segunda-feira, novembro 07, 2016

Corpos encontrados na Grande SP são de jovens desaparecidos, diz ouvidor

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O ouvidor das polícias, Julio César Fernandes Neves, afirmou nesta segunda-feira (7) que há indícios de que os corpos encontrados neste domingo (6) em uma área rural de
Mogi das Cruzes (Grande SP) sejam dos cinco jovens desaparecidos na zona leste de São Paulo.

"Com certeza, são eles. Foi execução, com certeza. Um deles estava sem cabeça. Não se sabe ainda se foi uma decapitação ou algum animal que fez isso depois", afirmou Neves, que ressaltou ainda que exames de raio-x apontaram sinais de disparos de arma.

A certeza dele vem da confirmação da prótese da tíbia de um dos jovens desaparecidos –Caique Henrique Machado, 18. "A mãe disse que Caique tinha essa prótese", disse o ouvidor.

Os corpos achados estavam perto da estrada vicinal do Taquarassu. De acordo com o delegado do 2º DP de Mogi das Cruzes, José Carlos Santos Alvarenga, os corpos estavam enterrados em uma ribanceira, cobertos por terra e cal e apresentavam avançado estado de decomposição.

Os jovens da zona leste de São Paulo estavam desaparecidos desde 21 de outubro, quando iam de carro a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC. Os corpos foram levados na madrugada desta segunda (7) para o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo para que sejam submetidos a exames.

Integrantes da cúpula da polícia afirmam que a confirmação só deve acontecer após os exames de DNA já que os corpos estão em estado avançado de decomposição e, assim, não é possível reconhecer pelos traços do rosto. Segundo o ouvidor, não foi possível nem saber se havia tatuagens.

A Ouvidoria da Polícia acompanha o caso porque há possibilidade de envolvimento de policiais. Um das últimas mensagem enviadas pelos desaparecidos falava em abordagem policial e havia rumores no bairro de que um deles tivesse envolvimento na morte de um policial militar.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse que a possibilidade de participação de policiais no crime vai ser apurada. Isso porque foram encontrados estojos de arma calibre.40 –o mesmo usado pela polícia paulista. As afirmações foram dadas durante evento com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta manhã.

Em entrevista anterior, o secretário havia dito que não havia nenhum indício do envolvimento de policiais civis e militares.

Segundo Neves, um dos jovens estava com os pulsos amarrados com algemas plásticas e todos receberam vários tiros. Um dos corpos encontrados sem cabeça estava com uma fralda geriátrica e havia sinais de cirurgia na coluna. Isso reforça a suspeita de que sejam dos jovens desaparecidos, já que um dos cinco rapazes era cadeirante e utilizava fralda. Parte da família do cadeirante Robson de Paula, 16, está no instituto à espera da identificação.

Numa rápida declaração na porta do IML, a família do jovem de 16 anos disse ter certeza de que o corpo encontrado em uma mata de Mogi é o mesmo do cadeirante desaparecido. "É ele", disse a avó Alice Silva. "Só esperamos justiça".

O reconhecimento da avó ocorre, porém, apenas pelas informações repassadas pelos funcionários do instituto. Nenhuma família conseguiu ver o corpo. "Estão dizendo que não há o que ver", disse Cheila Olala, do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).

Segundo a conselheira, o IML descartou o reconhecimento visual para poupar as famílias de imagens fortes. Vão recorrer ao exame de DNA e, por isso, parentes estão retirando o material através de raspagem bucal. As famílias foram orientadas a buscar laudos médicos de cirurgias e atendimentos dentários.

Adriana Moreira, mãe de outro dos jovens desaparecidos (Jonathan Moreira, 18) estava desesperada, ao chegar ao IML. "Ela está chorando porque quer enterrar o filho. Embora não tenha visto o corpo, ela tem certeza de que é o filho", disse o ouvidor Neves.

Irmã de Jones Januário, 30, um dos desaparecidos, Dayane Panela disse que ele tinha problemas de saúde e, por essa razão, não podia dirigir. Antes de serem dados como desaparecidos, os jovens seguiram de carro para uma festa em um sítio em Ribeirão Pires (Grande SP).

De acordo com ela, o Santana 1987 do irmão, o veículo em que os jovens estavam quando deram seu último relato, era usado só para caronas para amigos e familiares. "O erro dele foi ser bom demais. Acabou ajudando e não voltou pra casa", declarou.

A irmã de Jones fez questão de dizer para jornalistas que o irmão não tinha passagem pela polícia, ao contrário do que tem sido falado. "Como tinha passagem se era uma pessoal especial?", afirmou, sem dar mais detalhes.

MISTÉRIO

Cinco jovens da zona leste da cidade de São Paulo, com idades entre 16 e 30 anos, um deles cadeirante, entraram animados num Santana 1987 com a intenção de participar de uma festa com garotas conhecidas em rede social em um sítio de Ribeirão Pires (Grande SP). Misteriosamente, desapareceram no caminho.

O perfil das meninas com quem os jovens se encontrariam também desapareceu da internet. Não é mais certo nem que haveria a festa e que as garotas de fato existiam.

Marlene Bergamo/Folhapress
Amigos saem de cavalo para fazer buscas por jovens desaparecidos em Jardim Rodolfo Pirani, na zona leste de SP
Amigos saem a cavalo para procurar jovens desaparecidos em Jardim Rodolfo Pirani, zona leste de SP

Entre as últimas mensagens enviadas pelo grupo, segundo familiares, está uma que menciona suposta abordagem policial. "Ei, acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia está me esculachando [sic]", disse Jonathan Moreira, 18, um dos desaparecidos, em áudio enviado a amigos.

O sumiço começou a ser investigado três dias após a suposta festa, quando a polícia foi avisada por familiares sobre a localização do Santana 1987. O carro estava abandonado em uma alça do Rodoanel, perto de Ribeirão Pires, mas sem sinais de violência.

De vestígio do grupo, havia apenas as fraldas utilizadas pelo mais jovem dos rapazes, Robson de Paula, 16. Ele passou a usar cadeira de rodas após ser baleado em ação da PM dois anos atrás.

Dos cinco ocupantes do veículo, ao menos dois tinham passagem pela polícia. Só o motorista não participaria da suposta festa. O cozinheiro Jones Januário, 30, foi contratado pelos adolescentes para levá-los e buscá-los no dia seguinte, já que nenhum deles tinha carro. 

Fonte: Folha de São Paulo

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