quarta-feira, janeiro 04, 2017

Polícia do RJ investiga morte de paciente que caiu de janela de hospital

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A morte de um paciente no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio, é alvo de um inquérito policial. Luiz Antônio dos Santos, de 53 anos, foi internado
na unidade com suspeita de infarto e acabou morto após cair da janela do terceiro andar do hospital. A família alega negligência da equipe médica. O caso foi registrado pela polícia como homicídio culposo.
Luiz Antônio deu entrada na emergência do hospital no fim da noite de 27 de dezembro, terça-feira. Na noite seguinte, foi providenciada a internação dele. Já na quinta-feira (29) ele foi transferido para o CTI. No sábado, a família foi informada que ele morreu após se jogar da janela do CTI.
Um dos filhos da vítima, o segurança Luiz Fernando Francisco dos Santos, de 25 anos, contou que a família ficou estarrecida com o ocorrido. “Na quinta eu fui visitá-lo e ele estava normal. Os enfermeiros falaram que a noite ele surtou, dizendo que queria ir embora, e tentou fugir pela janela”, contou.
Pouco depois da visita do filho, na quinta à noite, Luiz Antônio foi transferido para o CTI. A família ficou sabendo da transferência após ligar para um telefone celular que deixaram com ele no hospital.
“Ligamos várias vezes e meu pai não atendeu. Depois, uma enfermeira atendeu, falando que ele estava no CTI e que não podia ficar com os pertences lá. Ela garantiu que ele estava bem e nós ficamos tranquilos”, contou a balconista Girlane Francisco dos Santos, de 21 anos.
Por volta do meio dia de sexta-feira, porém, o hospital ligou para a família do paciente pedindo que algum familiar comparecesse na unidade. Segundo Girlane, na ligação não foi informado o motivo.

Foto feita pela família de Luiz Antônio mostra que janelas do hospital não têm grades (Foto: Arquivo Pessoal)Foto feita pela família de Luiz Antônio mostra que janelas do hospital não têm grades (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto feita pela família de Luiz Antônio mostra que janelas do hospital não têm grades (Foto: Arquivo Pessoal)

“Quando chegamos lá levaram a gente para uma sala com médico, enfermeiro, psicólogo, um tanto de gente. Contaram que, de manhã, meu pai tentou fugir duas vezes pela porta, mas os seguranças impediram. A psicóloga disse que conversou com ele, que ele estava muito agitado, falando que queria ir embora pra casa. Ela disse que depois um enfermeiro foi buscá-lo para fazer mais um eletro e ele surtou, dizendo ‘vocês vão me matar’. Enfermeiro saiu e trancou a porta”, relatou Girlane.

Foi depois de supostamente ter sido trancado no leito que Luiz Antônio tentou fugir pela janela. “Os pacientes disseram que ele ficou gritando por socorro, pendurado do lado de fora da janela tentando voltar para o quarto, mas não teve força, até que ele caiu sem ninguém socorrer. A gente acredita que ele pensou que ainda estivesse no primeiro andar, da emergência, e só percebeu a altura depois de sair”, destacou Girlane.
A filha de Luiz Antônio afirma que a equipe do hospital não permitiu que a família visse o paciente após a queda. “Não deixaram os filhos vê-los, alegando que ele estava sendo submetido a vários exames e estava em coma induzido”.
No fim da tarde, em uma nova ligação, pediram que a família levasse ao hospital um documento com foto. Foi então que comunicaram o óbito.
“A gente acha que ele não caiu na sexta-feira, mas na quinta e eles mentiram. Quando eu vi ele no necrotério, ele já estava muito inchado, dentro da geladeira. Eu cheguei lá às 17h e eles falaram que ele tinha morrido às 16h. Não era para o corpo dele estar assim”, sugeriu Girlane.
No atestado de óbito consta que Luiz Antônio sofreu “traumatismo fechado de pelve com lesão vascular e hemorrágica”. À família, foi negado acesso ao prontuário médico, segundo Girlane. 

No registro de ocorrência policial feito pelo diretor técnico do hospital, Paulo Ricardo Lopes da Costa, não há detalhes sobre as circunstâncias da morte. O diretor disse apenas que a coordenação de enfermagem da emergência comunicou que o paciente que estava no 3º andar "havia se jogado pela janela".
Luiz Antônio foi enterrado na tarde de domingo no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária. Ele deixou oito filhos e seis netos.
“Conversei com um advogado criminalista e ele disse que isso foi um crime, que o hospital é responsável pelo paciente. Nem grade tem nas janelas. E se ele estava em surto, por que não sedaram ele, não amarraram ele na cama, não chamaram a família? Se a gente tivesse ido lá isso não tinha acontecido”, reclamou o filho Luiz Fernando.
Ainda segundo o filho Luiz Fernando, a família vai registrar queixa na polícia contra o hospital e cobrar judicialmente a responsabilização da equipe pela morte do pai.
Segundo informações da 22ª DP (Penha), foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de Luiz Antônio dos Santos. Imagens do circuito de segurança foram requisitadas.
A direção do Hospital Estadual Getúlio Vargas informou que lamenta o ocorrido com o paciente Luiz Antônio dos Santos no dia 30. Segundo nota enviada pela direção, "imediatamente após a queda, a família foi contatada e compareceu à unidade". Ela acrescenta ainda que "os profissionais do hospital prestaram todo o suporte necessário tanto ao paciente, que infelizmente faleceu horas depois, quanto à sua família".
A direção do HEGV afirma ainda que também está colaborando com as investigações das autoridades para esclarecer o episódio.

Fonte: G1

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