sábado, fevereiro 04, 2017

Para diretor de Alcaçuz, novo confronto entre facções é impossível

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Para o diretor de Alcaçuz, Ivo Freire, não existe possibilidade de outro confronto na penitenciária. O controle da unidade foi retomado na última sexta-feira (27), com intervenção de agentes da Força
Tarefa de Intervenção Penitenciária, depois de duas semanas de rebeliões e confrontos entre facções rivais. “Hoje, em Alcaçuz, todos os apenados estão dentro dos pavilhões”, disse em entrevista à Inter TV Cabugi veiculada nesta sexta-feira (3).
Na noite do sábado (14) e madrugada do domingo (15), um massacre chefiado por uma facção criminosa deixou pelo menos 26 mortos. A prisão passou a noite às escuras, porque a energia elétrica havia sido cortada. Do lado de fora, ouviam-se os pedidos de socorro de alguns detentos. Foi na manhã do domingo que policiais militares entraram na unidade e controlaram, de princípio, a rebelião.
“Por que a gente não entrou no sábado? Porque a crise já se instaurou pela noite, então existia um risco para a tropa e inclusive para os apenados”, explica Ivo. “Estava tudo escuro aqui, os detentos danificaram a parte elétrica. Não é que tenha demorado em si. Pela questão da superlotação de Alcaçuz e também dos danos causados ao [presídio] Rogério Coutinho, não tinha ainda como contê-los dentro das celas ou separar.”
Desde o dia 21, uma barreira provisória de contêineres separa os pavilhões 1, 2 e 3 (ocupados pelo Sindicato do RN) dos pavilhões 4 e 5 (dominados pelo PCC) até que um muro de concreto seja construído. “Em relação às facções, depois dessa parte dos contêineres e da colocação do muro nos próximos dias, vamos minimizar, creio, essa questão do confronto”, opina o diretor de Alcaçuz.

Choque anunciado
“A gente já estava monitorando um possível confronto, já estávamos preocupados pelos fatos que ocorreram em outros estados. A gente não esperava que essa ação deles aconteceria naquele momento”, conta Ivo. Segundo ele, na semana seguinte ao começo da rebelião, uma parede de contenção seria construída entre Alcaçuz e o Rogério Coutinho, o chamado Pavilhão 5, de onde saíram os membros do PCC que comandaram a chacina.
Contagem dos presos
Segundo o diretor de Alcaçuz, todos os presos que não responderam à chamada, mas cuja fuga não havia sido confirmada, já foram encontrados. “No decorrer desses dias, vários presos saíram de progressão de regime semiaberto, outros com alvará, outros partiram para o lado de lá, do Rogério Coutinho. Todos esses que estavam faltando a gente já achou, no sentido se saber para onde foram”, esclarece.
Apesar disso, Ivo não descarta a possibilidade de haver mais corpos escondidos na penitenciária. “Realizamos algumas revistas e buscas em torno do presídio, junto com o Itep e com a Polícia Civil. Identificamos mais vestígios de corpos, mas nenhum corpo a mais. Seriam pedaços de alguns que já estariam no sistema do Itep”, relata. Só com o tempo para a gente saber se realmente existe algum outro corpo ou não. Não posso dar 100% de certeza que não existem mais.”
Armas de fogo
Seis armas de fogo e três espingardas calibre 12 de fabricação artesanal foram encontradas em Alcaçuz. Segundo o diretor, não há indício de que as armas já estavam no presídio antes da rebelião, mas isso está sendo investigado. “O que a gente apurou é que no decorrer da rebelião as armas de fogo foram entrando, e eles foram confeccionando armas caseiras”, explica.
'Círculo vicioso'
Para Ivo Freire, o Estado precisa de uma nova estratégia para o sistema penitenciário. “Temos que trabalhar esse apenado quando ele sair daqui. A gente viu o que aconteceu aqui em Alcaçuz, nos outros estados, vai ser um círculo vicioso. A gente tem que repensar essa forma de punição. O apenado deve ser punido aqui, mas também ele tem que ser inserido na sociedade de outra forma”, conclui.

Fonte: G1

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