdade que estudava: “Respeite o espaço das mulheres. Macho de saia, não”.
À época, a FMU informou que repudiava os dizeres e iria apurar o caso para identificar e punir o autor que ofendeu Ágatha. Apesar disso, a assessoria de imprensa da faculdade se negou nesta tarde a confirmar ao G1 se ela continuava sendo aluna do curso de artes, mesmo tendo sido informada pela reportagem de que ela morreu.
"Era uma pessoa incrivel. Um dos sonhos dela era fazer essa graduação, infelizmente não pôde concluir", disse sua amiga de classe, a estudante Bruna Maria. Ela afirmou ao G1 que Ágatha estava matriculada para o último semestre do curso. "Sentiremos muita a falta dela na faculdade, ela era a luz da classe."

Em novembro, o G1 publicou matéria na qual Ágatha havia sido vítima de preconceito no banheiro feminino da faculdade FMU (Foto: Arquivo pessoal/Ágtha Mont)Em novembro, o G1 publicou matéria na qual Ágatha havia sido vítima de preconceito no banheiro feminino da faculdade FMU (Foto: Arquivo pessoal/Ágtha Mont)
Em novembro, o G1 publicou matéria na qual Ágatha havia sido vítima de preconceito no banheiro feminino da faculdade FMU (Foto: Arquivo pessoal/Ágtha Mont)

Fonte: G1

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